Casamento Secreto com o meu Chefe romance Capítulo 197

Christian Müller –

A noite estava fria, mas não fazia muita diferença para mim. Eu já estava sendo envolvido pelo frio das minhas escolhas.

Caminhei até o carro, joguei as chaves no banco do passageiro e me sentei atrás do volante, soltando um suspiro pesado.

A verdade é que, no fundo, eu já esperava por aquilo. Já sabia que tudo estava indo bem demais para ser verdade.

Arthur sempre teve esse talento para escolher os caminhos errados. Ele sempre optou pela rota mais fácil, pelo que o beneficiava.

E, ainda assim, eu não conseguia virar as costas para ele. Não totalmente. Até porque, ao ver as marcas em seu rosto e ele ter tomado uma atitude tão drástica, me fez pensar que havia algo a mais envolvido nisso.

Minha cabeça se encheu de repente. Várias possibilidades, e aquilo me frustrou.

Peguei o celular e disquei o número de Amanda. Eu precisava de algo para me refugiar.

Ela atendeu no segundo toque.

— Alô? - A voz dela soou do outro lado da ligação.

— Só queria saber se está tudo bem — falei, mantendo a voz controlada.

— Tudo tranquilo por aqui. Nathan capotou depois de brincar tanto. Laura e Tereza estão dormindo também.

Assenti em silêncio.

— Ótimo. Obrigado.

— E você? — Amanda perguntou, com aquela atenção que era dela. — O que está acontecendo?

— Não. Só... precisava ouvir que está tudo bem aí — falei, mas nem eu acreditei no que disse.

— Como ele está? — ela perguntou, o tom mais baixo.

Respirei fundo antes de responder.

— Ele tentou se matar, mas tem algo errado... Ele tinha marcas no rosto.

Do outro lado da linha, ouvi Amanda inspirar lentamente.

— Christian, já esperávamos por isso, mas agora as coisas mudaram. Deixamos alguém passar batido. O voo, a armação, Arthur sendo torturado e obrigado a ficar calado... Tem mais alguma coisa que não está se encaixando.

— Por isso te liguei. Estou com a cabeça cheia e você... sempre sabe de tudo.

Ela soltou uma risada breve.

— Aprendi com o pior dos psicopatas — disse, se referindo a mim. — Faça o que tem que fazer, meu amigo. Eu... cuidarei deles para você.

— Amanda... obrigado. Logo estarei em casa.

Desliguei.

Havia algo que eu não consegui dizer para ela. O verdadeiro motivo de eu ter ligado.

Eu queria ter dito que li os documentos deixados naquele maldito cofre pelo senhor Müller. Que algo explicava a nossa ligação.

Queria ter dito: Boa noite, minha irmã, mas não achei o momento conveniente. Ou apenas, fui covarde de contar.

Na verdade, estar com Arthur naquela noite me fez perceber que, eu ainda poderia resgatar esse laço com alguém. Me fez perceber que, a minha ligação com Amanda e Dominic sempre foi genuína e que eu não queria perder isso.

Respirei fundo, encarando o celular por um segundo antes de ligá-lo de novo e seguir para casa.