Laura Stevens —
Norma caiu ao chão com um baque surdo, e no segundo seguinte, um zunido atravessou meus ouvidos como se o som do mundo tivesse sido engolido por dentro da minha cabeça.
O tempo parou. Minha visão tremulava nas bordas, mas consegui virar o rosto para o lado, o vendo ali.
Christian.
Ele estava parado, segurando a arma com as duas mãos.
Seus olhos ardiam como brasas acesas e confesso que nunca o vi tão consumido pela dor, pela raiva, pela perda, como nesse momento.
Não era só fúria. Era desespero. Um homem destruído por dentro, tentando manter-se inteiro por fora.
A arma tremia, mas seu olhar era firme. Estava preparado para ir até o fim — por mim, por Nathan, por esse bebê em meu ventre... por tudo o que nos foi tirado.
Senti o mundo girar de novo. Meu corpo cedeu.
A adrenalina que me mantinha de pé evaporou como fumaça. Meus músculos não responderam. O zunido ficou mais alto. E, então, tudo se apagou.
Acordei devagar, mas mantive os olhos fechados.
O colchão sob meu corpo era rígido, frio demais para ser minha cama. Estava no hospital, claro. De novo. E havia vozes. Duas. Baixas. Carregadas de dor e revelações.
— Nos documentos... meu avô o obrigou a assumir o filho da minha mãe e se casar com ela em troca de muito dinheiro — a voz de Christian soou rouca, falhada. — E então, meu avô pagou para matar o meu pai verdadeiro. Minha mãe entrou em depressão logo depois do parto. Norma... a traiu. Dizia que era amiga, mas manipulava as medicações. Terminou de destruí-la.
Amanda suspirou pesadamente.
— Nossa... que barra. Tudo isso... só por dinheiro. Você perdeu seus pais por causa do seu avô. Quase perdeu sua mulher, seu filho. E eles... eles não pararam.
Christian não respondeu de imediato.
Depois de alguns segundos, senti sua mão segurar a minha. Seus dedos estavam frios, como se toda a força tivesse se esvaído com a dor que carregava.
— Eu estou preparado para qualquer consequência. Só não vou permitir que nada, nem ninguém, encoste neles. Se algo acontecer... se eu...
— Acha mesmo que alguém vai te cobrar por eliminar um verme dessas do mundo? – Minha voz saiu baixa, rouca, mas firme o bastante para quebrar o silêncio.
Amanda riu, com um som leve, quase alívio.
— Você é mesmo impressionante, Laura. Ninguém te contou que é feio ouvir conversa de adultos?

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