Pamela
Durante o trajeto até a mansão, os pensamentos de Pamela fervilhavam como brasas acesas. Ela jamais admitiria perder, muito menos para alguém como Elizabeth. Aos olhos de Pamela, aquela mulher não passava de uma figura apagada, sem brilho, sem classe, desinteressante até demais para ser a esposa de um homem como John. E o pior: não devia ser boa sequer na cama.
Pamela bufou, inconformada.
"Ele deve estar entediado… só pode estar. Como alguém como Elizabeth poderia satisfazer um homem como John Walker? Ele merece mais. Merece uma mulher como eu."
Estava segura de si. Não permitiria que uma simplória atrapalhasse seus planos cuidadosamente traçados.
"Como ele pôde dizer que não vai se divorciar? Está tão perto de se livrar daquela inútil… por que ainda não acabou com essa farsa? O que ela poderia ter feito para John não querer deixá-la?"
Pamela sabia que ninguém manipula John Walker. Ele sempre teve o controle de tudo.
Ao chegar à mansão, foi recebida pelo mordomo com a formalidade habitual. Seguiu direto para o jardim, onde Martha tomava chá sob a pérgula coberta de rosas brancas, como sempre impecavelmente arrumada.
— Pamela, querida, que bom que chegou rápido. — disse Martha, com um sorriso calculado, indicando a cadeira à sua frente. Mas ao notar o semblante sombrio de Pamela, franziu o cenho. — Aconteceu algo? Conte-me… como foi com John?
Pamela sentou-se com rigidez, cruzando as pernas com elegância forçada. Inspirou fundo antes de responder.
— Ele… me tratou com frieza, senhora Sinclair. — a voz saiu embargada de frustração. — Eu fui achando que iríamos comemorar a separação definitiva… mas ele me cortou. Disse que não vai se divorciar. Que nem cogita deixar aquela mulher.
Martha ergueu lentamente as sobrancelhas, chocada.
— Como assim? Ele mesmo já havia dito que não via a hora de se livrar dela!
— Eu sei… — respondeu Pamela, apertando o guardanapo entre os dedos finos, tentando conter a fúria que queimava em seu peito. — Mas ele falou com tanta segurança… e me dispensou, como se eu fosse nada. Disse que, se eu tivesse assuntos de negócios, era para procurar a equipe dele e que não tinha nada a tratar comigo.
Martha ficou em silêncio por alguns segundos, pensativa. Mexeu lentamente o chá com a colher de prata, sem desviar o olhar fixo das flores do jardim.
— Elizabeth deve ter feito alguma jogada. — disse finalmente, com a voz carregada de desprezo. — Aquela mulher sempre soube se fazer de boazinha para manipular situações a seu favor. Mas John cair nas artimanhas dela, não dá para acreditar. Não o meu John sempre racional e prudente.
Pamela respirou fundo, controlando a ira.
— Eu perguntei se ela havia se recusado a assinar… — sua voz se tornou mais fria — mas ele me corrigiu. Disse que foi ele quem não quis assinar. Não ela.
— Você está dizendo que John não quer o divórcio? — Martha estava visivelmente surpresa e aborrecida.
Pamela apenas balançou a cabeça em sinal positivo.
O silêncio que se seguiu foi pesado. Martha apoiou a colher sobre o pires com delicadeza antes de erguer os olhos, agora duros, para Pamela.
— Não se preocupe, querida. — disse, com a frieza de quem traça estratégias. — Meu filho pode estar confuso agora, mas não permanecerá assim por muito tempo. Vou conversar com ele… e se Elizabeth pensa que vai continuar como senhora Walker, está muito enganada.
Pamela forçou um sorriso, tentando recuperar a segurança que sempre carregava.
— Eu confio na senhora. — disse, inclinando a cabeça levemente. — Mas John precisa entender que eu sou a escolha certa. Eu não desisto do que eu quero. Nunca.
Martha segurou a mão da jovem com aparente delicadeza.
— E você terá o que quer, Pamela. — sua voz era firme, cortante. — Essa história está com os dias contados. Eu mesma me certificarei disso.
Pamela respirou fundo e sorriu, dessa vez com determinação nos olhos azuis claros. Sabia que ao lado de Martha Walker Sinclair, ela atingiria seu objetivo.
Depois de conversarem mais um pouco e terminarem de tomar o chá, Pamela deixou o jardim se sentindo mais confiante, o que poderia dar errado com o apoio de Martha?
Martha permaneceu sentada em silêncio, observando o balançar suave das roseiras ao vento. Seus dedos tamborilavam sobre o braço da poltrona, um hábito que aparecia sempre que sua mente fervilhava em indignação.
"Depois de tudo que fiz… de tudo que planejei... ele ousa me desobedecer. Não era esse o combinado"
Com movimentos precisos, pegou seu celular e ligou para John. Levou o aparelho ao ouvido, controlando a respiração para não deixar transparecer toda a fúria que queimava em seu peito.
Finalmente o telefone de John agora estava chamando. Após alguns toques, a voz grave do filho soou do outro lado, cansada e impaciente:
— Mãe, estou ocupado agora.
— O que aquela moça fazia aqui? — perguntou seco.
Oliver Walker estava o tempo todo observando as duas conversar desde o momento em que Pamela chegou e a julgar pelas expressões e o semblantes das duas que variavam de surpresa para sombrio e até raivoso, Oliver desconfiava do assunto… por isso interceptou a filha assim que ela entrou pela porta.
Martha ficou surpresa com a pergunta.
— Pamela?! Ela veio me visitar. — Disse tentando parecer natural.
Oliver franziu o cenho e sua voz demonstrava toda a sua incredulidade.
— Não sabia que vocês eram tão amigas.
— Eu e Pamela temos assuntos em comum. — Respondeu, desviando o olhar.
— Que assuntos em comum você poderia ter com uma mulher tão jovem assim? Você não costuma receber muitas amigas.
O sorriso de Martha vacilou, mas se recompôs logo e tentou ser convincente e fugir do olhar inquisidor de seu pai.
— Ela gosta de ouvir meus conselhos, só isso.
Oliver aproximou-se dela com a cadeira e falou sério:
— Cuidado com os conselhos que você está dando e espero que não prejudique ninguém.
Martha olhou desconcertada para o pai.
— Não entendi, papai.
— Será?
Girou sua cadeira e seguiu pelo corredor, deixando a filha sem resposta e sem reação.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...