Christian Müller –
O barulho do celular tocava insistentemente, ecoando por todo o quarto.
Eu estava deitado, com Laura alinhada no meu peito, admirando seus lindos traços, considerando ignorar aquela maldita ligação que nos atrapalhava, mas infelizmente ela não parava.
Respirei fundo e me levante, indo atender ao telefone.
Na tela, o nome "Sr. Wilians", o advogado principal do Grupo Müller, brilhava com insistência.
Franzi o cenho. Se ele estava ligando a essa hora, não era algo bom.
Atendi, levando o celular ao ouvido, enquanto Laura se ajeitava no colchão, me observando com os olhos semicerrados.
— Wilians? O que foi? — Minha voz saiu grave e arrastada de sono.
Do outro lado, a voz do advogado soou tensa, apressada:
— Senhor Müller, me desculpe pela hora, mas... precisamos que o senhor venha para a empresa. Agora. É urgente.
Minha expressão se fechou, e Laura percebeu, passando a mão em meu braço de forma reconfortante.
— O que está acontecendo? — Perguntei, a mandíbula já travada.
— Não posso explicar por telefone, senhor, mas é grave. O presidente Roger Müller está aguardando, e todos os diretores também. A situação não pode esperar.
Fechei os olhos por um segundo, respirando fundo, e levei a mão aos cabelos, deslizando os dedos com força.
— Estarei aí em uma hora. — Finalizei, antes de desligar.
Laura se aproximou mais, me olhando com preocupação.
— Aconteceu alguma coisa?
—Sim. O nosso plano deu certo. Conseguimos atingir o império Müller. – Falei me levantando, virando para a olhar. —Fique aqui que eu resolvo isso e volto mais tarde.
Caminhei até o meu closet para pegar um terno, me vesti e sai do quarto já alertando Mark, que logo se levantou para me acompanhar.
Cheguei ao prédio principal do Grupo Müller com passos firmes, os olhos ocultos atrás dos óculos escuros, a expressão fechada e inabalável. O clima ali dentro era o mesmo de sempre quando uma bomba estourava: olhares baixos, cochichos e tensão no ar.
Henrique Wilians me esperava na recepção dos elevadores, visivelmente nervoso.
— Senhor Müller, obrigado por vir tão rápido.
— Não me agradeça ainda. — Respondi frio, tirando os óculos e o encarando com dureza. — Agora me diga... o que está acontecendo?
Ele pigarreou, ajustando a gravata, antes de começar a andar ao meu lado.
— Tivemos... um problema grave. Um escândalo envolvendo Arthur foi apenas a ponta do iceberg. A empresa está afundando, Christian. As ações despencaram, e investidores importantes estão retirando suas apostas. O nome da família está sendo massacrado na mídia e nos bastidores.
Arqueei uma sobrancelha, caminhando em direção à sala de reuniões.
— Não é o nome da família que está sendo atacado. É Arthur e Roger. O que vocês esperam de mim?
Ele respirou fundo, parando diante da porta.
— Que o senhor assuma o comando total, publicamente. Precisamos de uma figura forte e respeitada para acalmar o mercado. E, mais do que isso... o senhor vai precisar colocar dinheiro na empresa. Muita. — Wilians me olhou com um peso no olhar. — Ou vamos desmoronar.
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