Adam
Não demorou para que viesse a resposta:
“Sério? Não brinque comigo. Como?”
Adam digitou de volta:
“Não estou brincando. Ele acabou de sair daqui e está furioso.”
Aguardou, observando a tela, até que a próxima mensagem chegou:
“Pensei que ele demoraria mais a perceber minha ausência. Deve ser orgulho ferido, logo ele terá consolo e esquecerá de mim.”
Adam franziu o cenho, balançando a cabeça. Orgulho ferido? Não…, pensou. Ele parecia um homem desesperado para encontrar a mulher… será que…? Mas afastou a ideia rapidamente. Impossível.
Digitou de volta:
“Mesmo assim, faça como combinamos.”
A resposta veio em seguida, com um simples “Ok” e um “Muito obrigada” acompanhado de uma figurinha de coração.
Adam ficou olhando para o celular, pensativo. Respirou fundo e decidiu ligar para Sara.
— Oi, amor. — disse ele, assim que ouviu a voz dela atender, suave e apaixonada.
— Oi, meu amor. — respondeu Sara, sorrindo do outro lado da linha. — Tudo bem? Está tudo certo aí no consultório?
— No consultório, sim. Mas… John esteve aqui agora há pouco. — disse ele, passando a mão pelos cabelos em sinal de preocupação.
— Sério! Já? - A surpresa foi nítida na voz de Sara. - Pensei que ele iria demorar a perceber a falta dela. Como ele estava?
— Furioso. — respondeu Adam, com um meio sorriso. — Por um momento, pensei que ele fosse me bater.
— Meu Deus… — disse Sara, apreensiva. — Fizemos bem em escondê-la. Você acha que ele vai procurá-la mesmo?
— Com certeza. — Adam suspirou. — John não gosta de perder, muito menos de ser enganado. Ele vai querer encontrá-la nem que seja só por orgulho… ou vingança.
Houve um pequeno silêncio antes de Sara perguntar, preocupada:
— E o que você pretende fazer?
Sentiu um aperto doloroso no peito ao ler aquelas palavras simples. Fechou a geladeira com força e respirou fundo.
Dirigiu-se então ao pequeno quarto nos fundos novamente, onde Elizabeth dormia. Parou na porta aberta, apoiando-se no batente, observando em silêncio aquele espaço tão modesto que, por tanto tempo, ele ignorou.
Na época ele pensou que ela jamais aceitaria tal humilhação, imaginava que, cedo ou tarde, exigiria mudar para a suíte principal, mas isso não aconteceu.
Abriu novamente o guarda roupa e olhou para as roupas escuras. Ela nunca pediu nenhum luxo ou comprou outras caras e coloridas. Seus olhos pousaram sobre o vestido azul, o único diferente. Estendeu a mão e o pegou com cuidado, sentindo o tecido sedoso escorrer por seus dedos fortes.
A memória daquele dia veio com violência. O dia em que ela usou aquele vestido para ele, tão radiante, com um sorriso tímido no rosto… e ele a destruiu com gestos violentos e palavras cruéis. Como fui cego…, pensou, sentindo o peito arder.
Passou a mão pelo tecido, sentindo o cheiro suave que ainda permanecia ali. Seus olhos se fecharam, tentando conter a raiva contra si mesmo. Ela suportou tudo isso em silêncio… sem jamais reclamar…
Com um pesar profundo, sentou-se na cama estreita e sentiu o colchão afundar sob seu peso. Deixou-se cair de costas, olhando para o teto sem ver nada. Aquele quarto, tão pequeno e frio, agora parecia um castigo que ele mesmo havia criado para si.
Quando a noite finalmente chegou, John foi para a sala e serviu uma dose generosa de uísque. Sentou-se na poltrona de couro e na penumbra de algumas poucas luzes, bebeu em silêncio. Uma dose, depois outra, e outra.
As horas transcorreram lentamente. O relógio marcava cada segundo com um tique-taque irritante, enquanto a casa permanecia mergulhada em um silêncio implacável e dolorido.
Ele se recostou na poltrona, com o copo vazio pendendo em sua mão, e seus olhos fixos na porta de entrada aguardando o retorno de Elizabeth.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...