Christian Müller –
A luz fraca da manhã se filtrava pelas frestas da cortina, e por um breve momento, tudo parecia em paz.
Nathan dormia ao meu lado, encolhido, com o rostinho sereno e os cílios longos roçando a minha bochecha. Passei a mão devagar pelos cabelos dele, sentindo o peito aquecer com aquele simples gesto.
Laura estava no hospital, cuidando do pai dela… e eu fiquei com o nosso pequeno.
Ela não pediu, mas eu sabia o quanto aquilo significava para ela. E por Nathan, eu faria qualquer coisa. Por ela… eu já estou fazendo.
Fechei os olhos por um instante, tentando aproveitar o silêncio, até uma batida firme ecoar na porta do quarto.
Suspirei, com a sensação de que a calmaria estava prestes a acabar.
— Entra — murmurei, já me erguendo com cuidado para não acordar Nathan.
Era Mark, e pela expressão séria dele, o que quer que fosse, não era bom.
— Christian... temos novidades. — A voz dele era baixa, mas carregada de urgência.
Revirei os olhos, já prevendo o que viria.
Peguei meu robe, vesti por cima da calça de moletom e saí com ele. Descemos em silêncio até a cozinha, onde Maria e Dominic estavam reunidos ao redor do notebook.
— O que foi agora? — perguntei, encostando no balcão com os braços cruzados.
Mark respirou fundo, puxando o tablet que carregava debaixo do braço e passando para as mãos de Dante, seu ajudante. Ele projetou a tela em uma TV próxima. As imagens estavam embaçadas no início, mas logo a cena ganhou nitidez: o saguão de um aeroporto.
Na cena, Linda e a madrasta de Laura passavam apressadas pelos corredores, como se fugisse de algo. -E parecia ser isso.
— Elas estavam prontas para embarcar — começou Mark — mas algo aconteceu no trajeto até o portão. A polícia foi chamada...
Ele fez um gesto e Dante deu zoom em um canto da imagem. Um homem encapuzado, de roupa escura, surgia rapidamente pela lateral e, em segundos, agarrava a madrasta de Laura, arrastando-a para uma área fora do alcance da câmera.
— Alguém a raptou. — Maria completou com um tom alarmado. — A polícia está investigando, mas a equipe do aeroporto não conseguiu identificar o sujeito com clareza.
— Mas nós conseguimos algo — disse Dante, ampliando ainda mais a imagem do vídeo.
A figura do homem se tornou mais visível, e foi nesse momento que Dominic entrou na cozinha, franzindo o cenho ao olhar para a tela.
— Espera aí... — ele disse, se aproximando. — Eu conheço esse desgraçado.
Todos voltamos os olhos para ele.
— Quem? — perguntei, já sentindo a tensão subir pelas costas.
Dominic respirou fundo, como se engolisse uma memória amarga.
— É o Henri. Eu tenho certeza.
O silêncio se instalou por um segundo. Meu maxilar travou.
— Como você sabe? — perguntei, seco, encarando Dominic.
Ele desviou o olhar da tela e cruzou os braços.
— Porque eu vi esse idiota várias vezes quando a Ivy namorava com ele. Ele tinha esse costume doentio de se vestir assim, de aparecer de repente. Qualquer lugar que ela fosse, lá estava ele… como um maldito fantasma. — A raiva de Dominic era visível.
— Ela sabia disso? — Maria perguntou, surpresa.

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