Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 31

Acordei com uma cena linda, Oliver estava com Noah no sling, os dois estavam deitados na poltrona, não sei o porquê, mas estava feliz pela cena que via.

Oliver estava se aproximando do filho, eles estavam tendo uma ligação, e isso me deixava de certa forma emocionada, não tinha relação alguma com aqueles dois, não era parente, nem amiga próxima, muito menos conhecida da família, era simplesmente a babá que iria fazer dois meses que estava trabalhava na casa, falando em meses, amanhã será meu aniversário. Estava feliz e, ao mesmo tempo, triste, seria um dia comum, pois não haveria nenhum familiar ou amigo que viria me parabenizar pessoalmente, além disso, passaria aqui no hospital.

Acabei de comer, e a enfermeira me deu mais duas vitaminas para ingerir, fora a que estava tomando na veia.

Logo, Noah acordou e com isso Oliver também, parecia está cansado, mas não me falava nada, ele levantou e foi trocar a fralda do filho. Oliver parecia ter muito jeito para a coisa, bem que Denise falou que ele ia para a vila ficar com as crianças, acho que acabou aprendendo com alguma mãe por lá.

— Quer alguma ajuda, senhor Oliver? — Perguntei por educação.

— E você está em condição de ajudar? — Respondeu ríspido.

Ele parecia estar nervoso, não havia percebido seu rosto, mas acho que não estava bem.

— Senhor. — Comecei calma. — Está cansado, é melhor ir para casa, arrumarei alguém que fique comigo, e o senhor e o Noah vão descansar, aliás, hospital não é lugar de um bebê saudável ficar

— Por quê? — Perguntou-me.

— Porque há várias bactérias no ar, e o Noah pode pegar alguma infecção.

— Não é isso que estou perguntando, quero saber o porquê de se preocupar tanto com ele? — Deixou Noah no berço e veio até a cama onde eu estava.

Eu não sabia o que dizer.

— O Noah é um bebê indefeso, como a mãe dele não está, e o senhor é muito ocupado, me vejo na obrigação de cuidar dele.

— Tem razão. — Parou um pouco para me analisar. — É por obrigação não é? Afinal, é paga para isso.

— O senhor sabe que não é pelo dinheiro! — Respondi rápida. — Ele tem a mim, sem interesse algum, eu gosto de cuidar dele, eu não sei o que aconteceu com o senhor ou com a mãe dele, mas só quero que perceba que ele é inocente, não tem culpa de nada!

— Você deve achar que eu não gosto dele, não é? — Perguntou sério.

— Não é isso que penso. — O repreendi.

— Não é porque não estou cuidando ou me aproximando dele agora, que significa que sou um pai ruim, você não tem noção do que passei Aurora. — Oliver parecia triste, por um minuto, achei que ele queria se abrir para mim.

— Senhor, com todo o respeito, eu jamais o julgaria, não sei o que passou, nem o porquê que queria tomar aquela decisão. — Me referi ao dia que o encontrei na ponte. — Mas dar para ver que você ama muito o seu filho, e eu acredito que o senhor só precisa de um tempo para organizar seus sentimentos.

Oliver me olhava de um jeito indecifrável, eu não o entendia e muito menos conseguia decifrar o que seu olhar queria dizer.

— Você acha que o tempo cura alguma coisa?

— Não ele não cura, mas cicatriza e faz a ferida parar de doer.

— Você é tão jovem Aurora. — Pausou — Mas fala como se conhecesse a vida.

— A conheço do meu jeito.

— Eu me sinto sozinho, não tenho ninguém. — Sussurrou.

— Senhor, quem não tem ninguém sou eu, você tem o Noah!

Ao ouvir isso, Oliver olhou para trás onde Noah estava, parou por alguns segundos pensando, depois olhou para mim.

— Tem razão!

— Sobre? — Fiquei na dúvida.

— Hospital não é lugar para crianças, vou para casa, mandarei alguém vir ficar com você.

Sua postura frágil sumiu, dando lugar outra vez para a armadura de homem de ferro.

Dizendo isto, Oliver pegou Noah e seus pertences, e saiu sem dizer nada, e eu fiquei sozinha, nem pude me despedir do meu pequeno.

Oliver era estranho, no mesmo minuto que se abria para uma conversa, ele se fechava, e deixava um mistério no ar, do mesmo jeito que parecia agradável falar com ele, outrora era insuportável.

