Brandon
Alexander entrou com Evelyn… e por um instante… eu me perdi nela.
Eu estava me dando bem com a Alessa, mais do que jamais imaginei… mas os sentimentos pela Evie… pela minha princesa… ainda estavam aqui.
Só que o Alex… fez questão de me mostrar… em segundos… a quem ela pertencia.
Assim como deixou claro o motivo dele estar ali.
Só que eu… não acolhi a atitude dele muito bem.
Eu senti uma pontada.
Começava sempre assim… com aquela pontada quase imperceptível… bem no fundo da minha cabeça… como um nervo roçando… avisando.
As coisas ao meu redor, que antes pareciam normais, começavam a distorcer.
Um olhar… um tom de voz… até mesmo o silêncio… tudo começava a soar como ameaça.
E então… vinha o calor.
Uma raiva que começava no estômago… subia pelo peito… e explodia na garganta.
Um incêndio que eu sentia se espalhar… consumindo a lógica.
As vozes na minha cabeça… aquelas malditas vozes… sussurrando que eu não era suficiente… que ninguém me queria de verdade… se transformavam em berros.
Gritos.
Gritos que só eu ouvia.
Os fantasmas da minha vida… as manipulações e mentiras do meu pai… tudo junto… gritando… querendo uma saída.
E eu tentava segurar.
Juro por Deus… eu tentava.
Mordia a língua… fechava os punhos… forçava minha mente a focar em outra coisa.
Mas era como tentar segurar uma avalanche com as mãos nuas.
O monstro dentro de mim… já tinha as rédeas.
As palavras… ah, as palavras eram as piores.
Elas se afiavam na minha garganta… viravam lâminas… prontas pra cortar… pra destruir.
Eu sabia que elas iam machucar… eu tinha consciência… mas o controle já era uma ilusão.
Eu assistia tudo de fora… preso… enquanto o monstro agia.
Quem eu amava… eu odiava.
Quem eu queria proteger… eu machucava.
E quando tudo acabava… o que ficava era só o rastro.
Nas pessoas… dor, medo, tristeza.
Em mim… culpa, desespero e um desejo incontrolável por perdão.
Mas o perdão… ele nunca vinha.
Porque a dor… ela deixa marcas… e contra isso… é difícil lutar.
A Evelyn me perdoava… mas… no fundo… era mais medo do que perdão.
Ela dizia “tá tudo bem”… mas era automático… uma defesa.
Mas hoje… com o Alex…
Foi diferente.
Ele não me perdoou por medo.
Ele me perdoou… porque acredita que eu posso mudar.
E eu…
Tô disposto a tudo pra provar isso. Tô disposto a fazer por merecer.
— Vamos lutar contra esse inferno… juntos.
Ele disse… levantando o pulso.
Um gesto nosso… e dos caras.
Bati meu pulso no dele.
— Juntos. — Respondi.
A porta se abriu… e o restante dos nossos irmãos entraram.
Alexander se levantou… me olhando com aquele sorriso de lado dele.
— Então… vamos começar. — Ele me estendeu a mão.
Eu segurei.
— Que porra é essa, Alex? — Jack foi o primeiro a falar.
— Onde está a Jo? Ela não tinha consulta? Vocês não iam sair? — Alexander perguntou, como quem quer desviar do assunto.
— Ela tá doente? O que aconteceu? — Perguntei… dando um passo à frente. Jackson fez o mesmo.
— Minha mulher não tá doente. — Jack respondeu com os olhos cravados nos meus. — Ela só tem uma marca… que um cretino deixou nela.
Eu engoli seco.
Alexander se colocou entre nós.
— Jack… não. — Disse firme.
— É sério isso? — Jackson continuou, furioso. — Você vai ficar do lado dele? Depois de tudo?
— Aqui não tem lados, Jack. Somos família. — Alex disse… se aproximando mais dele. — E família… resolve as coisas… junto. Se isso significar carregar o Brandon… então a gente carrega.
Ele colocou a mão no ombro dele.
— A guerra que tá vindo… é maior que todas as mágoas entre a gente.
— Não é só mágoa, Alex! — Jack rebateu. — É dor! É marca! É o que esse maldito… — Ele apontou pra mim. — Tirou da gente. Tirou da Sophia. Sua irmã. Nossa pequena.
Ele tava certo.
Alex podia me perdoar…
Mas ele nunca poderia exigir que os outros fizessem o mesmo.
— Alex… ele tem razão. — Minha voz chamou a atenção de todo mundo.
— Ah, cala a boca, Brady! Vai se fazer de vítima agora? — Foi a vez de Ben. O olhar dele era puro desprezo.
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