Entrar Via

Amargo Contrato de Casamento romance Capítulo 96

Martha

Na manhã seguinte, Martha acordou cedo, o peso da conversa com Roger ainda pairando sobre seus pensamentos como uma névoa densa. A noite mal dormida deixara marcas discretas ao redor dos olhos, mas ela disfarçou com leve maquiagem, como sempre fazia. Vestiu seu tailleur cinza perolado, colocou discretos brincos de pérola e, após tomar café, pediu ao motorista que a levasse à mansão de John.

Durante o trajeto, manteve os olhos fixos pela janela, observando os prédios, as pessoas apressadas, o reflexo do sol nas fachadas envidraçadas.

— Chega de enrolação… — murmurou para si, apertando a bolsa de couro sobre o colo. — Vou resolver isso hoje mesmo.

Ao chegarem à guarita, o motorista abaixou o vidro. Um dos seguranças se aproximou. Reconheceu-a de imediato: a postura, o olhar altivo, o tom imperativo. Era impossível não saber quem era.

— Senhora Sinclair… bom dia. — cumprimentou ele, respeitoso, mas com visível desconforto. — Posso ajudá-la?

— Abra o portão. — disse, em tom seco. — Vim conversar com minha nora.

O segurança hesitou. Consultou o tablet em suas mãos, depois ergueu o olhar.

— Senhora… sinto muito, mas tenho ordens para não permitir a entrada de visitantes sem autorização prévia.

Martha ergueu uma sobrancelha, indignada.

— Ordens? — repetiu, num tom gélido. — Sou a mãe de John Walker. Não preciso de autorização para entrar na casa do meu próprio filho. Chame Elizabeth. Diga que estou aqui.

— A senhora Walker não está em casa. — informou com cautela, já prevendo a reação.

Ela estreitou os olhos.

— Então abra para que eu possa esperá-la lá dentro. Estou disposta a aguardar o tempo que for necessário.

— Senhora, por favor… compreenda minha posição. — disse o segurança, agora visivelmente nervoso. — Se eu abrir sem autorização, posso ser demitido.

— E se não abrir, posso garantir que você será. — retrucou ela, ríspida.

Sem esperar mais um segundo, Martha tirou o celular da bolsa e fez uma ligação. John atendeu após alguns toques, a voz rouca e carregada de exaustão.

— Mãe?

— John, estou aqui no portão da sua casa. Peça a seu segurança para abrir imediatamente, esse segurança está me barrando, é o que aconteceu. Agora, por favor, mande abrir. — disse ela, sem disfarçar o tom autoritário.

Houve um pequeno silêncio antes de ele responder, confuso:

— No portão? O que está fazendo aí? Pensei que estivesse viajando para visitar tia Eleanor…

— Cancelei minha viagem. — disse, com impaciência. — Preciso conversar com Elizabeth. Mande abrir o portão para mim agora. Vou esperar até ela chegar.

Do outro lado da linha, John permaneceu em silêncio por alguns segundos, processando as palavras da mãe. Seu peito se apertou ao ouvir o nome de Elizabeth. Apertou o celular contra a orelha e inspirou fundo antes de responder, a voz fria:

— Mãe… o que houve?

— O que houve? Estou aqui no portão e esse segurança inútil está me barrando! — disse ela, irritada. — Mande abrir imediatamente para que eu possa esperar lá dentro.

Do outro lado, John fechou os olhos, massageando as têmporas.

— Ela não está em casa, mãe.

— Eu sei. Já me informaram. Quero esperá-la lá dentro.

— Mãe… Elizabeth está viajando. — respondeu com frieza.

Pela primeira vez em muito tempo, não era o orgulho que movia suas ações, era algo que ele negava a três anos.

*****

Martha

Já em sua casa, Martha tomou um chá de camomila enquanto refletia, tentando ordenar os próprios pensamentos. Depois de se acalmar, pegou novamente o telefone e ligou para Pamela.

— Olá, querida. — disse, com um esforço para manter o tom suave.

— Senhora Sinclair! — respondeu Pamela, com sua habitual amabilidade. — Que surpresa boa… está tudo bem?

— Não exatamente. Elizabeth está viajando e John não quer me ouvir. Eu fui até a casa deles, mas não me deixaram entrar.

— Que situação delicada.

— Conheço meu filho. Quando ele está irritado, é melhor dar um tempo. Mas precisamos agir com inteligência. Estou começando a achar que essa história de “viagem” tem mais por trás do que parece.

— Acha que Elizabeth está se escondendo?

Martha fez uma breve pausa.

— Talvez. Ela nunca viajou e foi justamente nas vésperas do divórcio, no mínimo é estranho. — respondeu, com frieza. — E eu vou descobrir. Por enquanto sugiro que espere um pouco mais antes de procurá-lo novamente. Conheço meu filho, quando ele está irritado é melhor deixá-lo até o humor dele melhorar.

— Entendi, senhora Sinclair.

Martha desligou a ligação e apoiou o celular sobre a mesinha de centro. O olhar pensativo, o que havia por trás da viagem de Elizabeth?

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento