Laura Stevens –
Christian ficou me encarando, com os olhos presos nos meus, como se tentasse enxergar além das palavras.
O ar entre nós estava carregado, denso. Eu sabia que ele estava tentando entender minhas intenções, tentando decifrar o que havia por trás do que eu estava oferecendo.
Ele inclinou a cabeça levemente para mim, exibindo seus olhos estreitos.
— Por que eu? – Perguntou ele. Simples. Direto.
Soltei um respiro proundo, o olhando fixamente. Naquele instante, nossos olhos se cruzaram e eu podia sentir toda aquela intensidade....Novamente.
— Porque você tem o que eu preciso. - Respondi direta.
Os lábios dele se curvaram em algo que parecia um sorriso, mas era sombrio demais para ser real.
— E o que exatamente eu tenho que você precisa? - Perguntou Christian, vincando as sobrancelhas.
Eu segurei a respiração por um instante antes de responder.
— Poder. Contatos. Recursos. Você comanda um hospital com um estalar de dedos.
Ele descruzou os braços lentamente, se aproximando. Eu senti o calor da sua presença, aquela energia crua e avassaladora que sempre foi dele.
— Você fala como se me conhecesse.
A forma como ele disse isso fez meu corpo estremecer. Ele estava tateando no escuro, tentando encontrar sentido na nossa conexão.
— Pesquisei sobre você. Se procurar na internet acha tudo. — Menti, com a minha voz saindo firme, mas por dentro eu tremia.
Ele respirou fundo e se se aproximou de mim, mantendo nossos olhares fixos um no outro.
— Você quer que eu invista em um projeto na sua cidade em troca de… ajudar seu filho?
Assenti mordendo meus lábios, incapaz de dizer mais nada.
Christian baixou o olhar por um segundo, e eu vi quando sua expressão mudou. A tensão nos ombros, o aperto nos punhos.
— Quem é o pai do garoto? – Nesse momento, meu coração parou.
O que eu deveria dizer?
Eu precisei de todo o meu controle para manter a expressão neutra.
— Isso importa? - Perguntei sentindo meu peito doer.
Ele riu pelo nariz, mas não havia humor em seu rosto.
— Se você está me pedindo ajuda por um motivo pessoal, sim, importa.
Mordi o lábio, sentindo minha garganta fechar.
— Ele não está na vida do meu filho. - Falei fraca, abaixando o olhar.
Christian me estudou em silêncio por um longo momento.
— E você acha que eu ajudaria vocês por quê? - Assim que eu o ouvi, o encarei de volta, sem piscar.
— Porque, apesar de tudo, você não é um homem cruel.
Ele me analisou por mais um segundo antes de soltar um longo suspiro e passar a mão pelos cabelos.
— Você não faz ideia do quem eu sou, Laura.
Ah, eu fazia. Eu sabia exatamente quem ele era.
— Eu ainda não entendi. O que você ganha com isso? Está jogando tudo para o ar pelo seu filho?
A pergunta pairou no ar.
Por um momento, eu considerei dizer a verdade, mas eu sabia que ele estava me testando.
Eu não podia dizer que eu só queria estar perto dele. Que cada célula do meu corpo ansiava por ele de uma maneira irracional e incontrolável.
Então, respirei fundo e mantive a máscara no lugar.
— Um futuro para o meu filho. Nada mais me importa do que o ver com vida.
Ele prendeu a respiração. Novamente.
Por um instante, achei que ele fosse perguntar mais alguma coisa, mas, ao invés disso, ele apenas me observou por mais alguns segundos antes de se recostar no banco, passando a língua pelos lábios em um gesto pensativo.
— Eu preciso pensar. – Disse ele com firmeza, mas com um tom baixo.
Eu então, respirei fundo e assenti, tentando ignorar o aperto no meu peito.
— Claro. – Respondi, focando nas garrafas de bebida.
Ficamos ali por mais alguns minutos. O silêncio entre nós carregado de coisas não ditas, de histórias que ele não sabia e que eu não podia contar.
Então, finalmente, Christian se levantou.
— Boa noite, Laura. – Disse ele se virando e começando a andar.
E foi só quando ele já estava longe que eu finalmente soltei a respiração que vinha segurando desde que entrei naquele maldito bar.
Naquele instante, levei a mão até o meu peito e abaixei a cabeça, deixando uma lágrima cair dos meus olhos. Ele não sabia, mas, mesmo depois de cinco anos, havia feridas em mim que ainda não conseguiram se fechar e ele é uma delas.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Casamento Secreto com o meu Chefe