Christian Müller –
A vozinha de Nathan ecoou pela sala como um raio de sol depois de uma tempestade.
Me virei no mesmo instante e lá estava ele. Meu pequeno, corria em minha direção com os bracinhos estendidos, exibindo os olhos brilhando de emoção e alívio.
Me abaixei e o envolvi nos braços com toda a força que um coração em pedaços podia reunir. O segurei contra o peito, sentindo aquele cheirinho de shampoo infantil e o calor do corpinho dele. Fechei os olhos por um instante, como se quisesse guardar aquela cena para sempre.
— Você tá bem, papai? A ferida na barriga sarou?
Afastei um pouco para olhar nos olhos dele, sorrindo, e levantei a camisa.
— Estou bem, filhão. Olha só, está quase sumindo. E sabe por quê?
— Por quê? — ele perguntou, com os olhos curiosos.
— Porque eu comi muita verdura! Se você comer também, vai ficar forte que nem o papai.
Ele fez uma careta de dúvida, mas logo riu. Eu ri junto. Era isso.
Era tudo que eu precisava: aquele riso.
Laura se aproximou devagar, com os olhos ainda úmidos, mas agora havia um leve sorriso neles. Ela acariciou os cabelos do nosso filho e depois pousou a mão no meu ombro.
— Vamos entrar? — perguntou ela com um tom doce na voz.
Eu ia responder, mas... De repente, alguém chamou meu nome.
— Christian!
A voz de Mark cortou o ar como um alerta. Me virei no mesmo instante, o vendo correr em minha direção com o telefone grudado na orelha.
— Christian, precisamos ir. Seu pai... ele está sendo transferido. Agora!
Fiquei imóvel por um segundo. O mundo girando de novo, dessa vez rápido demais.
Olhei para Laura que logo entendeu. Ela sempre entende.
— Preciso ir, amor. Vai ficar bem?
Ela assentiu, apertando os lábios, segurando mais um pedaço de dor. Estávamos aprendendo a lidar com elas. Juntos.
Me aproximei, dei um beijo demorado na testa dela e depois me abaixei, colocando Nathan no chão.
— Cuida da mamãe, campeão.
Ele assentiu com seriedade de gente grande, me fazendo sorrir novamente.
E então, com um último olhar para os dois, me virei e segui Mark, pronto para o que estava por vir.
Os portões da penitenciária se abriram como se estivessem com raiva, rangendo alto, avisando que ali dentro não havia espaço para redenção.
O ar era mais denso, o cheiro de concreto velho misturado com desespero e metal oxidado me dava náuseas.
Caminhei por corredores estreitos, acompanhado por dois agentes. Cada passo ecoava nas paredes, mas o barulho vinha mesmo de dentro de mim — como se meu coração estivesse preso num tambor de guerra.
Quando entrei na sala de visitas, lá estava ele. Sentado, calmo, como se estivesse me esperando há anos com aquele sorriso de quem acha que ainda tem o controle.
Me sentei na frente do vidro, peguei o telefone e o encarei nos olhos.

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