Laura Stevens
Entrei no quarto, sentindo um alívio imediato ao ver Nathan acordado e sorrindo para mim. Seu rostinho ainda estava pálido, mas os olhos brilhavam com aquela energia inocente que sempre me encantou.
— Oi, meu amor — murmurei me sentando ao lado dele e ajeitando o cobertor com cuidado.
— Mamãe… — Sua vozinha saiu fraca, mas cheia de carinho. — Você ficou aqui esse tempo todo?
Sorri e passei os dedos pelos seus cabelos bagunçados.
— Claro que fiquei. Eu disse que nunca sairia do seu lado, não disse?
Ele assentiu, feliz.
— Eu quero sair um pouco, mamãe… Você me leva para passear?
Meu peito apertou. Ainda era cedo para ele pensar nisso, mas o fato de ele querer já era um bom sinal.
— Primeiro, precisamos esperar você ficar mais forte. Assim que o médico disser que pode, nós vamos. Prometo.
Nathan abriu um sorriso maior e nos seus olhos era nítido a felicidade.
— O papai também vai?
Meu corpo ficou rígido. Naquele instante, senti o olhar de Christian cravado em mim. Lentamente, ergui os olhos e o vi parado ao lado da porta, com os braços cruzados, observando a interação entre mim e nosso filho em silêncio.
Sua expressão era ilegível, mas os olhos estavam mais escuros do que antes.
— Se o papai quiser… — Falei tentando manter minha voz leve, mas Nathan não me deixou terminar.
— Ele quer! — exclamou, certo de sua resposta.
Christian não disse nada. Apenas inclinou levemente a cabeça, me analisando como se soubesse que algo estava errado.
— E a tia Sophie? E o tio Ed? Eles também podem ir com a gente?
Meu estômago revirou.
Mal disfarcei o desconforto quando ouvi o nome deles sair da boca de Nathan. Até então, Christian não sabia da existência de Sophie ao meu lado.
Engoli em seco e tentei manter o sorriso.
— Primeiro, você precisa se recuperar, meu amor. Depois, organizamos tudo, está bem?
O olhar de Christian não desgrudou do meu rosto.
Eu percebi a forma como sua mandíbula travou. Ele não disse nada, mas o jeito como seus olhos analisavam cada detalhe meu, deixou claro que ele havia captado minha hesitação.
E como se o universo tivesse decidido me salvar daquilo, a porta se abriu e o médico entrou.
— Boa noite, família... — Cumprimentou ele, se aproximando da cama e sorrindo para Nathan. — Como está se sentindo, campeão?
— Bem! Quero passear logo!
O médico riu, tocando a mãozinha dele com delicadeza.
— Isso é ótimo, mas ainda precisamos ter certeza de que está tudo certo. Você vai precisar ficar na UTI por mais 48 horas, só para garantir que seu corpinho aceite o novo órgão direitinho.
Eu assenti, sentindo uma pontada de preocupação, mas me forcei a manter a calma. Era um procedimento padrão.
— E tem mais uma coisa… — O médico continuou a falar, olhando para nós. — A partir de agora, o doutor Dominic será o responsável pelos cuidados de Nathan.
Antes que eu pudesse reagir, a porta se abriu novamente e então, Dominic passou por ela.
Christian não reagiu.
Nenhuma mudança em sua expressão, nenhum movimento. Apenas ficou ali, observando Dominic como se esperasse por algo.
E Dominic, por sua vez, manteve o olhar neutro. Profissional. Como se nada além do necessário importasse naquele momento.
Assim que o outro médico saiu, Dominic se aproximou da cama de Nathan e sorriu calorosamente para ele.
Christian. Ele estava parado na porta, com os braços cruzados.
Dominic soltou um riso e virou-se totalmente para ele, me ignorando.
— Acho que precisamos de mais uma noite daquelas, não acha?
Christian manteve o olhar nele por um segundo antes de assentir.
— Concordo. Eu realmente preciso. Passe lá hoje, é sua folga, não?
Dominic inclinou levemente a cabeça e abriu um meio sorriso.
— Eu levo a mais cara. Espero que não se entregue dessa vez. – Disse ele, se retirando em seguida.
Fiquei parada, tentando processar o que tinha acabado de acontecer.
Meus olhos voltaram para Christian, que continuava exatamente onde estava, mas com um sorriso no canto dos lábios.
— O que foi isso? — perguntei, confusa.
Ele soltou um riso baixo e balançou a cabeça.
— Ele realmente leva a mais cara. E ela acaba com a gente.
Minha expressão se contorceu em pura descrença.
— Você só pode estar brincando…
— É bebida, sua tola.
Ele murmurou antes de se afastar e voltar para Nathan.
Fiquei parada no corredor, ainda tentando entender o que diabos estava acontecendo.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Casamento Secreto com o meu Chefe