Christian Müller –
A voz firme e cortante veio da porta, e nós dois nos viramos ao mesmo tempo.
Laura estava ali. Com os cabelos presos às pressas, os olhos ainda vermelhos pelo cansaço da noite no hospital, mas a postura? Impecável.
O queixo erguido, o olhar faiscando entre mágoa e raiva.
Maria deu um passo para trás, mas recuperou o sorriso dissimulado em segundos.
— Laura... — começou, com a voz doce demais para ser verdadeira. — Eu só estava...
— Eu vi, não preciso das suas palavras fajutas. — Laura a cortou, seca. — Você estava tentando seduzir meu marido, nua ou vestida, dá na mesma.
— Não seja dramática. — Maria falou com sarcasmo, cruzando os braços com ares de superioridade. — Você não tem ideia do que o Christian e eu já...
— Cala a boca! — Minha voz saiu firme, mais baixa que um grito, mas muito mais ameaçadora. — Uma palavra a mais e eu te coloco pra fora daqui agora.
Laura me olhou de relance, mas não disse nada. Respirou fundo e se aproximou devagar, com o olhar fixo em Maria.
— Você devia agradecer por eu ainda permitir que pise nessa casa depois de tudo que descobri. — Ela falou com calma, mas havia veneno em cada sílaba. — Mas já que não sabe se portar como hóspede, vai sair daqui como visitante indesejada.
Maria riu, mas estava inquieta. Ela sabia que tinha passado do limite.
— Você vai me expulsar da casa dele? Você nem manda aqui!
— Não. — Respondi, com o maxilar travado. — Eu vou! E ela manda sim, Laura é a minha mulher e você sabe disso.
A expressão dela mudou. Percebeu que não teria mais espaço para manipulação. Nem aqui. Nem entre nós.
— Você vai se arrepender disso, Christian. — Ela sussurrou com raiva. — Vai perceber que a única mulher que te entende sou eu. Tudo isso está acontecendo na sua vida por causa dela, comigo você estarão seguro e feliz.
— Eu já me arrependi por ter deixado você chegar tão perto da minha família. — Respondi. — Está a tanto tempo com a gente e ainda não percebeu nada? Você está sobrando aqui!
Ela me olhou mais uma vez, depois encarou Laura com desprezo, pegou a bolsa sobre a poltrona e saiu, batendo os saltos no chão até desaparecer porta afora.
O silêncio pairou pesado por alguns segundos.
Laura desviou o olhar, como se não quisesse que eu visse a dor que ainda restava ali, por mais que tivesse vencido.
— Você está bem? — perguntei, me aproximando, ainda enrolado na toalha.
Ela deu um meio sorriso, cansado.
— Estaria melhor se não tivesse visto isso. – Respondeu Laura, olhando meu corpo.
— Eu não toquei nela. — Falei com firmeza, pegando a mão dela. — Acredite em mim.
Laura me olhou com os olhos cheios, mas não de desconfiança — e sim de exaustão.
— É muita coisa, Christian. O hospital, meu pai, o Henri, a Maria… eu estou tentando aguentar, mas…

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