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Amargo Contrato de Casamento romance Capítulo 99

Quando John entrou na sala de reunião, todos os diretores se levantaram em respeito, mas o olhar de cada um não escondia o desconforto. Seu semblante exausto, as olheiras, a barba por fazer e o tom mais sombrio do que o habitual não passaram despercebidos.

— Sentem-se. — ordenou, direto, sem rodeios.

Bruce acomodou-se discretamente no canto, já com os relatórios organizados.

John apoiou as mãos na mesa, observando cada rosto ao redor antes de começar:

— Imagino que todos saibam por que estamos aqui. — Sua voz estava mais rouca, mas firme. — Os números do último trimestre vieram abaixo do esperado. A instabilidade dos últimos dias não pode, e não vai, se refletir nos nossos resultados.

Houve um murmúrio contido entre os diretores. John lançou um olhar cortante, que imediatamente silenciou qualquer comentário paralelo.

— Quero medidas imediatas. — continuou, girando um dos relatórios sobre a mesa. — O setor de exportação perdeu desempenho. O marketing estagnou. E o desenvolvimento tecnológico está atrasado. Isso é inadmissível.

O diretor de operações pigarrou, hesitante.

— Senhor Walker, com todo respeito, alguns dos nossos fornecedores estão atrasando entregas devido a… instabilidades cambiais.

John ergueu uma das sobrancelhas, cruzando os braços.

— Então arranjem novos fornecedores. Se é uma questão de câmbio, renegociem. Se é logística, resolvam, nós temos a logística mais avançada do planeta, então não tem desculpa para isso. Eu não pago vocês para me trazerem problemas, e sim soluções.

Os olhares se cruzaram, e os diretores rapidamente começaram a abrir pastas, buscando propostas, alternativas, qualquer coisa que pudesse aliviar aquele tom cortante, murmúrios nervosos se espalharam pela sala sob o olhar crítico do presidente.

Bruce interveio, colocando à frente um relatório atualizado:

— Temos uma proposta de parceria com o grupo asiático para acelerar a cadeia de suprimentos e uma previsão de ajuste no fluxo de caixa se o contrato da filial de Miami for aprovado ainda essa semana.

John pegou o relatório e folheou atento a cada linha. Sua dinâmica de leitura era superior a qualquer um e em pouco tempo ele havia captado os pontos mais relevantes.

Olhou para o diretor financeiro

— Senhor Becker, parece que as condições são favoráveis, o que me diz? — John cravou o olhar nele, deixando-o desconfortável.

O diretor financeiro, Becker, respirou fundo, abrindo seus arquivos e projetando na grande tela da sala de reunião.

— Senhor, o investimento inicial para a implantação da filial de Miami, incluindo estrutura física, equipe operacional e integração de sistemas, será de aproximadamente 28 milhões de dólares no primeiro ano. Com o contrato aprovado, projetamos um aumento de 12% na receita líquida anual do grupo, considerando o volume de operações internacionais. O payback estimado é de 30 a 36 meses.

John manteve o semblante sério.

— E o fluxo de caixa?

— Haverá impacto imediato nos primeiros seis meses por causa do alto custo de implantação, mas a previsão de entrada de capital, através da redução do tempo de trânsito logístico e da otimização tributária, tende a equilibrar no final do primeiro ano fiscal. Além disso, o contrato inclui cláusulas de incentivos estaduais que reduzem parte dos impostos de operação nos dois primeiros anos.

John apoiou os cotovelos sobre a mesa e entrelaçou os dedos.

O senhor Brown, diretor jurídico, assentiu.

— Já estamos revisando com o escritório parceiro nos Estados Unidos, senhor. Também ressalto que o contrato com o grupo asiático envolve cláusulas de confidencialidade bem mais rígidas do que o nosso padrão, e algumas delas podem ser consideradas abusivas aqui. Se quisermos seguir com a parceria, precisaremos negociar para que essas cláusulas estejam de acordo com a nossa legislação e evitem a nulidade parcial ou total.

John respirou fundo, apoiando as mãos sobre a mesa.

— Quero um relatório completo até o fim do expediente. Nada de riscos desnecessários. Qualquer ponto que possa nos prejudicar em caso de litígio ou descumprimento contratual, seja nos Estados Unidos ou na Ásia, deve ser revisto antes da assinatura.

— Entendido, senhor — respondeu o senhor Brown, diretor jurídico, visivelmente aliviado por ter passado pelo crivo do presidente.

John se recostou na cadeira por um instante, observando cada um dos executivos à mesa, sentindo o peso de decisões que ultrapassavam fronteiras, legislações e interesses. Então, bateu levemente o indicador sobre a mesa.

— Não tolero falhas nesse processo. Podem voltar aos seus setores.

Ele os dispensou com um leve aceno e permaneceu sozinho, olhando para os documentos à sua frente, refletindo sobre os próximos passos de expansão global que poderiam, ao menor deslize, custar muito mais que dinheiro.

Assim que a sala esvaziou, John permaneceu encarando os números projetados na tela à sua frente. O impacto financeiro daquele contrato era expressivo, mas não havia espaço para hesitação.

Bruce estava atento a tudo e mesmo o chefe abalado emocionalmente, não perdia o foco dos negócios, o homem era mesmo uma fortaleza.

Mas o que ele não sabia que John depois que dispensou os diretores fitava aqueles gráficos, mas não via os resultados de projeções de lucros, ele pensava que podia controlar tudo e todos, mas não mais seus sentimentos. Por isso precisava mais que nunca mergulhar no trabalho e não deixar seu caos interior interferir e demonstrar fraqueza.

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