Laura Stevens –
A luz suave do quarto misturava-se ao som calmo da respiração da minha filha adormecida nos meus braços. Eu acariciava devagar seus cabelos finos, sentindo aquele cheirinho de bebê que parecia uma mistura de amor e esperança.
Christian estava sentado na poltrona ao lado da porta, com os olhos pesados e a expressão cansada. Eu podia sentir sua inquietação, mas, por ora, precisava de espaço. De tempo para processar tudo. E ele parecia entender isso.
Pouco depois, Amanda entrou no quarto, trazendo consigo aquele ar leve que ela sempre carregava, mesmo nas situações mais tensas.
— Vai tomar um café, Christian. Eu fico aqui com elas um pouquinho.
Christian hesitou por um momento, como se não quisesse sair, mas acabou se levantando e se espreguiçando discretamente. Passou por mim devagar e por um breve instante nossos olhares se cruzaram.
Senti o aperto no peito de novo, mas desviei, focando na neném.
Ele saiu sem dizer nada, e o silêncio se instalou.
Amanda fechou a porta suavemente atrás dele e se aproximou da cama, as mãos nos bolsos da calça jeans, o olhar cheio de intenções.
Suspirei, já adivinhando o que vinha pela frente.
— Fala, Amanda — disse, olhando diretamente para ela. — O que você quer me dizer?
Ela soltou um riso bobo e estendeu os braços, pedindo para segurar a neném. Entreguei minha filha com cuidado, e ela a acomodou com carinho no colo.
— Amiga... — começou, com a voz suave — eu sei que você sabe que foi uma armação, certo? — Seus olhos me sondavam com delicadeza. — Então... por que ainda não o perdoou?
Fechei os olhos por um momento, respirando fundo. A pergunta me atingiu em cheio, mas eu já esperava algo assim. Era inevitável.
Abri os olhos, sentindo a necessidade de ser honesta.
— Eu só pedi um tempo — falei, a voz baixa. — Estou me sentindo sufocada, Amanda. Poxa... sempre fui a esposa que aceitava tudo. Que dava o benefício da dúvida. Sempre esperando a verdade aparecer, mesmo quando tudo apontava o contrário. Será que, ao menos uma vez, eu não posso me mostrar humana?
Ela me olhou com um misto de ternura e preocupação, embalando minha filha com movimentos lentos e seguros.
— É, você tem razão — admitiu Amanda, respirando fundo. — Mas... cuidado, Laurinha. Às vezes, esse "tempo" que a gente pede, pode abrir feridas difíceis de cicatrizar. Pode afastar quem só queria estar do seu lado.
Aquelas palavras ficaram no ar, ecoando na minha mente.
Era verdade.
Eu sabia.
Sabia que Christian não era culpado. Sabia que ele me amava, que sempre foi fiel, dedicado... Mas a mágoa ainda latejava. Não era só sobre ele. Era sobre mim. Sobre todas as vezes que eu tinha sufocado meus sentimentos para parecer mais forte, mais madura, mais compreensiva.
Precisava ser humana, sim.
Mas também precisava cuidar do que era meu.
Desviei o olhar, mudando de assunto antes que começássemos a discutir ou que eu desabasse ali mesmo.
— E o Nathan? — perguntei, tentando sorrir.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Casamento Secreto com o meu Chefe