85 gratidão misturado com frustração.
Por um instante, ela permaneceu imóvel. Mas então, de repente, ele sentiu o corpo dela estremecer. Os soluços vieram em ondas, rasgando o silêncio da sala. Aurora agora chorava copiosamente, agarrando-se à camisa dele como se fosse sua única âncora.
Andrews manteve o abraço firme, deslizando a mão pelas costas dela em um gesto reconfortante.
— Está tudo bem… Você pode acordar, Aurora. Eu estou aqui.
Ele continuou repetindo essas palavras, deixando que ela chorasse tudo o que precisava, sentindo o aperto de suas mãos afundando no tecido de sua roupa.
Assim que Alice entrou na sala, encontrou Andrews ainda segurando Aurora nos braços. Ele não disse nada, apenas ergueu o olhar para a amiga da esposa e, com um gesto sutil, pediu que se aproximasse.
Alice hesitou por um instante, mas logo caminhou até eles. Com cuidado, Andrews soltou Aurora, entregando-a para a amiga, que a abraçou imediatamente. Aurora ainda tremia, mas agora tinha Alice ali para ampará-la. Sem dizer mais nada, Andrews se levantou e saiu da sala, fechando a porta atrás de si.
Do lado de fora, encontrou o superior que havia tomado a decisão precipitada de acusar Aurora. O homem parecia desconfortável, a vergonha visível em seu rosto ao encarar Andrews.
— Senhor Andrews, eu sinto muito por tudo isso… Eu realmente não sabia…
Andrews cruzou os braços, o olhar cortante.
— Se sente tão mal, então faça sua carta de demissão. Seria mais adequado para você agora.
O homem arregalou os olhos, abrindo a boca para protestar, mas nada saiu. Sabia que discutir não adiantaria. Engolindo em seco, ele assentiu, sentindo o peso daquela decisão inevitável.
Andrews virou-se, deixando o homem para trás, e foi até Rodrigo, que estava escorado na parede. O desconcerto era evidente em sua expressão e, pela primeira vez, parecia sentir-se tão culpado quanto os outros.
— Você tem que parar de fazer as coisas por conta própria — Andrews disparou, a voz fria. — Tem que parar e aprender a me ouvir. Se queria dar um emprego a ela, como minha esposa, ela deveria estar no andar superior, no mínimo perto da minha sala. E se alguém disser algo, basta demitir. Para cada funcionário que vai embora, há cinquenta querendo a vaga. Apenas faça o que for necessário para mantê-la em um lugar seguro.
— Eu sinto muito… como sempre, você está certo.
— Então por que não aprende a me ouvir? Fica fazendo coisas pelas minhas costas? Que merda mais você anda fazendo e achando que vai dar certo?
— Bom... é por isso que você é o bilionário aqui. Eu fui mimado demais pela minha mãe, nunca tive essa visão fria que você tem das coisas.
— Não me interessa o que é ou não. Só quero que me escute. De toda forma. E pare de fazer coisas às minhas costas. — Ele avisou, recuando ao se virar.
Rodrigo respirou fundo, tentando encontrar as palavras certas, mas antes que pudesse dizer algo, hesitou. Então, com um olhar incerto, chamou Andrews:
— Tem mais uma coisa que eu estava fazendo… Mas não contei a você.
Rodrigo deu um passo para trás.
— Não foi essa a intenção… Eu só achei que… assim ela poderia amolecer o coração por você. Mas parecia que ela estava ficando com mais raiva ainda.
— Que ideia genial! — Andrews riu, mas não havia humor em sua risada. Apenas sarcasmo e uma fúria fria que parecia prestes a explodir. Ele se aproximou da mesa, pegando um dos cartões com seu nome. O encarou por um segundo antes de soltá-lo com desgosto.
Então, com um movimento brusco, passou o braço sobre a mesa, derrubando tudo no chão. Caixas de bombons se espalharam, flores se quebraram, os ursos de pelúcia rolaram pelo chão. Perfumes se espatifaram contra a parede, espalhando fragrâncias doces no ar. O barulho ecoou pela sala, mas Rodrigo não ousou falar nada.
Ele apenas observava, sem saber como reagir.
Andrews virou-se para ele, os olhos sombrios.
— Você vai limpar essa sala. Com as próprias mãos. E nunca mais faça nada por mim. — Sua voz era pura ameaça, cada palavra carregada de um peso inquestionável. — Eu não quero nada com a Aurora. Assim como ela não quer nada comigo. Você acha que eu quero isso de novo? Ser rejeitado por qualquer mulher? Não se equivoque. Eu não faria essas coisas. E não daria isso a ela. Tudo isso é perda de tempo.
— Você está certo… eu estava apenas me iludindo. Vocês dois não têm como ficar juntos. — ele concordou, visivelmente constrangido.
Engoliu em seco, observando o estrago no chão e a expressão impiedosa de Andrews. Sem escolha, apenas assentiu, aceitando a ordem sem protestar.
Andrews lançou um último olhar de desprezo para os presentes espalhados antes de sair da sala, batendo a porta atrás de si.

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