Laura Stevens –
Eu segurava firme a mão de Nathan enquanto caminhávamos pelo shopping, tentando parecer o mais discreta possível. As roupas pretas largas, o boné cobrindo quase todo o meu rosto e os óculos escuros ajudavam a manter minha identidade escondida.
Nathan, por outro lado, pulava ao meu lado, alheio a qualquer perigo. Ele segurava o carrinho novo que Christian havia dado, o empurrando com cuidado, como se fosse o bem mais precioso que tinha - e para ele, era mesmo.
— Mamãe, posso tomar outro sorvete? — Ele pediu com a voz doce, me olhando com aquele olhar pidão que eu conhecia bem.
Sorri fraco, puxando-o suavemente para perto.
— Só depois que escolhermos as roupas, querido. — Sussurrei, mantendo meus olhos atentos a todos os rostos que passavam por nós.
Continuamos com o passeio; entramos em uma loja de roupas infantis e enquanto ele corria pelos corredores pegando camisetas de super-heróis, eu vigiava cada canto, com o coração batendo acelerado.
Depois de pagarmos, saímos com algumas sacolas. Nathan ainda tagarelava, contando sobre o novo desenho que queria assistir com o pai.
Foi então, que tudo aconteceu rápido demais. Assim que saímos da loja, Nathan, distraído com o brinquedo, esbarrou sem querer em uma mulher alta, elegante, com um perfume forte que imediatamente me deixou em alerta.
— Cuidado, querido! — Murmurei, abaixando para segurar firme a mão dele.
Antes que eu pudesse levantar o rosto para pedir desculpas, a mulher se virou devagar, e a voz dela soou baixa, mas firme, quase como uma sentença:
— Eu estava mesmo te procurando.
Meu coração parou.
Levantei o olhar devagar e me deparei com Amanda.
Os olhos dela estavam marejados, mas não havia doçura alguma em sua expressão. O rosto estava tenso, duro, como se lutasse contra um turbilhão de emoções.
Senti o chão sumir sob meus pés.
Por um segundo, meu instinto foi puxar Nathan e correr.
Mas minhas pernas não obedeceram.
— A-Amanda? — Sussurrei sentindo minha boca seca, engolindo em seco.
Ela me olhava fixamente, como se estivesse confirmando que eu realmente estava ali, viva, diante dela.
Nathan percebeu minha tensão e se encolheu ao meu lado, segurando mais forte minha mão.
— Mamãe? — A voz dele saiu baixa, confusa.
Amanda olhou para Nathan e naquele momento, seus olhos se arregalaram por um instante, como se finalmente estivesse encaixando as peças.
— Laura... — Ela sussurrou com a voz embargada, com os olhos intercalando entre mim e Nathan. — Meu Deus, é ele?
Engoli o nó que se formava na garganta, puxando Nathan um pouco mais para perto de mim, numa tentativa instintiva de protegê-lo.
— Amanda, a gente não pode conversar aqui. — Falei num tom baixo, tenso, olhando ao redor, rezando para ninguém perceber aquela cena.
Ela riu, um riso nervoso, com lágrimas começando a descer pelo rosto.


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