Capítulo 155 – Vamos começar.
Alexander
Quando vamos para a guerra… nos preparamos para tudo.
Porque na guerra… o seu inimigo não te odeia por uma briga, por uma mulher ou por um jogo que ele perdeu.
Ele te odeia pela farda que você usa… pela bandeira estampada nela.
E nós… nos acostumamos com isso.
Matamos eles como eles nos matam…
Sem porquês.
Sem ressentimentos pessoais.
Eu odiei Brandon.
Ou… pelo menos… achei que o odiava.
Pelo que ele se tornou… pelo que fez com as minhas irmãs… pelo sofrimento que me causou… e por todas as merdas dele ao longo desses dez anos.
Só que hoje…
O que eu estou sentindo… não é ódio.
Eu amei esse cara.
Ainda amo. Sim… pelo que tivemos antes de tudo isso.
Mas o que eu sinto por ele agora…
É pena.
Merda… pena?
Esse sentimento não se sente por alguém que… até poucos dias atrás… você chamava de inimigo. Que você dizia odiar.
Pena… por Brandon Anderson?
É absurdo.
Droga… mas é isso.
É isso que eu tô sentindo.
E o pior?
Eu não sei como lidar com isso.
Mesmo quando ele tentou se virar contra a Evelyn…
Mesmo pelas palavras cruéis que ele despejou… só pra me ferir…
O meu olhar pra ele… nesse exato momento… é o mesmo:
Pura pena.
Uma porra de pena que tá me corroendo.
— Alessa. — Chamei, minha voz saindo mais grave que o normal.
Ela estava agachada ao lado dele… passando a mão pelos cabelos dele… como se aquilo fosse capaz de acalmá-lo.
— Vá com a Evelyn. Eu cuido disso.
— Não. — Ela respondeu… sem hesitar… sem nem mesmo me olhar.
Suspirei… tentando manter o controle.
— É uma ordem. — Meu tom saiu seco… carregado da autoridade que eu costumava usar.
Agora… eu finalmente ganhei a atenção dela.
Alessa se levantou… veio até mim… e, por um segundo…
Eu enxerguei o Enzo nela.
O Don galanteador, extrovertido… mas que… quando precisa se impor…
Exala autoridade.
— Estou na sua casa… — Ela disse, com os olhos cravados nos meus. — Mas isso muda assim que eu passar por aquela porta.
E se eu for… ele vai comigo.
As palavras dela foram cortantes.
Sem vacilo.
Sem dúvida.
Sem medo.
Ela era uma Mancini.
E me deixou isso bem claro.
— Ele não sai daqui. — Me aproximei bem dela. — Mas você vai. E antes que diga… não me importo com quem você é… nem com quem é a sua família.
— Não compra essa briga, Alexander Sterling.
— Eu já comprei.
Essas foram minhas palavras finais. Me coloquei de lado, fazendo sinal para que ela passasse. Alessa não mediu forças comigo. Ela sabia exatamente quem eu era.
Eu não temo ninguém.
Nem mesmo a máfia.
E costumo ter minhas ordens acatadas.
Quando ela saiu, me dirigi até a minha mulher, que ainda tremia.
Seus olhos… iam de mim para ele… de forma rápida, nervosa… como se a qualquer momento ele pudesse levantar e surtar de novo.
Segurei o rosto dela entre minhas mãos e dei um beijo rápido em seus lábios.
— Procure a Amélia… fique com ela… não quero você sozinha até eu terminar aqui.
— Não quero sair sem você… — As lágrimas escorriam pelo rosto dela. O medo… estava ali. Estampado nos olhos dela de novo.
E por culpa dele… de novo.
Pensei que nunca mais fosse ver esse olhar nela… não por causa do Brandon.
— Mas você vai. — Coloquei a mão na barriga dela. — Porque você precisa se acalmar… e pensar no nosso bebê.
Ela assentiu, balançando a cabeça, me deu um selinho e saiu.
