O dia amanheceu acinzentado e eu ainda tentava me recuperar da noite anterior.
A minha cabeça estava uma bagunça e tudo o que eu mais almejava era um pouco de paz, mas parece que o universo não estava disposto a me dar isso.
Me sentei na cama, prestes a me levantar, quando de repente, ouvi algumas batidas na porta.
Suspirei e me levantei para atender, tentando ignorar o arrepio estranho que percorria meu corpo.
E então, as batidas continuaram;
—Já vai! - Gritei girando a maçaneta e assim que abri, meu coração quase parou. —Senhor Müller?
Christian estava bem na minha frente, alto e imponente como sempre. Seu olhar percorreu meu pequeno apartamento e naquele instante eu vi o julgamento estampado em seu rosto.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele passou direto por mim, cruzando a porta sem pedir permissão.
— Fique à vontade — murmurei com sarcasmo, mas ele sequer me ouviu.
Ele caminhava pelo espaço, avaliando cada detalhe com uma expressão impassível, mas seus olhos denunciavam o que ele pensava. - Deplorável.
A palavra parecia gritar no silêncio entre nós.
De repente, a voz dele quebrou aquele silêncio irritante.
— Onde é seu quarto? — ele perguntou, direto.
Hesitei por um segundo antes de apontar.
Christian seguiu na direção indicada e, antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, ele começou a mexer nas minhas coisas.
— O que diabos você está fazendo?! — perguntei, indo atrás dele.
Ele ignorou minha pergunta e abriu uma mala que estava no canto do quarto, jogando dentro dela algumas roupas, sapatos, toalhas e meus produtos de higiene.
Meus olhos se arregalaram.
— Christian, para com isso! - Pedi indo até ele, mas Christian não parou.
Quando terminou, ele fechou a mala com um clique e voltou até mim, sua expressão séria, inabalável.
— Suas coisas já estão prontas. Agora você decide. Vem por bem ou por mal.
Fiquei boquiaberta ao ouvir aquilo. Como assim?
— Você está louco! - Falei irritada e avancei para pegar minha mala, mas Christian foi mais rápido. Antes que eu pudesse reagir, ele me ergueu do chão e me jogou sobre o ombro como se eu não pesasse nada.
— CHRISTIAN! — gritei, socando suas costas. —ME SOLTA!
Ele saiu andando como se nada estivesse acontecendo, carregando tanto a mala quanto a mim sem esforço algum.
— Me coloca no chão, agora!
— Você vai acabar aceitando de qualquer jeito — ele disse, impassível.
Eu quis matar esse homem.
Ele me levou até o carro e me colocou lá dentro, fechando a porta antes que eu pudesse sequer tentar fugir.
Christian assumiu o volante e dirigiu sem dizer nada, enquanto me deixava queimando de raiva no banco ao lado.
— Você sequestrou a sua própria noiva falsa! — exclamei, indignada.

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