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Amargo Contrato de Casamento romance Capítulo 91

Pamela estava sentada confortavelmente na poltrona, como se estivesse em seu próprio escritório. Assim que John entrou, ela lançou-lhe um sorriso sedutor, como se estivesse em casa.

— John, querido..* — disse com a voz aveludada. — Não seja duro com sua secretária. A pobrezinha até tentou me impedir, mas... ainda não sabe de nada.

O "ainda" foi pronunciado com ênfase, carregado de segundas intenções.

Pamela levantou-se com um andar calculadamente sensual. O vestido justo valorizava cada curva de seu corpo. Aproximou-se, tentando se fazer íntima. John, no entanto, desviou-se antes que ela pudesse tocá-lo.

— O que está fazendo aqui? — perguntou, seco. Pamela era a última pessoa que queria ver.

— Você ignorou minhas ligações... nem respondeu minhas mensagens... — disse ela, assumindo um ar magoado. Mas aquilo não o afetava.

De fato, ele a ignorou propositalmente. Sabia que Pamela havia se mudado para a cidade, mas o projeto imobiliário agora estava nas mãos da equipe de execução. Entre eles, não havia mais nada a tratar. E observando sua aparência, percebeu o quanto a imagem de executiva que ela havia construído parecia ter ficado para trás devido a roupa que usava e o modo sedutor demais, destoante do ambiente profissional.

Ele também sabia dos boatos que circulavam nas redes sociais. Daniel e Marcus o haviam alertado. Mas John nunca foi do tipo que se importava com fofocas.

— Estou ocupado, Pamela. Não temos mais negócios pendentes. Se me der licença, tenho assuntos importantes a resolver — disse, mantendo o tom seco.

Tentou passar, mas ela se colocou diante dele, bloqueando a passagem com o corpo.

— O “assunto importante” seria o seu tão esperado divórcio? — provocou com um brilho malicioso nos olhos, pousando um dedo no peito de John.

Ele recuou instintivamente e a fitou, surpreso.

— Como você sabe disso?

— Sua mãe me contou — disse com um sorriso insinuante. — E eu vim te convidar para comemorarmos. Só nós dois…

As palavras vinham como um convite proibido. Mas, se houvesse algo a comemorar, certamente não seria com Pamela White.

— Não há o que comemorar. Eu não vou me divorciar — declarou firme e com um olhar duro.

Pâmela deu uma pequena vacilada, mas não se abalou. Estava acostumada a ver homens se derretendo por ela. E achava que com John não seria diferente, que ele apenas respeitava seu casamento, mesmo sendo um contrato.

— Não me diga que aquela mulherzinha ridícula e sem graça se recusou a assinar os papéis? — disse com desprezo.

O tom ofensivo mexeu com John.

Elizabeth podia não ter a exuberância fabricada de Pamela, mas era naturalmente bela. Sua elegância discreta o cativava mais do que todo o espetáculo visual que Pamela tentava encenar.

— Na verdade, fui eu quem não quis assinar — declarou, com firmeza. Não era um blefe. O tom demonstrava que a decisão dele era final.

Pamela piscou, visivelmente surpresa.

— Mas sua mãe disse que você mal podia esperar para se livrar dela! Elizabeth está muito abaixo de você!

John respirou fundo, contendo sua irritação. Então sua mãe estava por trás de tudo isso.

— Estão enganadas. Eu não me divorciei. E nem pretendo me divorciar. Agora, se me permite, tenho trabalho a fazer.

Ele sentou-se à sua mesa e a encarou com seriedade. A mensagem era clara: sua presença era indesejada.

— Se está aqui para tratar de negócios em nome do Grupo White, procure minha equipe. Caso contrário, a porta é logo ali.

Pamela o encarou, atônita. Estava sendo rejeitada, algo inédito para ela.

— Você está me descartando? — perguntou, incrédula.

John apenas assentiu com a cabeça e o olhar gelado. Não havia espaço para dúvidas.

Ela forçou um sorriso, tentando manter a compostura. Sabia da fama dele “o homem de gelo” e sempre achou que seria a mulher capaz de derretê-lo.

— Vou fingir que você só está tendo um péssimo dia. — Disfarçou a raiva com ironia. — Quando estiver melhor, e finalmente se livrar daquela simplória, me liga. Vai ser um prazer te fazer companhia.

— Não espere uma ligação minha, Pamela — respondeu John, impassível.

Pamela ergueu o queixo, mantendo a pose. Mas seus olhos ardiam de frustração.

— Não diga “nunca”, John. Você gostava da minha companhia... nas noites da universidade, lembra? Eu sempre soube como te fazer feliz… — disse com um sorrisinho carregado de segundas intenções. — Bem, vou indo. Até logo, querido.

John não respondeu. Apenas observou enquanto ela saía.

Assim que a porta se fechou, recostou-se na cadeira, pensativo. Por tanto tempo acusara Elizabeth de ser falsa, uma atriz. Mas agora, olhando para Pamela, compreendia finalmente o verdadeiro significado da falsidade.

Assim que Pâmela deixou a sala, John pegou o telefone e ligou para Bruce.

— Bruce, descobriu algo?

— Estou reunindo as informações, senhor. Em breve estarei aí com tudo.

— Olá, papai — disse, levantando-se apressada. — Está tudo bem? — Perguntou tentando disfarçar seu nervosismo.

— Eu é que pergunto — respondeu ele, com um olhar atento. — Você anda agitada demais nos últimos tempos.

Martha sentiu um leve aperto no peito. Aquele olhar... conhecia bem. Oliver podia parecer frágil fisicamente, mas sua mente continuava afiada como sempre.

— Não é nada papai. Está tudo bem. — Tentou sorrir com naturalidade.

— Se você diz… — murmurou, sem muita convicção. Então, fitando a filha nos olhos, disparou: — Tem notícias do John? Faz tempo que ele não me visita.

Ela hesitou por um instante antes de responder.

— O John anda muito ocupado com os negócios. O senhor sabe como ele é... — Tentou falar com naturalidade. — Assim que puder ele virá, não se preocupe.

Oliver permaneceu em silêncio por alguns segundos, depois arqueou uma sobrancelha.

— Pelo que me lembre, ele acabou de completar três anos de casado, não é? - Perguntou ou acusou?

Martha empalideceu ligeiramente. Não esperava que o pai se lembrasse da data exata do casamento. Tentou manter a compostura, mas o sorriso vacilou.

— É... acho que sim. O senhor tem uma memória incrível. — Disse tentando sorrir.

A expressão de Oliver era séria.

— Como poderia esquecer? — disse ele, com a voz baixa, mas firme.

Houve um silêncio breve, denso. Então, Oliver completou:

— Quando falar com ele, diga que quero vê-lo. E quero que traga Elizabeth. Estou com saudades dela.

Martha assentiu, mas sua voz saiu quase inaudível:

— Claro, papai...

Oliver a encarou por mais alguns segundos. Seu olhar era severo, difícil de decifrar. Não disse mais nada. Apenas girou sua cadeira e saiu do cômodo em silêncio, deixando a porta entreaberta.

Martha permaneceu imóvel por um instante, sentindo um calafrio descer pela espinha.

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