Cap. 77: Uma nova forma de viver.
Andrews abriu os olhos de relance, e o sol já iluminava seu quarto. Ele piscou algumas vezes, confuso. Afinal... ele tinha conseguido dormir até a manhã?
Levantou-se de vez, olhando ao redor, mas Aurora não estava mais ali. Saiu às pressas e encontrou Jacy a alguns metros, trazendo uma bandeja.
— Onde ela está? Isso é para ela?
— É o seu café da manhã, senhor Andrews. Aurora saiu antes do sol nascer.
— Por quê? — Ele perguntou, desanimado.
Jacy sorriu, percebendo algo em sua expressão.
— Não sei. Ela saiu quase como se estivesse fugindo e disse que não voltaria mais à mansão.
Andrews franziu a testa.
— Você sabe por que Helena estava aqui?
— Sinto muito, senhor Andrews, não consegui impedir seu amigo Rodrigo... Mas hoje mesmo, Helena já está sendo deportada. Tanto ela quanto o pai dela já não fazem mais parte de nada neste país.
— Ótimo.
— Rodrigo aprontou algo? — Jacy perguntou, engolindo em seco.
Andrews se virou para ela, as mãos nos bolsos da calça do pijama, soltando um suspiro pesado.
— Acabo de deportar Helena e o pai dela por se meterem nas minhas coisas. Se seu filho continuar assim, Jacy, eu vou mandá-lo para outro país por bem mais tempo.
A voz dele era calma, mas carregada de firmeza. Donovan, que se aproximava, parou ao ouvir aquelas palavras. Logo atrás, Rodrigo surgiu ainda de pijama, segurando uma xícara de café. Ele a ergueu levemente para Andrews, como um aceno casual.
— Eu vou me arrumar. Prepare o carro. Quero ir até a universidade e saber pessoalmente o que está acontecendo.
Rodrigo se virou para Donovan, cruzando os braços.
— Foi verdade tudo o que você disse ontem?
Donovan deu de ombros.
— Talvez sim, talvez não. Mas se quer saber... Ele vai lá ver com os próprios olhos.
Rodrigo ficou pensativo.
— E se nós acelerássemos esse processo? Que tal pedir ajuda a Alice para aproximar os dois?
Donovan riu, balançando a cabeça.
— Conhecendo Andrews, ele mesmo vai se sabotar. Ele nunca diz a verdade para si mesmo.
Rodrigo sorriu de canto.
— Então, o que acha de dar um pequeno empurrão?
Donovan ergueu uma sobrancelha.
— O que você tem em mente? Quer ser deportado? Você não deveria ficar enfiando os pés pelas mãos e achando que eu vou te apoiar nessas merdas!
Rodrigo nem teve tempo de responder antes que um tapa certeiro de Jacy acertasse sua cabeça.
— Se você continuar incomodando Andrews, sou eu quem vai te deportar! O que tem que acontecer, simplesmente vai acontecer.
Rodrigo gemeu de dor, massageando o couro cabeludo, enquanto Jacy se retirava. Donovan a seguiu como um cachorrinho fiel.
Rodrigo pegou o celular e começou a digitar uma mensagem.
— Apenas uma pequena movimentação no tabuleiro... Você não vai me fazer parar tão facilmente.
Na Universidade
Andrews saiu do quarto já vestido formalmente. Seu terno escuro contrastava com a expressão impassível, mas determinada, em seu rosto.
Donovan, sentado no sofá da sala, ergueu uma sobrancelha ao vê-lo.
— Então era isso? — Andrews perguntou, estreitando os olhos para Donovan, que desviou o olhar, sabendo que fora pego.
— Por que não continuamos averiguando tudo? — A diretora sugeriu. — Ah... falando nisso, eu deveria lhe agradecer por ceder uma bolsa de 100% para uma aluna.
— O que tem essa aluna de tão especial para merecer agradecimentos?
— A verdade é que ela é um talento esportivo. Garantiu duas medalhas de ouro no campeonato entre universidades. Esse ano... pensamos que a perderíamos, já que teria que sair.
— Ela está aqui agora? O que ela faz?
— Bom... ela já está fazendo.
A diretora apontou para a multidão de alunos treinando.
Andrews estreitou os olhos e varreu o local com o olhar. O clamor aumentava, e então ele reconheceu uma voz familiar entre os gritos.
— VAMOS, AURORA!
Era Alice. Ela e um grupo de estudantes gritavam animadamente.
Intrigado, Andrews direcionou o olhar para o centro do tatame.
No exato momento em que seus olhos pousaram sobre a cena, viu Aurora jogando um adversário no chão com um golpe certeiro, sua postura imponente e vitoriosa.
O impacto foi tão forte que o rapaz caiu por cima de outro competidor, arrancando aplausos e gritos empolgados da plateia.
Aurora ergueu os braços em comemoração, um sorriso genuíno iluminando seu rosto. Mesmo com a mão enfaixada, consequência do corte que ainda estava cicatrizando, ela exibia uma força impressionante.
Andrews deu um passo para trás, surpreso.
— Ela... não parece indefesa para mim... — Sua voz saiu falha, e ele engoliu em seco.
Donovan, ao seu lado, também parecia perplexo.
— Ela derrubou um cara duas vezes maior que ela... — Murmurou, ainda absorvendo a cena.

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