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Esposa impostora e o Magnata Sombrio. romance Capítulo 46

Capítulo 46: Ecos de Ódio e Desejo

Donovan levantou uma sobrancelha, reconhecendo a seriedade no tom de Andrews, mas não disse nada, ele apenas acenou, compreendendo a urgência da tarefa, e fez como ele havia pedido.

— Deixe comigo — respondeu Donovan, e, em poucos minutos, ele já estava fora da sala, tomando providências para atender ao pedido de Andrews.

Andrews ficou ali, em silêncio, refletindo sobre o que acabara de pedir. Ele não tinha certeza do que estava tentando fazer ou se aquilo era realmente o certo, mas, de alguma forma, ele queria que Aurora soubesse que ele se importava, que ela não estava sozinha, mesmo que suas ações anteriores tivessem mostrado exatamente o oposto.

Alguns minutos depois, Andrews escutou um som vindo do andar de cima, um grito agudo, seguido de um choro abafado. Ele parou, congelando por um momento, ouvindo atentamente. Aquele som.... era Aurora.

Ele se levantou rapidamente da cadeira e caminhou até o corredor, chegando perto do quarto dela. A porta estava ligeiramente entreaberta, e ele viu, através da fresta, a figura dela encostada na cama, com as mãos no rosto, soluçando enquanto sorria.

A mistura de sentimentos em seu rosto era indescritível.

Aurora estava gritando, mas a emoção por trás das palavras era ambígua. Era como se estivesse comemorando algo importante, mas, ao mesmo tempo, a dor era tão evidente que não sabia se aquilo era uma reação de felicidade ou tristeza.

Eram lágrimas de alívio de alguém que estava muito desesperado e que, agora, não conseguia entender como, na última instância, tudo parecia ter tomado um rumo inédito.

Foi então que a culpa atingiu Andrews com força. Ele se sentiu pequeno diante daquela cena, culpado por todas as palavras duras que havia dito, por todas as acusações que havia feito. Ele sabia que havia machucado Aurora, mas, ao ver a reação dela agora, percebeu que, talvez, de alguma forma, tenha feito escolhas ruins.

Ele deu um passo atrás, sem querer invadir o momento dela, mas, pela primeira vez, queria se desculpar. Precisava corrigir sua atitude.

Com um suspiro pesado, Andrews voltou para o escritório, com a mente fervilhando de pensamentos, tentando encontrar uma solução.

— Você a viu? — Jacy perguntou antes de ele entrar no escritório.

— Não precisamos nos ver agora — ele respondeu com frieza, entrando na sala e batendo a porta.

Aurora não tinha saído do quarto naquele dia. Ela estava ali, sentada na cama, as pernas cruzadas sob a colcha, imersa em seus próprios pensamentos. Só era interrompida quando Jacy entrava trazendo sua refeição, mas, após isso, voltava o silêncio, interrompido apenas pelo som das batidas suaves na porta, quando Jacy vinha vê-la.

— Aurora, você ainda está aqui? — perguntou Jacy, entrando com um olhar preocupado. — O que aconteceu? Por que não saiu?

Aurora levantou os olhos para ela, mas não respondeu de imediato. Naquele momento, tantas coisas tinham acontecido que ela não conseguiu encontrar coragem para enfrentar Andrews. Ela apertou os olhos, tentando afastar esses pensamentos.

— Quando Andrews sai de casa? — perguntou ela, a voz baixa, quase implorando para que Jacy não a questionasse mais.

Jacy, sem entender muito bem, deu um passo à frente, com a testa franzida.

— Ele… ele não saiu ainda. Mas por que você está perguntando isso?

Aurora bufou e virou o rosto para a janela, onde a luz do dia já começava a desaparecer, dando lugar à escuridão, aumentando seu receio. O que ela sentia por Andrews era um conflito violento. Era raiva, era desejo, e nenhum dos dois era fácil de lidar. Mas o que mais a consumia era o ódio.

— Eu nunca odiei alguém tão profundamente como odeio Andrews Westwood — disse ela, com uma clareza que cortou o ar. Cada palavra parecia pesar mais que a anterior.

Jacy ficou em silêncio, surpreendida com a intensidade de suas palavras. Aurora nunca tinha expressado de forma tão aberta o que pensava sobre o marido. Mas, antes que pudesse responder ou perguntar mais, os passos de Andrews ecoaram no corredor, e a porta do quarto se abriu ligeiramente. Ele estava ali, no limiar, escutando cada palavra.

As palavras dela o atingiram de maneira diferente. Ele queria entrar, queria se aproximar, pedir desculpas, mas, naquele momento, algo dentro dele o impediu. Ele apenas se fechou e decidiu não ceder.

Com um movimento brusco, ele entrou no escritório com o olhar de raiva queimando. Não havia nada que Jacy pudesse fazer, então voltou ao quarto de Aurora.

— Vocês não deveriam ser assim, sempre destilando ódio um pelo outro... por favor... — ela suplicou.

Mas o silêncio tomou conta do quarto. Jacy viu Aurora dar um suspiro pesado e, então, se levantar da cama e se dirigir até o espelho grande que adornava uma das paredes.

Ela se observou, os olhos caindo sobre seu próprio reflexo, e, por um momento, as lágrimas ameaçaram cair. Ela fechou os olhos para as emoções que a estavam consumindo. Tudo parecia tão confuso, tão errado e, ao mesmo tempo, tão desejado.

Ele podia ser odiado, e, ainda assim, o que sentia parecia genuíno. Como se conseguisse separar os dois estados de Andrews em sua mente, e isso a desarmava de uma maneira que ela não conseguia explicar.

Ela abraçou a si mesma, apertando os braços ao redor do corpo, tentando afastar a sensação de vazio.

— Não.... não posso — murmurou, batendo na própria face, como se tentasse acordar de um pesadelo. — Não posso me render. Não posso...

— O que há de errado? — Jacy perguntou mais uma vez.

— Não é nada, eu só quero descansar um pouco. — ela murmurou, encarando a mão enfaixada e engolindo em seco ao olhar para o lado de fora pela sua janela.

Ela percebeu que, em breve, mais uma noite estaria se aproximando. E Andrews estaria andando por aí sem consciência do que estava fazendo.

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