Assim que o cofre se abriu, meu coração disparou. Não sabia o que esperar, mas quando meus olhos pousaram no que estava lá dentro, fiquei sem palavras.
Um urso de pelúcia.
Meus dedos tremeram ao pegá-lo. Era o meu urso. Aquele que eu amava quando era criança e que, de repente, desapareceu no dia em que fui visitar meu avô no hospital.
Eu tinha cinco anos naquela época. Agora, com vinte e cinco, segurá-lo novamente fez com que uma onda de melancolia me atingisse em cheio.
Como algo tão pequeno podia carregar tantas lembranças?
Abracei o ursinho por instinto e sem pensar, o aproximei do rosto, inalando seu cheiro. Era diferente agora, com o tempo e o mofo impregnados no tecido desgastado, mas ainda assim, de alguma forma, era familiar.
Foi então que senti algo duro dentro dele.
Meus olhos se arregalaram e meus dedos buscaram por aquela diferença no enchimento. Virei o ursinho e deslizei a mão por sua costura, até encontrar uma pequena abertura. Minhas mãos ainda trêmulas puxaram um objeto de dentro; uma pequena chave amarrada a um fio gasto.
Ao lado dela, um envelope envelhecido.
Christian se aproximou ao perceber minha reação, mas eu nem conseguia olhar para ele. Abri o envelope com cuidado, minhas mãos quase hesitantes, como se aquele papel frágil pudesse se desfazer a qualquer momento.
Dentro, havia um comprovante de depósito bancário.
A data me chocou. Era de mais de vinte anos atrás. O valor estava em outra moeda, mesmo assim, parecia alto.
Meu avô… ele havia feito esse depósito para mim?
Minha mente estava uma bagunça. Ele era o antigo banqueiro da cidade. Teria guardado esse dinheiro por todo esse tempo? Se ainda estivesse no banco, significava que acompanharia os ciclos de valorização. Quanto valeria agora?
Minha cabeça latejava. Não conseguia raciocinar direito, não naquele momento. Engoli em seco e fechei o envelope com firmeza, guardando-o dentro da bolsa sem dizer nada.
Me virei para Christian, ainda tentando processar tudo.
Seu olhar sério estava cravado em mim, atento a cada detalhe da minha reação. Ele não perguntou nada, apenas esperou.
Respirei fundo e apertei o ursinho contra meu peito uma última vez antes de soltar um longo suspiro.
— Acho que já podemos ir. – Falei sem olhar para Christian, mas eu nem precisava aguardar pela confirmação dele.
Christian respirou fundo e se colocou do meu lado, me olhando como quem sabia que eu não precisava falar nada. Ele entendi exatamente a minha dor.
De lá, fomos para a última parte.
Eu falei para Christian que queria sentir uma conexão com o lugar uma última vez antes de me despedir completamente. E então, ele me surpreendeu me levando até um lugar.
Os pequenos montes da cidade.
A brisa fria da montanha acariciava meu rosto enquanto eu caminhava até o ponto mais alto, segurando a urna contra o peito. O céu estava tingido de tons acinzentados e o sol poente desaparecia lentamente atrás das colinas, lançando sombras longas sobre as árvores.
O cheiro da terra úmida se misturava com o aroma fresco do ar e o silêncio era quase absoluto, quebrado apenas pelo assobio do vento entre as folhas.
Freei meus pés na ribanceira e meus olhos varreram toda a paisagem à minha frente.



Verifique o captcha para ler o conteúdo
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Casamento Secreto com o meu Chefe