Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 101

Ao entrar em outra sala gigantesca, os dois se depararam com um casal mais velho, o senhor e a senhora Taylor, pais de Saulo.

Betty Taylor vestia um blazer azul-marinho, seguido de uma calça de alfaiataria, o que a deixava muito elegante, em seus braços, havia algumas pulseiras, de longe via-se que se tratava de joias caríssimas.

Já George, era a cópia de Saulo, numa versão mais velha, seus lisos cabelos loiros, estavam penteados para trás, vestia uma camisa branca, com uma calça preta social.

Denise já os conhecia por fotos, mas pessoalmente, eram bem diferentes, um arrepio lhe subiu à espinha, e acabou sentindo um péssimo pressentimento.

Ao ver o filho, o homem sorriu, indo em sua direção lhe abraçando, já a mulher, que estava com um sorriso imenso no rosto, se desmontou, ao ver a moça de aparência simples, que acompanhava o filho, lançando um olhar mortal para Denise, que fingiu arrumar a barra do vestido, para não dar a impressão, de que havia percebido a primeira investida da sogra.

— Estava com saudade de vocês, velhotes. — Saulo cumprimentava sorridente, era bom ver os pais, após tanto tempo longe de casa.

Logo abraçou a mãe também, que retribuiu o abraço, com toda a força do mundo.

— Não fique tanto tempo fora, odeio quando se preocupa mais com os outros do que com a gente. — A mulher reclamava. — Nós somos a sua verdadeira família, somos seu sangue, é conosco que deve se preocupar e ter prioridade. — Já reclamava por não ter a atenção do filho por inteiro. — Eu sinto sua falta, é meu único filho, não quero que vá embora outra vez, já basta com isso, de querer morar naquele lugar, aquele é um país de ninguém, violento, sem cultura, cheio de miséria e de pessoas sem educação.

Denise apenas escutava, por mais que a mulher falasse rápido, ela conseguia identificar as ofensas.

— Eu precisava mãe, é o meu trabalho e a minha vida que estão no Brasil, mas agora, está tudo certo, vim o mais rápido que pude, pois estou muito feliz e queria dividir minha felicidade com vocês, quero que conheçam Denise, a minha noiva.

O olhar dos dois, logo se modificaram, o homem ficou com cara de surpreso, mas logo sorriu, cumprimentando a jovem, entretanto a mãe, ficou petrificada, seus olhos azuis de repulsa eram notórios.

— Que besteira, Saulo, fica tanto tempo longe e quando volta, vem com piadinhas, não tem graça isso, filho! — Disse num tom ríspido, como se o que acabou de ouvir, fosse uma piada de péssimo gosto.

— Mãe não há brincadeiras, essa é a Denise, de quem tanto falei para você, se esqueceu? Eu disse que a traria um dia para conhecê-los.

— Você Não falou que ela era uma... uma... — Gaguejava.

— Indígena senhora! — Denise retrucou, com a cabeça erguida, mostrando não ser intimidada. — Essa é a palavra, não é um palavrão, para não poder ser pronunciado em alta voz.

A mulher encarou Denise, com olhar de ódio, percebendo que seria desafiada.

— Uma nativa, sem educação! — Respondeu. — Isso que iria dizer. — Corrigiu Denise.

— Mãe, olha lá como se refere a Denise, eu já falei que ela é minha noiva, não vou tolerar desrespeito. — Saulo respondeu nervoso.

— Desrespeito é você contrariar a sua mãe, estava ansiosa para te ver, e até mandei preparar um banquete que te agradasse! — Olhou para o filho, com olhar de desapontamento. — Mas podem ir comer, eu vou para o meu quarto. — Olhou novamente para Denise. — Acabei de perder a fome!

Saiu pisando firme, sem olhar para trás.

— Perdoa sua mãe, filho, você a conhece, ela só ficou um pouco surpresa. — George Taylor tentava contornar a situação, como se o erro da mulher, fosse algo justificável.

— Pai... — Saulo tentava falar.

Sabia que a reação da mãe não seria das melhores, mas não imaginava que seria tão direta, logo no início, mostrando já a pior das impressões para Denise.

— Por favor, vamos comer algo, que tal? Devem estar com fome, não é mesmo? — Mudou de assunto, chamando Cora para servir a mesa.

— Eu também perdi a fome, vou para meu quarto. — Saulo falou, pegando na mão da noiva e saindo da sala. — Iremos descansar, depois nós conversamos, a viagem foi muito longa e essa recepção me deixou com dor de cabeça.

Enquanto andava de mãos dadas com a noiva, indo no corredor que levava para os quartos, foi parado por Cora.

— Saulo, para onde estão indo? — Perguntou com desdém.

— Para meu quarto, aonde mais iria? — Respondeu nervoso, para a pergunta óbvia que a mulher havia feito.

— É que a sua mãe, mandou colocar as coisas da sua amiga, em outro quarto. — Disse num tom baixo.

— O que está dizendo Cora? — Perguntou nervoso.

— A patroa deu ordens, para que vocês ficassem em quartos separados, além disso...

— Não é a isso que estou me referindo! — Mudou seu tom, interrompendo a fala da mulher. — Eu acabei de chegar, e apresentei Denise como minha noiva a você, e você vem dizer que ela é minha amiga? Por acaso, a idade está te fazendo ficar surda? — Gritou.

— Bem... não é que... — A mulher começou a se enrolar nas palavras. — Não quis dizer isso, só estou cumprindo ordens. — Explicou.

— Traga as coisas da minha noiva para o meu quarto, imediatamente!

Após ordenar, Saulo abriu a porta de seu quarto, dando passagem para Denise entrar, em seguida, fechou a porta com toda a força e raiva que tinha, seu mau-humor era nítido.

De todas as atitudes da mãe, essa foi a que mais lhe deixou chateado, percebeu que as coisas não ficariam nada fáceis por lá, queria que entendessem e respeitassem sua escolha, e tratassem Denise do jeito que ela merecia, já que ela era a mulher da sua vida, se eles tivessem noção do quanto a moça lhe fazia feliz, não teriam tanto desrespeito, entretanto, deixaria uma coisa muito clara, o que falassem com Denise, era o mesmo de falarem com ele, logo eles seriam apenas um, e se ela não fosse aceita naquele lugar, ele também não se sentiria aceito.

Saulo ficava preso em seus pensamentos, enquanto Denise ficava em silêncio apenas reparando a decoração do quarto, onde ele cresceu, passando sua infância até a metade da adolescência.

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