Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 54

Acordei com uma pequena dor de cabeça, Noah havia ficado a madrugada inteira acordado, acho que foi pela mudança de rotina da noite passada, o que fazia o príncipe está dormindo nesse momento, eram dez e pouco da manhã, deixei ele no berço e saí para a cozinha, estava morrendo de fome, e também queria fazer um chá para me manter acordada de dia.

A casa estava em total silêncio, não havia sinal de ninguém, Oliver com certeza ainda estaria dormindo, depois da festa de ontem, e aquela mulher, onde será que estava?

Afastei do meu pensamento coisas idiotas, não queria pensar mais na vida do meu patrão, não me interessava o que ele fazia ou deixava de fazer, coloquei a água do chá no fogo e fiquei esperando ferver, me encostei na pia e resolvi olhar o celular, entrei na página da feira e vi as fotos do evento de ontem, Oliver apareceu ao lado de três homens e da moça metidinha.

— Vejo que Oliver dá muita folga aos funcionários em?

Saí dos meus devaneios ao ouvir a voz da própria, Jade Parker estava na minha frente, com a cara ainda maquiada, e com roupas de dormir, que na minha opinião eram um tanto indecentes.

— Bom dia. — Falei por educação, mesmo sabendo que ela não responderia, então voltei a mexer no celular.

— Pare de mexer no celular e me sirva, quero iogurte natural e frutas frescas. — Sentou-se na cadeira como se fosse uma rainha dando ordens.

Bem! Se ela fosse uma pessoa humilde, eu até não faria questão de fazer seu café, mas por sua soberba, apenas coloquei a água do chá numa garrafa, e sai com minhas coisas, para tomar café no quarto com Noah.

— Aonde vai? Me sirva primeiro! — Gritou.

— Desculpa, mas sou apenas a babá.

Continuei minha caminhada, sentindo olhos queimando as minhas costas, já que Oliver deixou claro a posição de cada um, eu me coloquei na minha, não era justo ter que abaixar minha cabeça para uma menina mimada.

Antes de chegar em meu quarto, encontrei Oliver, ele estava saindo de seu quarto, o olhei disfarçadamente, eu estava triste e muito chateada, a pior coisa do mundo é alguém fazer você se sentir especial, e depois te tratar com a maior indiferença.

— Bom dia Aurora. — Falou com voz de sono.

Eu não queria responder, na verdade, eu não queria vê-lo nunca mais, depois daquela marca de batom que vi em sua camisa, e agora essa mulher chata aqui, só me faz querer ficar bem longe dele, ô homenzinho que tinha dedo podre para mulher.

— Bom dia.

— O Noah já acordou? — Continuou.

— Ainda não senhor.

— Ele ainda está dormindo esse horário?

— Ele não dormiu de madrugada, acabou pegando no sono quase neste instante.

— Sério? Você deve estar cansada, então, quando ele acordar, irei pegá-lo para você dormir um pouco.

Que imbecil, agora por acaso estava preocupado? Eu não sei o que me dava mais raiva naquele momento, se era o fato de Oliver virar a cara para mim e depois conversar como se não tivesse acontecido nada, ou se era devido à arrogância daquela mulherzinha na cozinha, fiquei tão nervosa que simplesmente respondi.

— Não precisa, este é o meu trabalho!

Entrei no quarto e fechei a porta em sua cara.

Estava nervosa, minhas mãos tremiam, nunca havia sentido isso antes. Oliver acha que sou algum robô sem sentimentos? Tudo bem, eu serei.

— Patrão e funcionária, patrão e funcionária.

Repetia para mim mesma, evitaria o máximo sair do quarto hoje, ou os dias que essa mulher fosse ficar aqui, eu não queria arriscar e encontrar os dois em momentos íntimos, fora que aquela mulher era insuportável, eu não sabia como era a Liana, mas pelo que Denise falou, parecia que a reencarnação dela estava na cozinha procurando café.

[...]

A semana se passou, a feira agropecuária já estava em seu último dia, nesse meio tempo não vi nenhum dos dois pombinhos na casa, dei glórias por isso, fora que Denise foi boazinha e trazia meu almoço no quarto.

— Aurora. — Denise entrou.

— Oi Dê.

— O senhor Oliver está te chamando no escritório.

Um misto de sentimentos bateu em meu peito, eu o evitava tanto, mas às vezes parecia não ter jeito.