Mais de tardinha, uma senhora chegou, ela seria minha acompanhante da noite. O nome dela era Gerusa, uma mulher bem faladeira, o que para mim não foi bom, porque eu queria silêncio para ficar com meus pensamentos, pensando em Noah e em Oliver.

Amanhã será meu aniversário, e sabia que Isa me ligaria, ela era a única pessoa que eu tinha certeza que não me esqueceria, também havia Denise que estava me cativando, mamãe nem sonharia em me ligar, tanto pela mudança de número de telefone, tanto porque ela não me considerava mais como filha.

Tudo era doloroso, lembrei de Alice, e que no meu último aniversário, comprei um cupcake com uma velinha em cima, cantamos parabéns juntas e brincamos o dia todo, que saudade da minha pequena.

[...]

A noite passava e eu ficava tomando vários remédios, o nutricionista veio me ver, depois o médico, me dando boas notícias de que meu organismo estava respondendo bem as vitaminas, o que seria bom, pois não precisaria passar meu aniversário no hospital, e também porque estava morrendo de saudades do Noah, me sentia preocupada por ele, não sabia como ele e Oliver estavam se saindo juntos.

Minha acompanhante saiu para tomar banho, e fiquei sozinha no quarto, quando a porta se abriu e um homem estranho entrou, ainda não havia visto-o por aqui. Ele não vestia roupas de médico, logo ficou de frente a minha cama.

— Você é Aurora, não é?

— Sim, pois não?

— Trabalho aqui no hospital, soube que você estava aqui e vim ver como estava.

— Perdão, mas nós nos conhecemos?

A porta do quarto foi aberta e a enfermeira entrou com uma cadeira de rodas.

— Aurora, você tem dois exames agora.

O homem olhou para mim, e antes de falar alguma coisa, a enfermeira me segurou ajudando a me levantar.

— Voltarei outra hora.

Ele saiu rápido, e eu fiquei na dúvida em saber quem era, já que foi sem nem dizer se me conhecia ou qual era o seu nome.

Fui para a sala de exames, e fiquei lá por umas horinhas, depois voltei para o quarto e fui dormir, isso já era duas da manhã, minha acompanhante já havia chegado, mas notou que eu não estava muito para conversas.

Acordei no outro dia e sim, hoje era meu aniversário! Enfim completei meus tão sonhados dezoito, idade em que iria dizer a minha mãe que iria trabalhar fora, estudar e seguir um rumo na minha vida.

Infelizmente, tive que fazer tudo isso precocemente. Poderia dizer que o Sandro seria culpado sozinho, mas por minha mãe não acreditar em mim eu também a culparia.

A porta do quarto foi aberta e a enfermeira e o médico entraram.

— Bom dia, senhorita Aurora, como está se sentindo hoje? — O médico perguntou.

— Bom dia, estou me sentindo ótima! — Disse feliz.

— Analisamos o resultado de seus exames, e eles mostraram que seu corpo está reagindo bem as vitaminas, e você está ganhando o peso ideal por dia, então resolvemos te dar alta hoje, contudo, você deve continuar com a dieta que o nutricionista te passou, e com os remédios nos horários certos, daqui há quinze dias deve retornar para vermos seu progresso.

— Que bom, então quer dizer que já posso ir?

— Ainda não, vamos ligar para seu responsável vir te buscar!

— Não precisa doutor, eu já tenho dezoito anos.

Expliquei-lhe que hoje era meu aniversário, e que agora respondia por mim, e que Oliver não precisaria vir assinar nada.

Logo então mais tarde, eu já saía do hospital, não havia ligado ainda para Joaquim me buscar. Aproveitei um pouco e me sentei na praça ao lado para tomar um sol, respirei fundo. Era meu aniversário e não tinha ninguém para passar o dia ao meu lado.

Estava morrendo de saudades do Noah, mas naquele momento eu precisava ficar só um pouco, respirava fundo e absorvia a energia que o sol emanava em meu rosto, o vento batia nos meus cabelos, eu não conhecia a capital, mas aquela praça em frente ao hospital era tão linda.

Continuava a observar e minha mente estava tão aérea pensando em tudo, meus olhos começaram a lacrimejar, Oliver disse que eu não sabia o que era não ter ninguém, coitado, foi dizer isso logo para mim, que estava sozinha no mundo.

As lágrimas vinham, mesmo que fechasse os olhos. Senti um perfume conhecido próximo a mim, e antes mesmo de abri-los, ouvi uma voz atrás de onde estava.

— Que irresponsável você é!

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