Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 38

Denise andava eufórica pelo quarto, pois Saulo havia comprado várias roupas e sapatos novos para ela. Agora contava que teria roupa nova para cada dia de festa, também ganhou uma gargantilha de ouro com esmeraldas, o que a deixou de boca aberta. Quando ela me mostrou a peça, eu só consegui pensar no quanto o Saulo gostava dela e ela, por mais que diga ser pé no chão, estava caidinha por ele.

[…]

Já fazia duas semanas que voltei do hospital e já estava com alguns quilos a mais. Segui à risca a dieta passada pelo nutricionista e Denise não me deixava passar da hora de comer. Estava amando a companhia dela, por mais que já estivesse boa, Oliver continuava a mandar Denise ficar com Noah para mim.

Falando no Oliver, eu não tive oportunidade pessoalmente ainda para o agradecer pelo notebook. Nas duas vezes que o vi nesta semana, ele passou por mim direto, me ignorando totalmente. Eu não entendo por que ele é assim, às vezes é a melhor pessoa do mundo e do nada se transforma na pior.

Odeio conversar quando ele está nervoso, pois me enche de piadas, mas também odeio ficar sem falar com ele, porque às vezes ele é um amor de pessoa.

Eu não estava nem aí para a festa que iria acontecer, afinal, não poderia ir, pois o Noah ficaria comigo e Oliver evidentemente não ficaria com ele à noite, já que era o anfitrião da festa. Porém, no fundo, gostaria muito de ir, brincar no parque de diversões, comer cachorro-quente, pipoca doce e assistir a um show. Eu nunca fui a um show, mas pelo que assistia na televisão, parecia a melhor coisa do mundo. Cantar com a banda, levantar as mãos, dançar e beber, bem… beber eu não iria, apesar de ter dezoito anos agora, nunca me interessei por bebidas alcoólicas. Sempre quis curtir tudo bem discreta, para não esquecer nenhum detalhe e também para não fazer nenhum tipo de besteira, que pudesse me arrepender no outro dia.

Era sexta-feira, Denise havia acabado de sair e eu terminado de jantar.

Estava brincando com Noah, esperando Oliver vim buscá-lo, já que Noah agora dormia com ele.

A porta do quarto foi aberta e Oliver entrou, ele estava de bermuda e uma camiseta larga, nunca havia visto-o vestido assim.

— Boa noite, Aurora, eu demorei? — Perguntou com tom de voz leve.

Lá vem o bipolar, pensei.

— Boa noite, não demorou não, eu estava brincando com ele.

— Como você está?

— Bem, obrigada! — Foi o que eu tinha para responder, não nos falávamos há dias, então não sabia o que conversar.

— Já escolheu a faculdade?

— Enviei meus documentos para uma, estou esperando respostas, aliás, muito obrigada pelo notebook.

— É um MacBook! — Corrigiu.

— Tanto faz, serve para o mesmo.

Oliver abriu a boca para falar, mas fechou outra vez.

Ele olhou para Noah deitado na cama e depois para mim.

— Sabia que daqui a uns dias, vão começar as festas da feira agropecuária da vila?

— Fiquei sabendo sim.

— E você vai? — Indagou com desdém.

— Ah, não! Esqueceu que meu emprego é em período integral?

— É verdade, tinha me esquecido. — Riu e eu não entendia o motivo da risada. — Estou planejando levar o Noah, ele é novinho, mas quero que ele se distraia. Já fará 3 meses, precisa sair um pouco, além disso, o lugar que ficarei é mais reservado, não terá tanto movimento ou barulho.

— Isso é bom.

— Não se preocupe, te darei um dia de folga no dia da festa na vila, poderá aproveitar.

Antes que eu respondesse, ele saiu do quarto, Oliver era estranho, mas eu já havia me acostumado com o jeito dele.

Minha euforia veio à tona, em saber que eu poderia ir à festa aproveitar. Seria uma noite mágica.

Logo fiz as malas de Noah e preparei as minhas, percebi que as duas roupas mais arrumadas que tinha estavam sujas, então tratei de descer para a lavanderia. Enquanto a máquina operava, sentei numa cadeira que estava ao lado. Mexia no celular e logo vi que Oliver havia postado um status. Minha curiosidade foi muito grande, então olhei, era a foto de Noah dormindo no ninho em cima da cama dele, na legenda dizia. “Lentamente, as coisas estão voltando ao lugar”. Percebi que realmente estavam, não sei do que ele falava, mas o que eu via era nítido a ligação dele com o filho, a volta das pessoas à vila, a festa agropecuária. Oliver estava se curando.

A máquina continuava fazendo o trabalho dela, então fui até a cozinha e encontrei Oliver por lá.

— Achei que estivesse dormindo, já que vamos sair amanhã bem cedo. — Ele inicia a conversa. — O que estava fazendo na lavanderia?

— Bem, o senhor sabe que tenho pouca roupa, estava lavando as mais apresentáveis.

— É verdade, tinha me esquecido outra vez. — Riu.

— Por que sempre ri, quando falo algo de mim?

— Desculpa, é que gosto da sua sinceridade. — Voltou a ficar sério. — Olha, acabei de comprar uma pizza, quer comer comigo?

— Não, obrigada! — Bebi um copo de água e fui saindo dali.

— Não vire as costas para mim, Aurora, sente-se aqui agora e coma!

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