Ivy Hunter –
Senti minha cabeça latejar.
Meus olhos se abriram lentamente e então, senti o carro balançando me causando desconforto enquanto a escuridão do lugar me cobria.
O cheiro de couro e cigarro misturado à gasolina fez meu estômago revirar. Eu estava deitada no banco de trás e ao tentar me mexer, senti minhas mãos presas por algo que me apertava firmemente.
Aos poucos, minha visão ficou nítida. Dois homens estavam na frente, discutindo.
— Você devia ter dopado ela mais! Agora vai acordar e começar a gritar! — rosnou um deles, o que estava no banco do passageiro.
— E você acha que sou babá dessa vadia? Estamos quase no destino, cala a boca! — o outro rebateu, o que dirigia.
Engoli em seco, sentindo meu coração martelando contra as costelas. Destino? Para onde estavam me levando?
Foi então que o homem no passageiro recebeu uma notificação no celular. Ele franziu a testa e abriu um vídeo.
— Ótimo. Agora temos que mostrar isso pra ela.
Meu sangue gelou quando ele virou o celular na minha direção.
A tela iluminou meu rosto fazendo meus olhos arderem e no vídeo, um homem apareceu. Ele estava amarrado, com o rosto coberto, de joelhos em um chão de concreto sujo.
O corpo era idêntico ao de Christian.
— N-não... — minha voz saiu fraca, enquanto um medo devastador se espalhava pelo meu peito.
Um segundo depois, um tiro ecoou no vídeo e o homem caiu no chão após o disparo.
Meu grito rasgou o silêncio do carro.
— CHRISTIAN! NÃO!
Outro tiro. E mais um.
— NÃOOO! — Me debati com força, sentindo o pavor explodindo em mim.
— Cala a boca! — um deles rosnou, me segurando com força.
Mas eu não conseguia pensar. Ele estava morto? Não, não podia ser.
A adrenalina explodiu dentro de mim.
Meus olhos vasculharam o carro, o desespero pulsando em cada fibra do meu corpo. Eu precisava sair dali. Agora.
Antes que eu pudesse racionalizar, fiz a única coisa que me veio à mente: joguei minha cabeça para frente com toda a força que tinha.
BAM!
Minha testa acertou o nariz do homem do passageiro, que gritou de dor, segurando o rosto enquanto o sangue escorria.
— FILHA DA PUTA! – Ele gritou, olhando o liquido escorrendo em suas mãos.
Aproveitei o momento e chutei o banco do motorista com toda a minha força, fazendo o carro balançar. O motorista xingou e tentou me segurar, mas eu já estava puxando a maçaneta da porta.
Ela então, se abriu com um tranco.
Eles frearam o carro para tentar me deter e saí correndo, tentando escapar deles.
— PEGUEM ELA!
Ouvi o som das portas batendo quando os homens saíram do carro e os passos pesados atrás de mim.
O carro saiu da estrada, capotando violentamente.
Meu corpo foi jogado para todos os lados, senti uma dor imensa no meu ventre e minha cabeça bateu em algo que não tive tempo de ver o que era.
A última coisa que vi foi o céu girando acima de mim, antes de tudo ficar preto.
Tudo estava escuro e embaçado. O cheiro de queimado, gasolina e ferro misturava-se no ar.
O carro estava tombado de lado, os vidros estilhaçados. Meu corpo doía de uma forma que eu nunca tinha sentido antes.
Tentei me mexer, mas um choque de dor me fez soltar um gemido.
De repente, olhei em minhas mãos, vendo todo sangue escorrer.
—Não, meu bebê não! – Gritei pedindo ajuda, mas parecia que aquele era o meu fim. De repente, ouvi alguns gritos e vi o brilho de uma lanterna em minha direção.
Tentei dar alguns t***s na lata do carro, quando de repente, avistei uma faísca de fogo dentro do carro, aumentando gradativamente de tamanho.
E foi nesse momento, que aquele filme de último instante, relembrando minhas escolhas certas e erradas, passando na minha mente. E em todas as cenas, ele estava lá.
—Era para ser o meu final feliz...- Resmunguei vendo o fogo aumentar e tudo desaparecer.
Morrer não é doloroso. Doloroso é todo o processo antes disso acontecer.
De repente, tudo some. A dor, a tristeza, o medo, tudo.
Seu corpo se desliga aos poucos; você para de enxergar, sua voz some, as vozes viram um enorme zumbido e por um mísero momento, você se sente em paz, se sente bem.
E então, tudo some. Tudo se desliga, se apaga, como se nunca tivesse existido.

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