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Amargo Contrato de Casamento romance Capítulo 88

John

No escritório, John olhava para a janela, sem ver a paisagem da cidade a seus pés.

Abriu a gaveta e pegou a aliança e a carta amassada. Fitou a aliança grossa por um tempo depois desamassou a carta, leu e releu, dessa vez com mais calma, absorvendo cada palavra.

"John,

Sei que provavelmente você não acreditará em minhas palavras e eu entendo, mas mesmo assim quero que saiba que quando nos casamos eu não tinha conhecimento dos termos do contrato.

Eu o amava tanto e tinha ficado tão feliz em me casar com você que não me importei com mais nada, durante esses três anos alimentei a esperança silenciosa de que meu amor encontraria um lugar no seu coração. Tentei ser uma boa esposa na esperança que você um dia enxergasse meu amor. Mas agora vejo que algumas histórias não foram feitas para se tornarem realidade.

Eu me permiti sonhar… sonhei que um dia poderíamos ser felizes, poderíamos nos amar, poderíamos construir uma família juntos. Criei cenários e imaginei possibilidades, mas a verdade sempre esteve diante de mim: meu amor não era correspondido, ao contrário, eu via em seus olhos apenas desprezo e eu o mereço. Não te culpo, nunca poderia.

Não pedi a separação antes porque sabia o quanto era importante para você se tornar o presidente do Grupo Walker. Agora que o contrato expirou chegou a hora de deixar você ser feliz com a mulher que ama.

Peço o seu perdão por ter sido um empecilho em sua vida, chegou o momento de partir e sairei silenciosamente de sua vida porque não conseguiria te dizer adeus. Nunca quis nada além de seu amor, por isso abro mão de qualquer indenização.

Cuide-se, do fundo do meu coração, seja muito feliz.

Deus o abençoe,

Adeus, Elizabeth"

Enquanto lia, a mente vagava entre a dúvida se o que estava escrito era verdadeiro. Mas cada vez que relia, via sinceridade em cada palavra e um aperto no coração, sem perceber uma lágrima furtiva teimou em sair de seus olhos. Que foi logo afugentada ao perceber a porta abrir.

Guardou a carta e a aliança na gaveta novamente.

Bruce entrou na sala, colocou o café e o prato sobre a mesa. O aroma da comida lhe despertou o apetite, lembrou-se de que não havia comido nada além do café da manhã do dia anterior.

Comeu em silêncio, sob o olhar atento do assistente, que estranhava aquela cena inusitada. O omelete e o café estavam bons, mas não tinha como comparar ao que Elizabeth lhe preparava.

Assim que terminou, Bruce pegou o tablet para atualizar os compromissos do dia, mas antes que dissesse qualquer coisa, John o interrompeu com firmeza:

— Cancele tudo.

Bruce o olhou surpreso.

— Senhor, tive que marcar vários compromissos importantes…

— Cancele — repetiu com a mesma rigidez. — E… preciso que faça algo para mim. De forma discreta.

Bruce assentiu, baixou o tablet e se preparou para as instruções.

John fez uma pausa visivelmente alterado, tilintando os dedos sobre a mesa. Levantou e andou de um lado para o outro visivelmente abalado, como se buscasse força para falar, passava a mão pelos cabelos e o olhar perdido.

Bruce apenas observa o chefe imaginando o que poderia tê-lo abalado tanto.

Por fim, John parou e olhou para Bruce e falou de forma firme com um tom de angústia contida.

— Preciso que descubra onde minha esposa está. — John falou devagar, sem encará-lo. — Acione o Carlson. Use todos os meios e tudo deve ser mantido em sigilo absoluto.

Bruce franziu a testa, surpreso com o pedido, mas não ousou questionar. Após o choque das palavras do chefe ele conseguiu dizer algo.

— Sim, senhor.

— Mande verificar as pessoas com quem falou, lugares por onde passou, câmeras, registros... tudo.

— Entendido. E por onde devemos começar? - Perguntou - Precisamos de um ponto de partida.

John suspirou, o maxilar rígido e a respiração irregular.

— A última vez que foi vista, foi ontem às quatro horas da manhã, ela pegou um táxi em frente de casa e não foi mais vista. — John fez um esforço para manter a calma.

Bruce não acreditava que a esposa de John Walker havia saído de casa e desaparecido.

Conhecia John há anos, mas nunca o vira assim, decomposto, aflito, com os olhos angustiados. Aquela mulher tinha, sem dúvida, rompido algo dentro dele. E, por mais que o chefe tentasse manter o controle, era visível que estava abalado

— Certo. — Disse desconcertado. — Com licença, senhor.

— Não. — Bruce fez uma pausa breve, olhando-o nos olhos. — Ela saiu de casa ontem, por volta das quatro da manhã, e até agora não retornou.

Carlson recostou-se na cadeira, cruzando os braços.

— Pode ser que tenha ido visitar algum parente... ou algo do tipo — sugeriu, ponderando.

— Negativo — respondeu Bruce, categórico. — As informações que tenho até o momento são as seguintes: ela saiu sozinha, entrou em um táxi e não sabemos seu destino. As ordens são levantar tudo. Quero saber para onde ela foi, com quem manteve contato nos últimos dias, qualquer movimento suspeito... absolutamente tudo.

Carlson assentiu.

— Entendido. Acionarei imediatamente a equipe e daremos início à investigação.

— Ótimo. Quero tudo reunido o mais rápido possível. E me mantenha informado a cada avanço.

— Sim, senhor.

— Obrigado e bom trabalho — finalizou Bruce, levantando-se.

Carlson observou-o sair, sem demonstrar reação. Não era seu papel questionar, sua função era cumprir as ordens.

Assim que retornou à sala operacional, colocou-se à frente da equipe. O silêncio que se formou indicava que todos sabiam: a ordem vinha lá de cima. Todos os olhares estavam nele, atentos.

— Senhores — começou, com tom firme —, temos uma missão. Precisamos localizar uma pessoa que desapareceu ontem, por volta das quatro da manhã. O nome é... Elizabeth Walker. Esposa de John Walker.

Os cerca de quinze agentes se entreolharam discretamente, surpresos, mas, treinados como eram, não externaram qualquer comentário.

— Ao trabalho — ordenou.

Em poucos segundos, cada um voltou às suas estações. Telas se acenderam, softwares foram acionados, e a sala encheu-se do som característico dos teclados e dos rádios internos.

Rapidamente rastrearam as imagens das câmeras externas da mansão Walker. Carlson apontou para a tela. Não demorou muito e a imagem de Elizabeth deixando a mansão e entrando no táxi foi vista por todos.

— Muito bem. Esse é nosso ponto de partida.

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