Adam
Em seu escritório no hospital, Adam Saints estava concentrado em uma pilha de documentos. Desde que retornou dos estudos no exterior, onde concluiu seu mestrado, assumiu a administração do hospital, uma imposição direta de seu pai. No entanto, o que verdadeiramente o motivava não eram as burocracias e reuniões administrativas, mas a adrenalina da rotina hospitalar, os corredores agitados e, sobretudo, as longas horas em cirurgia, onde se sentia plenamente vivo.
O telefone de sua mesa interrompeu seus pensamentos. Ele atendeu prontamente.
— Sim, Lana?
— O Santiago está aqui e gostaria de falar com o senhor — informou a secretária, com a voz pausada.
Adam franziu o cenho, estranhando a visita repentina do chefe de segurança.
— Mande ele entrar.
Segundos depois, a porta se abriu. Santiago adentrou a sala com seu porte imponente e expressão sempre alerta.
— Bom dia, senhor Saints.
— Bom dia, Santiago. Aconteceu alguma coisa?
— Suas suspeitas se confirmaram — disse ele, direto. — Observamos uma movimentação estranha. Há uma equipe seguindo o senhor e a senhorita Miller. Eles são discretos e experientes.
Adam encostou-se à cadeira com um leve sorriso irônico nos lábios. Seus olhos brilharam com um misto de desafio e prazer.
— Então eu estava certo…
— O que o senhor deseja que façamos? — indagou Santiago, mantendo a postura rígida.
— Por enquanto, nada. Apenas observem de forma discreta. Não queremos que eles percebam que nós já os identificamos. Deixe-os achar que não percebemos. — Sorriu como quem estava gostando da situação.
— Entendido… Mas, senhor, isso não representa algum tipo de ameaça? Deveríamos ao menos reforçar a segurança.
Dessa vez, Adam abandonou o tom descontraído e o encarou com firmeza.
— Não se preocupe. Não estamos em perigo algum. O que estou tentando fazer é proteger uma pessoa querida. E essa equipe não está atrás de mim ou de Sara. Eles querem me seguir para encontrar essa pessoa. Por isso, todas as vezes que eu precisar visitar essa pessoa, vamos adotar o procedimento que te passei.
Santiago franziu o cenho, agora ainda mais atento.
— Perfeitamente, senhor. Manterei o senhor informado.
— Obrigado, Santiago. Pode ir.
Assim que Santiago deixou a sala, Adam recostou-se na cadeira, pensativo. John realmente estava disposto a ir até o fim para encontrar Elizabeth. Mas com que intenção? Estaria arrependido… ou apenas movido por orgulho ferido?
Pegou o telefone e fez uma ligação interna. Logo a chamada foi atendida.
— Adelle, assim que a doutora Miller terminar de atender, peça para ela vir à minha sala.
— Sim, senhor.
Tentando deixar a preocupação de lado, ele voltou sua atenção ao relatório cirúrgico sobre a mesa. Mas sua mente continuava inquieta.
Cerca de uma hora depois, uma leve batida na porta o despertou.
— Pode entrar — disse ele, sem erguer os olhos.
A porta se abriu e Sara entrou sorrindo, com os cabelos presos em um coque despojado e os olhos brilhando ao vê-lo.
— Oi, amor. — Ela se aproximou e lhe deu um beijo suave nos lábios. — Disseram que você queria falar comigo.
Adam levantou o olhar e a observou com ternura. Esperou que ela se acomodasse na poltrona em frente à mesa antes de começar.
— Eu estava certo. John está procurando por Elizabeth.
Sara arregalou os olhos, surpresa.
— Como você descobriu?
Caminhou pelo corredor elegante até a sala de estar, onde a luz dourada realçava os tons suaves da decoração minimalista. Sentou-se no sofá claro, pegou o celular sobre a mesinha de centro e deslizou o dedo pela tela com impaciência.
Havia dezenas de mensagens. O irmão cobrava relatórios e repassava decisões do escritório que agora ela comandava à distância, desde que se estabeleceu de forma definitiva naquela cidade. O pai exigia uma visita urgente a uma das usinas da família. Convites para coquetéis, jantares e recepções sociais lotavam suas mensagens, todos deixados em segundo plano.
Mas Pamela procurava apenas um nome: John Walker.
Ao encontrar o contato, suspirou. Nenhuma resposta. Nenhuma visualização. Nenhum sinal.
Ela apertou os lábios com força e olhou em volta, como se o silêncio impecável da mansão confirmasse sua frustração.
Sabia que estava indo contra o conselho de Martha, que lhe dissera com firmeza: “Não force. Deixe-o vir até você. Ele odeia ser pressionado.” Mas Pamela não era mulher de esperar indefinidamente. Sabia o que queria, e odiava sentir que estava perdendo o controle.
Sem hesitar, clicou em "Ligar". O telefone chamou... uma, duas, três, quatro vezes... até cair na caixa postal.
Ela apertou o celular nas mãos com força, os olhos fixos na tela escura. A raiva se misturava à ansiedade.
— Não me ignore, John — murmurou entre os dentes. — Eu esperei anos por isso. E não vou aceitar ser descartada agora.
Levantou-se bruscamente e foi até o bar da sala, servindo-se de água com gelo. Tomou em goles rápidos, tentando controlar a tensão que se acumulava em seu peito. Caminhou até um espelho e analisou sua imagem. Estava impecável: corpo escultural, pele luminosa, traços fortes e decididos. Uma mulher que sabia o valor que tinha.
Então por que ele a evitava?
Pegou novamente o celular e digitou uma nova mensagem, desta vez mudando de tática
"John, precisamos conversar sobre o projeto imobiliário para avaliar os resultados."
Sabia que não era necessário uma reunião entre eles, os relatórios que recebiam eram bem claros e a execução estava dentro do planejado, mas era uma forma de manter contato.
Enviou. Respirou fundo. Ainda sentia o gosto da rejeição na boca, mas não deixaria que ele percebesse. Não agora.
Esperou...

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...