Eu estava adentrando o quarto de Aurora, ela estava com os olhos fechados e inchados, me aproximei devagar, pensando que ela poderia estar dormindo.
— Quem está aí? — Perguntou com a voz embargada.
— Sou eu, Oliver.
Me aproximei e toquei sua mão.
— Eu não consigo abrir meus olhos.
— Tudo bem, não precisa se esforçar.
Os olhos dela estavam muito roxos, meu peito chegou a doer de tanta pena, ela era uma pessoa tão doce, não merecia passar por algo assim nunca na vida.
— Oliver. — Apertou minha mão. — Obrigada pelo que fez por mim, se você não tivesse chegado naquele momento. — Logo uma lágrima desceu de seus olhos. — Eu não sei o que teria acontecido.
— Ei, não pensa mais nisso, tudo bem? Você está aqui, e ficará tudo bem agora.
— Não me deixa aqui sozinha, por favor.
— Eu não vou a lugar algum.
— Tinha um homem com ele, esse homem trabalha aqui, eu estou com medo, ele é primo do Sandro.
— Primo? — Isso explicava algo. — Não se preocupa, ele também está preso. Não fica assim não, tudo bem? Nem precisa se esforçar em falar nada agora, mais tarde o delegado vem aqui, e pegará seu depoimento, até lá, eu só quero que você descanse.
— Cadê o Noah? — Perguntou preocupa.
Por mais que a situação estivesse ruim, eu sinceramente gostava de ver que ela pensava no meu filho e se preocupava com ele, mesmo ela estando mal, ele vinha em sua mente, como se fosse uma mãe preocupada com sua cria.
— Ele está em casa, com a esposa do Danilo, não se preocupe, ele está bem.
— Oliver! — Me chamou, apertando mais ainda minha mão. — Sinto muito por isso, me desculpa por estragar seu final de semana.
— Do que está se desculpando? Se tem alguém que não tem culpa de nada, essa pessoa é você Aurora.
— Desde que cheguei, só estou te causando problemas, você sempre tem que adiar seus compromissos por mim.
— Para! — Falei num tom sério, mas ainda sereno. — Você não causa nenhum problema, esquece o que eu já disse há um tempo, no fundo, só estava tentando descontar minhas frustrações em você, que nunca teve culpa de nada, que sempre quis ajudar, desde o primeiro momento que apareceu na minha vida. Quero que descanse, eu não sairei daqui do seu lado.
[...]
À tarde, o delegado e o escrivão chegaram e colheram todo o depoimento dela, e a noite, o médico liberou que ela fosse para casa.
As suas coisas estavam sendo arrumadas, e eu contratei uma enfermeira para que cuidasse dela.
Então Saulo chegou ao hospital.
— E aí, vai voltar para a casa de praia?
— Não, irei direto para a fazenda, estão arrumando uma ambulância para ela ir embora o mais confortável possível.
— Acho melhor ela ficar por aqui, o julgamento dele será na próxima semana.
— Sério? — Eu sabia que Saulo era um ótimo advogado, mas às vezes ele me surpreendia.
— Bem, não é querendo me gabar, mas você sabe que eu não perco tempo com nada.
— Quais as chances dele apodrecer na cadeia?
— Não sei se chegará a isso, infelizmente, ele é réu primário com foro privilegiado, mas com todas as acusações, ele não sai tão cedo, tentativa de estupro, sequestro, agressão e ainda consegui colocar invasão de propriedade privada, e aliciação de menor, pois quando ele tentou a primeira vez algo, ela ainda era menor.
— Você é demais.
— Minha equipe é. E tem mais, duas garotas já haviam o denunciado, mas por ele trabalhar no ministério público abafou o caso, agora voltaremos com isso à tona.
— Que sem vergonha!
— Acho que uma delas chegou a ser violentada, coitada, uma coisa eu te garanto, esse sujeito vai sofrer poucas e boas na prisão, a lei pode ser até branda com ele, mas o tribunal do crime é mais rígido.
— Espero que sim.
— Mais uma coisa cara.
— O quê?
— A mãe da Aurora, apareceu lá com um advogado de defesa.
