Christian Müller –
Henri estava amarrado à cadeira de ferro, o capuz já removido, e seus olhos vermelhos cravados em mim como um animal selvagem. Mas não era medo o que habitava naquele olhar. Era loucura. Ódio. Uma obsessão doentia que só crescia com o tempo.
— Incrível como nossos caminhos estão sempre se cruzando, não é, Müller? — ele disse, com a voz arrastada, o sorriso distorcido de quem perdeu tudo e não tinha mais nada a perder. — Tudo por causa daquela vadiazinha da Ivy. Ela acabou com a minha carreira... destruiu tudo.
Meu maxilar travou, e eu dei um passo à frente, pegando a barra de ferro da prateleira. O som dela arrastando no chão ecoou como um trovão no galpão escuro e úmido. Henri observava cada movimento meu com olhos arregalados, a tensão subindo como uma maré prestes a explodir.
— Você deveria estar preso desde o dia em que tocou nela pela primeira vez — murmurei, a voz baixa, perigosa.
Henri soltou uma risada insana, cuspindo no chão ao lado.
— E você... você só entrou nessa briga porque ela mexeu com o seu brinquedinho de estimação. Quer bancar o herói? Eu recebi uma proposta... dinheiro suficiente pra sumir do mapa. Tudo o que eu precisava fazer era destruir vocês dois.
Minha mão apertou com mais força a barra de ferro. Me aproximei devagar.
— Quem te pagou?
Ele soltou uma gargalhada rouca, sacudindo a cabeça com desprezo.
— Acha mesmo que eu vou falar? Vai se ferrar, Christian.
Abaixe-me diante dele, encarando-o com calma assassina. Apontei a barra de ferro para sua perna, apoiando-a com leveza, como se medisse o melhor ângulo.
— Eu não me importo de quebrar suas pernas — falei, a voz fria como gelo. — Já fiz mais por muito menos.
Henri arregalou os olhos. E então... o medo venceu.
— Tá! Tá, eu conto! — gritou, desesperado. — Só... só não faz isso!
Inclinei o rosto, um sorriso cínico se formando nos meus lábios.
— Sou todo ouvidos.
Henri respirou fundo, o suor escorrendo pela têmpora enquanto ele dizia:
— Do que adianta ter poder, Christian? Ter dinheiro, prestígio... se até o seu próprio sangue te renega?
Eu ri. Um riso curto, sem humor, como um deboche.
— Acha mesmo que me preocupo com quem se mata por dólares? Eu só quero uma coisa: que você nunca mais chegue perto da minha família.
Henri me encarou com olhos flamejantes de ódio.
— O que você viu naquela sonsa, hein? Aquela mulher que largou tudo, a carreira, os amigos, pra ficar com você? Ela não vale nada!
Firmei a barra de ferro no chão, sem desviar os olhos dele.
— Isso não é da sua conta. Eu não tenho que me explicar para um verme como você... até porque, você nunca vai saber o que é ser amado de verdade. Nós dois conhecemos a Ivy em momentos diferentes, Henri. Você a deixou por poder. Eu... deixaria qualquer poder por ela.
Fiz uma pausa, e minha voz baixou, carregada de ameaça:
— Esse é o meu último aviso: não ouse se aproximar da minha família de novo.
Levantei-me com calma, sem pressa, e encarei Mark, que observava tudo em silêncio ao fundo.
— Deixa as autoridades cuidarem desse verme. Nosso peixe... é maior.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Casamento Secreto com o meu Chefe