Christian Müller –
Desci do carro e corri até o lugar, ignorando qualquer pedido para que eu parasse.
—Senhor, não pode ultrapassar! – Disseram.
—Ele é o marido da vítima! – Disse Mark, vindo atrás de mim.
Meu peito subia e descia em uma respiração pesada. O vento quente bateu contra meu rosto, mas eu não senti nada.
Porque ali, diante dos meus olhos, estava o carro onde Ivy deveria estar. Ou melhor, o que restou dele.
O veículo estava irreconhecível. A lataria completamente amassada, carbonizada. As chamas já haviam consumido quase tudo.
Não havia corpo. Não havia nada. Apenas cinzas.
Mark parou ao meu lado, ofegante. Seu rosto estava endurecido, como se tentasse processar a cena diante de nós.
— Ela pode ter saído antes da explosão… — Ele disse tentando ser positivo, mas sua voz soou incerta.
E então, um dos policiais se aproximou.
— Fizemos a busca no perímetro. Não há rastros de saída. A explosão foi instantânea. Não teria havido tempo.
Minha mandíbula travou.
Aquela era a confirmação.
— Vamos continuar as buscas, mas… Senhor Müller, precisamos ser realistas. — O policial hesitou. — Ninguém sobrevive a isso.
A palavra final. Ivy estava morta.
Meus punhos cerraram, minha respiração estava se transformando em um controle forçado.
O estômago se revirou em revolta.
Ivy não estava mais ali.
Minha esposa. A mulher que carregava meu filho. A única que conseguiu me fazer sentir algo além do gelo.
Mark desviou o olhar, apertando os olhos como se não quisesse acreditar.
Amanda gritou ao fundo, sendo segurada por um segurança quando tentou avançar até os destroços.
O mundo ao redor parecia um borrão. Eu apenas fitava as chamas consumindo o que restava da única mulher que realmente significou algo para mim.
Meu coração martelava com violência no peito, mas meu rosto permaneceu inexpressivo.
Então, expirei devagar.
— Acabem com isso. – Falei seco, bloqueando qualquer tipo de sentimento.
Mark virou para mim, mostrando-se atordoado.
— Christian…
— Não há mais o que fazer. O caso está encerrado. Ela morreu. – Falei sem vida, deixando a minha voz soar firme e ao mesmo tempo, cheia de tristeza.
Porque a verdade era essa.
Ivy Hunter Müller estava morta.
E eu enterraria qualquer rastro dela junto com aqueles destroços.
Eu então, me soltei rapidamente do toque.
—Tira suas mãos de mim! – Falei entre dentes, tentando dar um passo sozinho, mas cambaleei.
Ele voltou até mim e segurou meu braço novamente.
—Christian, você precisa se recompor. Precisa ir. Precisa estar lá.
Eu me soltei de novo e o encarei enfurecido.
—Eu não preciso estar em lugar algum. Não tem um corpo, não tem nada. Minha mulher morreu queimada, de forma que ela não merecia e eu ainda tenho que me mostrar firme para esses abutres?
Mark soltou um suspiro e me olhou, segurando pelas golas da camisa.
—Christian se recomponha! – Disse ele me sacudindo. —Você não pode fugir, você precisa ir até lá e finalizar esse enterro. Nem que seja contra a sua vontade. Saiba que é o que os maridos fariam.
—Marido? Eu não fui um marido. Deixei que a tirassem de mim. – Falei o dando as costas. —Saia por onde entrou e coloque a chave embaixo do tapete.
—Ah se não vem por bem, vem por mau! – Olhei para Mark confuso e então, ele me pegou pelos braços, me arrastando com ele. Fomos até o banheiro mais próximo e então, Mark me jogou debaixo do chuveiro.
Do jeito que caí, fiquei.
Ele me ajudou a me recompor, me ajudou com as minhas vestes e me levou para fora daquela casa.
Lá era o meu túmulo. Onde eu estava sendo obrigado a enterrar minhas tristezas, mas assim que eu chegasse, elas voltariam a me abraçar.
Ivy, minhas lembranças, minha dor.
Eu não conseguia me desfazer daquele lugar. Não conseguia me mover dali, porque ali estavam nossos momentos.
Eu não conseguia aceitar aquilo. Nunca duvidei dos meus iinstintos. Ela não estava morta.

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