— Não acredito! Que tipo de ser humano é essa mulher?
— Talvez não seja um.
— Tudo bem, como o julgamento vai ser logo, ficarei com Aurora aqui na capital, para que ela não precise de viagens cansativas.
— Você vai ficar também? — Perguntou sério.
— Por que está perguntando isso?
— Nada, é que a feira agropecuária está chegando, e tem muitas coisas para você resolver na fazenda, até contratar um novo administrador.
— Tenho uma entrevista com um que virá na próxima semana, e nada nesse momento é mais importante que Aurora.
A frase saiu da minha boca sem querer, e isso ficou constrangedor, após ver o jeito que Saulo me olhava.
— Está acontecendo algo que eu não saiba?
— O quê? — Tentei disfarçar. — Está falando de quê?
— Nada cara, sabe? Sou seu amigo, e só quero o seu bem, não quero ser o último a ficar sabendo das novidades.
— Não há nenhuma novidade!
— Hum... — Saulo pareceu pensar por um instante. — O que Aurora estava fazendo aquele horário na varanda da casa?
— Ah, ela estava olhando o mar.
— Hum. Ela falou no depoimento, que você a mandou esperar lá fora, enquanto colocava o Noah para dormir, e você sabe, que como seu advogado, tive acesso as câmeras da sua casa e como eu precisava ver tudo minuciosamente, acabei vendo vocês dois bem íntimos do lado de fora.
— Oras Saulo, não me amola! — Disse já ficando nervoso.
— Tudo bem cara, não quero te estressar, mas sabe o que é isso aqui? — Me mostrou uma pasta que estava em suas mãos. — Esse é o resultado da perícia feita no corpo da Aurora, e quer saber de algo? — Arqueei minha sobrancelha não entendendo nada. — A sua querida babá é uma moça, vamos dizer, casta me entendeu?
Eu não acredito que Saulo conseguiu me deixar constrangido.
— Que merda Saulo, tá querendo chegar a onde com essa conversa?
— É que — Colocou a mão no meu ombro. — Meu querido amigo, essas coisas para a gente não tem muita importância sabe? Mas para as mulheres, isso é algo muito especial, entendeu?
— Desenrola Saulo!
Estava muito constrangido e nervoso, e se Saulo não fosse meu amigo e um ótimo advogado, logo eu o jogaria pela janela do terceiro andar do hospital.
— Cara, se você estiver afim da Aurora, pois eu sei que está. — Deu uma risadinha irônica. — Toma cuidado, tudo bem? Ela é nova, e nesta idade, elas se apaixonam muito rápido, entende? Se não tiver certeza ainda do que sente, vai com calma, eu sei o que você sentia pela Liana, e não quero que você confunda as coisas, e acabe magoando-a, a coitada da Aurora já sofreu demais.
— Mais alguma coisa, senhor advogado?
— Não falo com você como advogado e sim como amigo, não leve a mal, quero apenas o seu bem, acima de qualquer coisa.
— Eu sei, mas não se preocupe, eu jamais faria mal a ela, nem a ninguém, você sabe disso.
Saí de lá e fui ver a ambulância que estava pronta para levá-la para casa.
Eram dez da noite e já estávamos em casa, como o julgamento iria acontecer o mais rápido possível, ficaríamos por aqui, mandei chamar Denise para cuidar do Noah, Aurora ficaria aos cuidados da enfermeira, também pedi que a colocassem em meu quarto, lá era maior e mais confortável, eu dormiria em outro lugar.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Caminho Traçado - Uma babá na fazenda
Do capítulo 70 em diante não se entende mais nada, pulou a história lá pra frente… um fiasco de edição!!!...
A partir do capítulo 10, vira uma bagunça, duplicaram a numeração dos capítulos, para entender é preciso ler apenas os lançados em outubro de 2023, capítulo 37 está faltando, a rolagem automática não funciona, então fica bem difícil a leitura! Uma revisão antes de publicar não faria mal viu!!!...
Nossa tudo em pe nem cabeça, tufo misturado, não acaba estórias e mistura com outro, meu Deus...
Lindo demais...