Bati na porta do escritório e o ouvi responder para entrar.

— Sente- se Aurora. — Fiz o que o diabo me mandou. — Como te falei antes, te daria folga no último dia de festa, então, eu já conversei com a Denise para ficar com o Noah e você pode se divertir.

— Denise não precisa ficar em meu lugar senhor, eu não irei. — Oliver me encarou.

— Mas por que não?

— Não deu tempo de me organizar, nem comprar nada para a ocasião, então pode deixar a Denise ir.

— Mas eu havia te avisado bem antes, e te dei o cartão para comprar roupas para você e o Noah.

— Eu comprar para quê? Para o senhor descontar do meu salário? Não obrigada, eu não compro coisas sem necessidades, além disso, eu já o devo bastante! — Tudo bem, que eu estava falando um pouco mais alto do que era acostumada, mas Oliver estava me enchendo a paciência.

— Olha, queria te falar sobre isso também. — Abriu a gaveta que estava ao seu lado esquerdo e tirou um envelope. — Aqui está seu pagamento, eu não estava descontando suas coisas, foi apenas uma brincadeira, até coloquei um valor a mais, para consertar esse meu erro.

Peguei o envelope.

— Pode pedir ao Joaquim que te leve a capital para comprar algo, a Denise ficará com ele, a partir de agora está de folga até amanhã às nove.

— Não precisa, como falei, não gasto dinheiro a toa, a Denise pode ir em meu lugar.

— Não é justo com você, todos os funcionários tiraram folga para ir, com você não seria diferente, então mesmo que não queira ir para a feira, continuará de folga até amanhã, e Denise continuará com o Noah, o que irá fazer no seu tempo livre, não me interessa! — Seu jeito rude de falar me deu uma vontade de socá-lo, queria tanto, jogar algumas coisas em sua cara, perguntar se ele tinha algum problema na cabeça ou sofria de bipolaridade, mas como sempre, deixei quieto.

— Tudo bem, mais alguma coisa, senhor?

— Não, apenas isso. — Fez sinal com a mão que eu pudesse sair.

Estava chateada, nervosa, magoada, um misto de coisas estavam acontecendo dentro de mim, tudo por culpa dele, me fez bem e agora vive como se eu não existisse, voltei para o quarto de cabeça baixa, guardei o envelope em minha bolsa e me sentei na cama.

— O que está acontecendo, Aurora? Você parece triste.

— É impressão sua, o Oliver tem algum problema comigo, só pode.

— É amor encubado. — Riu.

— Ha-ha, faz me rir Denise, olha, sinto muito, tentei convencê-lo de deixá-la ir à festa, mas não deu, agora ficaremos as duas aqui plantadas em casa, e você nem poderá sair com o Saulo.

— Ei! Quem disse que você não irá?

— Não tem como eu ir, não comprei roupa, também não tenho companhia, nem para ir ou voltar.

— Olha, não posso resolver todos seus problemas, mas espera aí. — Denise saiu do quarto com Noah, e depois voltou com uma sacola na mão. — Para você.

— O que é isso?

— Abre boba, aquele dia que fui à capital te comprei um presente.

Abri a sacola e havia uma linda calça de couro preta, e um cropped xadrez com mangas longas e bufantes.

— Denise, você não precisava fazer isso.

— Precisava sim. Você merece Aurora, tem sido minha amiga aqui nesta casa, além disso, eu gosto muito de você, olha, eu não comprei sapatos, mas eu sei que a gente calça o mesmo tamanho, e trouxe essa bota aqui para te emprestar, ficará perfeita!

— Mas, eu não tenho como voltar de madrugada para casa.

— Dorme na casa de tia Lúcia, ué, ela vai para a festa também, aí pela manhã, você vem com tio Joaquim.

— Não vou fazer isso, não posso incomodar sua tia.

— Não é incomodo nenhum, já vou falar para ela, e ela gosta de você também.

— Ai Denise, essa roupa é linda, seria uma desfeita não usá-la.

— Pois é, então já está tudo certo, lá você pode ficar com tia Lúcia caso não tenha companhia, mas tem tanta coisa e gente legal, você vai arrumar alguém rapidinho.

— Você é maravilhosa Denise!

— Você merece, deixa essa tristeza de lado um pouco, reage amiga, bota um cropped!

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Caminho Traçado - Uma babá na fazenda