Christian Müller -
Me apressei para ir até Ivy e confesso que, vê-la perto daquelas duas pragas, fez algo dentro de mim ferver.
Uma pequena discussão estava prestes a acontecer ali, até que Ivy soube lhe dar com tudo sem perder a classe.
E mais uma vez, fazendo algo dentro de mim se aquecer.
Ou acordar.
De repente, ela me pegou de surpresa, segurando minha gravata e me puxando para ela.
—Senhor Müller, que tal irmos? Eu estava mesmo planejando passar o dia abraçadinha com o meu marido! - Disse ela com um olhar lascivo.
Respirei fundo tentando não a levar pelas entrelinhas e agarrei a cintura dela, tirando-a dali.
Enquanto fazíamos o caminho até o carro, Andressa passou por mim encarando Ivy fixamente, fazendo meu corpo gelar. Ela estava a ameaçando e aquilo fez com que eu apertasse meus punhos firmemente, me controlando para não fazer algo que me levasse a arrepender depois.
Abri a porta para que Ivy entrasse e corri para o outro lado, dando sinal para que Simons pudesse ir.
E durante todo o percurso até a empresa me permaneci fiquei calado. Na verdade, as palavras estavam mesmo era dentro da minha mente, me deixando completamente bagunçado.
Ivy estava ali, tão perto e vulnerável ao meu lado.
Ela estava linda, com um vestido simples e delicado que realçava o corpo dela. Talvez ela nem percebesse, mas a barriga estava levemente marcada, deixando-a mais reluzente do que já era.
E eu, mesmo sentado ao lado dela, estava lutando contra mim mesmo para ficar longe, para poder manter ela e o nosso filho, seguros.
De repente a voz de Ivy soou, pedindo para que descesse antes e na hora em que Simons me encarou pelo retrovisor, assenti com os olhos fazendo com que ele parasse o carro e atendesse ao pedido dela.
Cheguei na empresa instantes depois e corri para a minha sala. Assim que passei pela porta, Mark ligou.
—Você e Andressa realmente...
—Nunca! - Eu o cortei. —Não tem mais nada de útil pra falar? Eu já estou de saco cheio desse assunto.
Assim que falei o vi hesitar, mas como era Mark, ele não iria conseguir se conter por muito tempo.
—Hoje encontrei o seu irmão por acaso, no Le Grand Caffee. - Disse ele me deixando interessado no assunto.
—O que tem? - Perguntei já descobrindo que Arthur estava de volta ao país.
—Andressa estava com ele. E a sua madrasta...A pagou por algo.
Soltei um riso.
—Eu sabia. Eles estão juntos nisso...- Antes que eu pudesse falar, a voz de Ivy do lado de fora da sala me chamou atenção. Eu então respirei fundo e continuei a falar. —Vamos nos encontrar no lugar de sempre. Preciso relaxar um pouco.
Ameacei sair, vendo Norma passar pela porta.
—Tá, você se refere a Norma, Andressa, Arthur ou... Sua esposa? - Disse ele com humor.
—Todos são fichinha para mim, menos ela. - Falei tomando mais uma dose da bebida, colocando o copo com aspereza sobre a mesa. —Eu nunca tive alguém que se tornasse meu ponto fraco antes. É difícil quando você de repente, tem algo que tem algo a perder.
—Minha nossa, Christian. Se eu fosse mulher, agora eu daria para você! - Disse Mark soltando um riso. —Acho que você está apaixonado.
—Claro que não. Ela é só...uma esposa de mentira! - Falei, sabendo que era da boca para fora.
Eu então, avaliei minhas próprias palavras e me levantei.
—Aonde você vai? - Perguntou Mark me olhando. Eu então o encarei e tirei o cartão de dentro da carteira, jogando para ele.
—É por minha conta. Nos falamos amanhã! - Falei saindo.
Como eu ainda não conseguia voltar para casa, fui direto para o escritório.
Chegando lá, vi que a luz ainda estava acesa e ao olhar para a mesa de Ivy na porta, as coisas dela ainda estavam lá, junto ao par de saltos que ela usava mais cedo.
Entrei na sala a vendo se limpar o porta-retratos com zelo. Era como se ela entendesse o significado daquela foto.
E no momento em que vi o dedo dela machucado, a encarei e sem querer minha voz saiu mais furiosa para mim mesmo do que para ela.
—O que pensa que está fazendo? - Perguntei caminhando até ela. Eu a sentei sobre a mesa e segurei a mão dela, olhando-a nos olhos em seguida. —Por favor, não se machuque.

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