Cap.42
Eles continuaram sua rotina naturalmente, mesmo depois do clima tenso que permaneceu no ar após Talyta ter ido embora.
Donovan os acompanhou até a porta da academia. O semblante dele ainda estava pesado, mas a voz saiu firme:
— Querem que eu leve vocês para casa?
Brenda sorriu de leve e balançou a cabeça.
— Não precisa, Donovan. Hoje vamos caminhar juntos.
— Ah, sim… um momento especial para os pombinhos. Bom… vou para casa, meu braço tá ferrado mesmo.
— Tem certeza que pode dirigir? — Brenda perguntou, sorrindo, pronta para sugerir que podia levá-lo. Mas ele apenas entrou no carro irritado, batendo a porta com força.
— Vocês vão ficar bem?
Gabriel confirmou com um aceno, e Donovan os encarou por um instante, como se quisesse dizer algo a mais. Mas, em vez disso, apenas assentiu e seguiu em direção ao carro, desaparecendo na rua.
O ar da noite estava fresco, e as luzes da cidade começavam a tomar conta do caminho. Brenda ajeitou a mochila nos ombros e suspirou.
— Hoje foi… intenso, né?
Gabriel deu um riso baixo.
— Isso é pouco. Até eu melhorei, mas tenso mesmo foi o clima entre Talyta e Donovan. Parece que eles estão se desentendendo quando nem mesmo são próximos. Donovan estava bem irritado hoje.
Os dois caminharam lado a lado, e por alguns instantes só o som dos passos acompanhava a conversa não dita.
— Sabe, Talyta está numa situação muito delicada… talvez só esteja um pouco sensível. Pode ser que Donovan não tenha feito nada de errado, sei lá…
Gabriel ergueu as sobrancelhas, refletindo, mas não respondeu. Apenas assentiu lentamente.
Brenda o olhou de lado, com um sorriso curioso.
— Será que ela não gostou dele? Estava tão incomodada pela forma como ele estava agindo.
Isso arrancou um riso de Gabriel, mas que logo sumiu.
— Donovan não gosta de ninguém. Ao menos… ele parece querer fugir disso.
Brenda sacudiu a cabeça, divertida, mas sua voz saiu mais suave:
— Ninguém consegue fugir do coração.
A frase pairou entre eles como algo maior do que parecia, e Gabriel apenas sorriu, sem discutir.
Seguiram em silêncio pelos últimos metros até que pararam diante da porta de Brenda.
Mas a mulher continuava, ignorando-a, fazendo cada palavra soar como um julgamento final.
— Eu trouxe provas. — Ela ergueu alguns papéis, a voz embargada de falsa dor. — Aqui está a carta de divórcio. O meu marido não aguentou a pressão depois que essa menina entrou no caminho. E quando ele não quis ficar com ela… ela deu um jeito de colocá-lo atrás das grades! É isso que vocês estão ouvindo: ela mentiu! Mentiu sobre tudo e ainda fez ele ser preso! Minha família está destruída por causa dela!
— Mentira! — a voz de Brenda saiu em um grito, trêmulo, quase desesperado. — Isso é uma mentira absurda!
Seu pai franziu o cenho, sua mãe a olhava em silêncio, e o peso do ceticismo deles caiu sobre Brenda como uma pedra. Nenhum deles acreditava nela.
— Vocês não estão ouvindo?! — ela insistiu, lágrimas já se formando nos olhos. — Essa mulher está distorcendo tudo!
Sua mãe avançou um passo. O tapa veio seco, estalando ao redor e congelando Brenda. O rosto ardeu, mas o choque foi maior que a dor.
Ela ergueu o olhar, cética, amarga.
— A minha palavra nunca valeu nada para vocês, não é? — a voz saiu baixa, quase um sussurro venenoso. — Nem mesmo ouviriam os fatos para entender o que aconteceu antes de qualquer ação.
Sua mãe, rígida, cruzou os braços.
— Eu falhei na sua criação. Esse é o resultado de deixar alguém como você viver do jeito que quer. Você não só envergonha nossa família, como destrói lares alheios. Nem sei se já te vi como filha um dia. Sempre foi contra tudo, se tornando uma completa estranha.
Brenda riu, um riso nervoso, quebrado.
— Então é isso… você está dizendo que nunca me viu como filha?

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