O cheiro de hospital sempre me causava um aperto no peito.
O ar era gelado, as paredes brancas demais, e o silêncio opressor só era interrompido pelo som distante de passos e bipes de máquinas monitorando os pacientes.
Meu coração martelava no peito enquanto eu caminhava ao lado de Christian, a cada centímetro que eu me aproximada, sentia o nervosismo me dominar.
Assim que passei pela porta do quarto, senti um nó na garganta ao ver minha avó ali, tão frágil, perdida entre lençóis brancos e fios conectados ao seu corpo.
Sua respiração era lenta e sua pele parecia ainda mais pálida sob a luz fria do hospital. Mas o que me fez prender o fôlego foi ver que ela estava acordada.
— Como isso é possível? — Perguntei tampando minha boca, deixando meu timbre soar trêmulo. Eu encarei as médicas ao lado da cama, não conseguindo conter a minha emoção.
— Não sabemos explicar ao certo. O corpo humano, às vezes nos surpreende. Infelizmente não posso garantir por quanto tempo ela permanecerá assim. – Disse a médica, em um tom baixo quase inaudível, respeitando o estado dela.
Um soluço silencioso escapou da minha boca e antes que eu pudesse me conter, me inclinei e a abracei com delicadeza.
O calor fraco do corpo dela me atingiu, e segurei suas mãos com carinho, sentindo a fragilidade em cada toque.
—Vovó! – Falei baixo, escondendo minhas lágrimas e então, me afastei para a olhar.
Fiquei a olhando enquanto segurava sua mão por um tempo. Eu queria a ouvir falar algo. Qualquer coisa que me fizesse recordar de sua doce voz, mas eu sabia que era querer demais.
A médica soltou um suspiro e encarou as enfermeiras, tocando nas costas delas.
—Vamos dar um tempo para elas. Daqui a pouco voltamos para conferir os sinais. – Disse a médica, se retirando em seguida.
Eu as acompanhei com os olhos, vendo-as passar pela porta junto de Christian, que também respeitou o meu momento sem que eu precisasse pedir.
Eu então, voltei o olhar para ela, encarando-a com as sobrancelhas vincadas, mostrando minha confusão.
—Desculpa, o que está tentando me dizer? Fale de novo, por favor. – Falei sentindo-a movimentar os dedos na palma da minha mão, conversando comigo em código.
A primeira palavra foi “Querida”. Eu sorri, sentindo algumas lágrimas escaparem dos meus olhos.
—Oi vovó! Eu tive tanto medo de nunca mais conseguir te ver acordada. – Falei entre soluços a vendo me olhar.
Era a única coisa que ela conseguia fazer. Me olhar profundamente mostrando-se distante e escrever na minha mão, enquanto movimentava com muito custo os seus lábios.
A segunda palavra foi “Rodoviária”.
—Vovó, o que tem rodoviária? Aqui não tem uma. Será que está falando da sua casa?
E então ela escreveu “cofre”.
Eu sorri achando aquilo uma maluquice e então, ignorei os avisos, segurando as duas mãos dela.
Christian me sentou e estendeu um copo de água para mim, se colocando na minha frente.
—Ivy...- Chamou ele tendo o meu silêncio.
Ele colocou o copo de água na cadeira do lado e tirou o terno, me fazendo o olhar sem entender nada.
Christian apoiou minha cabeça no seu corpo e colocou o terno em cima de mim me cobrindo. Segundos depois, a voz dele soou abafada.
—Chore, pequena. Você vai precisar fazer isso a qualquer momento. Aproveita que estou aqui e chore o quanto quiser. Eu estou aqui com você.
Quando ele disse aquilo, comecei a desmoronar.
Chorei de soluçar, sentindo meu chão desabar. Eu perdi a pessoa que mais se importava comigo. A pessoa que passou boa parte da sua vida cuidando de mim.
Primeiro meus pais, depois minha avó. Eu estava sozinha!
Chorei tudo o que estava engasgado em mim, sentindo a cada lágrima caindo, meu corpo ficar mais leve.
De repente, senti as mãos de Christian tocando minhas costas, me acariciando delicadamente.
—Eu estou aqui com você, minha pequena. Não se preocupe, eu cuidarei de tudo.

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