O hospital parecia maior do que qualquer outro lugar em que já estive.
Os corredores brancos e o cheiro forte de álcool me sufocava enquanto eu esperava saber se meu pai ficaria bem.
Eu estava sentada ao lado dele, observando seu peito subir e descer de forma irregular, vendo cada respiração parecer um esforço imenso.
O médico havia sido claro: o coração dele estava debilitado e precisaria ficar internado sob cuidados intensivos.
Meu coração estava em frangalhos.
— Pai, eu prometi cuidar do senhor e vou cumprir. — sussurrei, minha voz embargada pelo choro contido.
O médico se aproximou e antes que ele falasse alguma coisa, eu falei primeiro.
— Eu quero a melhor equipe para cuidar dele. — Minha voz soou firme, mesmo que por dentro eu estivesse desmoronando.
O médico assentiu e saiu para providenciar os exames necessários. Eu me permiti encostar a cabeça na cama do hospital, deixando algumas lágrimas escorrerem.
O som dos passos de Christian ecoou no quarto silencioso. Senti seu calor antes mesmo de ele tocar meu ombro e envolvê-lo com o braço, apertando-me contra si. O gesto trouxe uma sensação momentânea de conforto, algo sólido no meio do caos.
— Vai ficar tudo bem. — Ele murmurou no meu ouvido. — Só mantenha a calma.
Me virei para ele, buscando nos olhos dele alguma certeza que eu mesma não tinha. Minha voz saiu baixa e tremida:
— Você vai ficar bem?
Christian balançou a cabeça devagar, seus olhos suaves encontrando os meus.
— Pode acreditar que sim. Tudo vai se ajeitar.
Nos abraçamos, e por um instante, me permiti respirar. Sentir seu calor, sua presença firme, mas aquela calmaria durou pouco.
A porta do quarto se abriu de repente, batendo contra a parede. Meu coração saltou no peito quando vi Linda parada ali, com seus olhos em chamas.
— Sua desgraçada! — Sua voz cortou o ar como um chicote antes que sua mão atravessasse o espaço entre nós e acertasse meu rosto com força.
Meu rosto ardeu, mas minha raiva queimou ainda mais forte.

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