Laura Stevens –
O fim de tarde trazia aquela brisa mansa que balança as folhas e acalma a alma. Eu estava sentada no gramado com Nathan, vendo-o brincar com as pedrinhas e falando comigo sobre o desenho que tinha assistido de manhã. Meu coração andava apertado demais, então esses momentos de calmaria com ele eram meu refúgio.
Mas então eu vi.
O portão se abriu e, no mesmo instante, ele apareceu. Christian. Vinha andando com dificuldade, o corpo levemente curvado, uma das mãos apoiando as costas, como se carregasse o mundo — ou as dores dele.
Meu coração disparou.
— Christian?! — me levantei de imediato, com a voz entre aflita e alerta.
Nathan, sem perceber nada, deu um pulo animado ao ver o pai.
— Papai! - O pequeno gritou e correu até ele, abraçando suas pernas.
Christian tentou se abaixar, ainda curvado, com um sorriso cansado no rosto, mas era visível. Tinha algo errado.
Caminhei até ele rapidamente, ignorando qualquer tentativa dele de parecer bem. Levantei a barra da camisa e ali estava: a cicatriz. Ainda vermelha, ainda recente. Aquela ferida que ele carregava por ter lutado por nós.
Toquei de leve, o coração apertado.
— Você tá se forçando demais... devia estar de repouso. — Sussurrei.
Mas ele segurou minha mão e a pressionou contra a pele dele, olhando nos meus olhos.
— Graças a você, tá tudo perfeito.
Eu quase sorri, quase me deixei levar... até ver o brilho travesso nos olhos dele.
— Perfeito? E por que está se curvando, então?
Ele abriu um sorriso de canto e, como se estivesse escondendo um segredo, tirou de trás dele um buquê de rosas vermelhas. Tão bonitas quanto raras ali naquela cena.
— Falta uma semana para o julgamento — disse, com a voz baixa, firme. — E eu vim cortejar a mulher que eu amo... para ter certeza de que, quando tudo isso acabar, ela não me abandone nunca mais.
Eu quis rir. Quis chorar. Quis me jogar nos braços dele. Mas havia algo que precisava ser dito antes.
Meu sorriso sumiu.
— Christian... precisamos conversar. E é sério.
Ele congelou. O olhar de quem tinha acabado de subir ao céu e agora era puxado de volta pela gravidade.
— O que foi? — ele perguntou, com um riso nervoso. — Aconteceu alguma coisa?
— Vem comigo — Falei seca, já chamando a babá pra ficar com Nathan.

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