No interior do escritório, dois homens conversavam.
— Esta garota está achando que sou algum idiota.
— Quem cara?
— A Aurora!
— Tem paciência com ela, cara, a coitada passou a madrugada toda com o menino no pronto-socorro.
— Ela se esqueceu de que sou o patrão, eu que mando aqui!
— O que ela te disse para você ficar tão nervoso assim, hein? Perdi alguma coisa enquanto estava fora? — Falou, se sentando na poltrona do escritório.
— Deixa aquela pirralha para lá… —Oliver também se senta e abre o notebook.
— Foi você quem começou falando dela.— Saulo zomba.
— Me diz, onde você estava para encontrar a Aurora na estrada de madrugada?
— Admirando a perfeição da vila. — Riu descaradamente.
— Conta outra, Saulo. — Revirou os olhos.
— Sério Oliver, a vila São Caetano é perfeita, cara, você projetou cada coisa ali como se morasse lá.
— Mas moro de certo modo.
— O mercado, o pronto-socorro, a farmácia, o banco, a escola e o bar. — Se animou. — Cara, aquele bar lá é bom demais, quando eu estava em Londres, o que mais sentia falta era daquele bar!
— Onde quer chegar com essa conversa toda?
— Você é sempre direto, meu amigo. — Riu — Mas preciso te dizer que falta uma coisa ali na vila.
— E o que é?
— Um hotel, cara. Não é sempre que quero dormir aqui na sua casa, você me entende? — Levantou-se, dando um tapinha nas costas de Oliver.
— Eu não vou construir um motel para você sair por aí comendo minhas funcionárias!
Saulo riu do modo direto como Oliver abordou aquele assunto.
— Eu disse hotel, cara e não são todas as funcionárias, é uma específica e você sabe.
— Nem vem com essa, hotel para quê? Nós não recebemos mais estranhos na vila, esqueceu?
— Mas visitantes traria mais dinheiro para o povo.
— Todos da vila já trabalham e ganham dinheiro, não me inventa essa, esqueceu do estrago que a última pessoa estranha que chegou aqui fez?
— Desculpa cara, não queria chegar a essa conversa.
— Tudo bem.
Tentando mudar o rumo da conversa, mas sem mudar o assunto, Saulo pegou uma garrafa de água no frigobar e abriu, bebendo a metade do líquido. Após o gole, Saulo continuou.
— Então tem alguma casa vazia por lá para você me alugar? Irei me mudar para a vila, enquanto ficar por aqui.
Dessa vez foi a vez de Oliver ri.
— Saulo, você sabe que é como um irmão para mim, pode morar aqui em casa por quanto tempo quiser.
— Qual é Oliver, acha que é fácil vir embora toda madrugada da vila? Tudo isso porque não tenho um lugar decente para dormir com ela? E eu não vou trazê-la para sua casa por respeito a você, e também porque ela não aceita, eu preciso de privacidade, cara, você sabe! Eu e a morena somos duas pessoas que precisam colocar as emoções para fora, fazendo barulho, entendeu?
— Você não tem jeito, hein! — Oliver levantou-se rindo, caminhou um pouco e foi até a mesa da escrivaninha, abriu uma gaveta e pegou um molho de chaves. — Toma. — Estendeu a mão com as chaves para o amigo. — É a chave da dependência aqui dos fundos da casa, você já sabe como é lá, amplo, arejado, pode fazer o barulho que quiser e sem se preocupar em ser ouvido, tem sua entrada e saída própria e acesso à casa principal, assim você tem sua privacidade e também tem acesso à casa. Lá é um lugar muito arrumado, você ficará bem instalado e perto de mim, só precisará levar a mobília, já que a que estava lá mandei queimar.
— Obrigado, amigão, desse jeito poderei vir assaltar sua geladeira à noite.—Riram. Já fazia dias que Saulo não via o amigo sorrir, afinal, depois do golpe que havia levado da vida, não era tão fácil se recompor do dia para a noite.
— Aproveitando que você está de bom humor, queria te pedir dois favores, cara.
— Cara, não fala assim, se você enxergasse a cara de desespero que ela estava quando eu a encontrei com o bebê na estrada, até parecia o filho dela.
— Me poupe Saulo, ela só está fazendo isso porque não tem onde morar, e se acontecer algo com o menino, sabe que está no olho da rua, e quer saber do mais? É uma mentirosa, mente sem nenhum escrúpulo, sabe lá do que ela está fugindo. O que esperar de uma pessoa que chega caminhando sozinha de madrugada, na chuva? Ela pode ser alguma criminosa procurando esconderijo.
— Sabe que não é isso, você até pesquisou sobre ela, pare de criar teorias na sua cabeça, Oliver, ela deve está passando por algo muito ruim e deve estar desesperada sim para arrumar um lugar para ficar, mas, uma pessoa não consegue manter o personagem por muito tempo não, eu a vi chorando no hospital pelo seu filho e não tinha ninguém olhando.
— Ninguém, não, você estava! Não é mesmo? Ela pegou o patinho certo. Acha mesmo que em menos de uma semana ela teria algum sentimento por uma criança que nunca viu? Poupe-me Saulo.
— Por favor, cara, você disse que sou como um irmão para você, então me escuta. — Se aproximou de Oliver e pôs a mão em seu ombro. — Sei que depois do que passou, fica muito difícil acreditar em alguém, principalmente em uma mulher, mas eu, que estou de fora, estou vendo algo que você não está vendo no momento. Aurora gosta mesmo de seu filho, ela é uma ótima profissional, cuida muito bem do Noah, como uma mãe. Só por isso já teria um ponto comigo, mas ela também te auxiliou a...
— Chega! — Cortou a conversa. — Eu já entendi, tudo bem? Deixarei que ela continue aqui, quanto à Denise, trocarei de lugar com a Lúcia, espero que você não me peça mais nenhum favor por muito tempo.
Oliver saiu do escritório e foi procurar Denise. A encontrou arrumando o quarto do Noah.
— Denise, quando você terminar tudo, venha até meu escritório, por favor.
— Como quiser, senhor.
— A babá já chegou com o menino do pronto-socorro?
— Ainda não.
Antes de sair do quarto, ele vê uma bolsa no chão.
— O que é isso?
— Acho que são as coisas da babá, senhor.
— Tire tudo da bolsa e arrume no armário, OK?
— Sim.
Saiu dali e entrou em seu quarto para tentar dormir um pouco, já que a ressaca da noite foi pesada. Depois foi desperto pelo amigo, fora do horário, contando que a Aurora estava no pronto-socorro da vila com o bebê, que havia passado mal.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Caminho Traçado - Uma babá na fazenda
Os capítulos 73. 74 estão faltando ai ñ da para compreender e ficamos perdidas...
Alguém tem esse livro em PDF ?...
Do capítulo 70 em diante não se entende mais nada, pulou a história lá pra frente… um fiasco de edição!!!...
A partir do capítulo 10, vira uma bagunça, duplicaram a numeração dos capítulos, para entender é preciso ler apenas os lançados em outubro de 2023, capítulo 37 está faltando, a rolagem automática não funciona, então fica bem difícil a leitura! Uma revisão antes de publicar não faria mal viu!!!...
Nossa tudo em pe nem cabeça, tufo misturado, não acaba estórias e mistura com outro, meu Deus...
Lindo demais...