Capitulo 169
Ela entrou devagar, o olhar cheio de lágrimas, o rosto envelhecido por culpa e remorso.
Ele não a impediu. Não disse uma palavra apenas recuou um pouco abaixando o olhar como se quisesse fazer de conta que não estava a vendo.
Ficou ali, em silêncio, perto da janela, os braços cruzados e a cabeça baixa, enquanto a observava se aproximar da cama de Mariana.
— Filha... — a mulher sussurrou, ajoelhando-se ao lado da maca — mamãe está aqui... estou aqui, meu amor.
Mariana chorava, delirando.
— Me abraça, mamãe... me abraça... — ela tremia — só você acalma a dor... por que me abandonou... as noites sem você, você sabia que só você podia fazer a dor passar.
— Não foi por mal, foi o único jeito de te proteger, para que você não piorasse, mas eu não sabia que já estava tão grave, é tudo culpa minha, por não ser mais forte...
Andrews ouvia cada palavra como se lhe arrancassem parte do peito.
Lembrou-se da infância da irmã, da maneira como ela se agarrava a sua, mas nos momentos em que via ela sofrendo nas mãos do próprio marido e pai deles.
O som do choro de Mariana preencheu o quarto.
A mulher a abraçou, com delicadeza, lágrimas silenciosas escorrendo por seu rosto.
Andrews não suportava nem a ideia de olhar, continuou de costas, ficando de frente para a janela, o olhar perdido no reflexo do vidro, a mente neutra, mas o coração em pedaços.
Sentiu passos se aproximando atrás de si, em seguida um discreto puxão na barra de sua camisa, como quem estivesse tentando chamar sua atenção.
E então ouviu.
— Me perdoa. — disse a mãe, com a voz fraca. — Por ter deixado vocês. Por tudo. Eu fui covarde… mas agora… estou aqui.
Andrews continuou parado, imóvel.
Seu peito se movia com respirações lentas, como se lutasse para manter o controle.
Então ela tocou seu ombro.
Ele não se afastou. Mas também não se virou.
Apenas ficou ali, quieto, como se ainda não soubesse se havia perdão possível.
E enquanto Mariana dormia em paz como se realmente sua mãe fosse um remédio, Andrews fechou os olhos com força, tentando conter as lágrimas.
— Seu cretino. Como pode fazer isso com a sua mãe? — ela fungou. — Mas, por mais que esteja grande, por mais que use terno e pose de homem... você ainda é só o meu menino!
Andrews soluçou. Um som seco e inesperado.
Não disse nada. Apenas continuou de costas, os ombros tensionados, como se estivesse segurando o mundo inteiro ali.
Então ela o puxou pela barra da camisa, com a pouca força que tinha, ele apenas obedeceu a seu gesto e se virou.
E ela o abraçou.
Apertou-o com força, os braços finos ao redor da cintura dele, o rosto afundado no peito do filho. E quando sentiu as lágrimas dele caindo, silenciosas, encharcando o tecido do casaco, ela chorou também.
— Me perdoa...
Andrews não resistiu. A abraçou de volta. Forte. Como se não quisesse soltá-la nunca mais. Todo o rancor, a mágoa e os anos de dor... desfeitos num único abraço que foi esperado por tantos e longos anos.
Minutos depois, os dois caminhavam pelos corredores do hospital.
Falavam pouco, mas as palavras trocadas tinham peso. Andrews olhava de lado, de tempos em tempos, observando a mãe como se ainda não acreditasse que ela estava ali.
— Quem te trouxe? — ele perguntou.

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Os comentários dos leitores sobre o romance: Esposa impostora e o Magnata Sombrio.