Assim que a porta se fechou, me virei para Brandon.
Ele ainda estava no mesmo lugar… o choro agora abafado… o corpo encolhido.
Caminhei até a cama… e me sentei de frente pra ele.
Não sou bom com palavras.
Nem sei por onde começar.
Pra mim… uma surra nele… e colocá-lo pra dormir… seria a solução mais simples.
Mas eu sei…
Não era isso que Brandon precisava.
A verdade é que… acho que nem ele sabe do que precisa.
Fiquei alguns segundos apenas o observando.
O jeito como ele se escondia atrás dos braços… o corpo todo tremendo… a respiração descompassada.
Brandon Anderson…
O cara que eu passei anos querendo matar…
Agora… parecia um menino… tentando fugir de um pesadelo que não acabava.
Passei as mãos no rosto… respirando fundo.
— Brady… — Minha voz saiu mais baixa do que o planejado. — Eu sei que você me odeia. Que me culpa por tudo… assim como eu… te culpei também.
Ele não respondeu. Só encolheu ainda mais os joelhos.
— Mas uma coisa você precisa saber… — Continuei. — Eu não vou desistir de você.
Ele soltou um riso baixo… irônico… carregado de dor.
— Até parece… — Murmurou… sem tirar a cabeça dos braços.
— Não tô dizendo isso por você. — Completei. — Tô dizendo por mim… pelos caras… por todo mundo que ainda te ama…
— Foi assim com as meninas… Foi assim com a Sophia… Mas eu a amo tanto… que chega a doer. Me arrependi no instante que aquele ferro encostou na pele dela… Implorei pelo seu perdão… — Ele suspirou… a voz embargada. — Mas ela nunca me perdoou. Então… eu quis moldá-la. Pra que nunca mais… um cretino como eu… fizesse isso com ela de novo.
Um nó se formou na minha garganta.
As coisas que a Jordan me contou… cada detalhe… cada cicatriz… cada pesadelo dela… vieram como uma pancada na minha mente.
— Eu achava… que prender… machucar… negar amor… fosse deixá-la mais forte. Como eu. Como você.
— Nós sempre tivemos amor, Brandon. Um do outro… Dos caras… Fomos machucados… sim… mas por coisas que não podiam ser evitadas. — minha voz saiu mais baixa… pesada. — Mas o que você fez com a Jo… — Fiz uma pausa… respirando fundo. — Foi doentio. Ela era a nossa pequena. Nossa irmã.
— Eu sei… — Ele respondeu num fio de voz. — Por isso que chegou a hora, Alex.
Franzi a testa… confuso.
— A hora… de você cumprir a sua promessa. — Brandon prendeu os olhos nos meus… com uma firmeza que me arrepiou.
— Você precisa me matar.
— Sua morte nunca foi uma promessa. Foi um desejo. — Respondi… sem vacilar.
Brandon me encarava… atento a cada palavra.
— Eu não vou esquecer o que você fez. Ninguém aqui vai. Nem mesmo você. Vai chegar o momento… em que as contas vão chegar… e você vai ter que pagar.
— Eu sei… — Ele disse… com uma firmeza estranha… como se… de alguma forma… estivesse esperando por isso.
— Lembra quando o Jimmy te ameaçou… e juntou aquela galera do nono ano pra te bater? — Brandon sorriu com a lembrança… e dessa vez… foi um sorriso genuíno. Ele lembrava bem.
— Eu fui com você… e nós dois tocamos o terror.
— Dez contra dois. — Brandon disse… e nós dois rimos juntos… por um instante… como se tudo fosse simples… como se o tempo não tivesse levado tudo de ruim junto com os anos.
— Eles fugiam da gente no corredor depois daquele dia… Jack sempre os provocava. — Brandon completou… e eu balancei a cabeça.
— Jack sendo Jack. — Respondi com um meio sorriso.
— Alex… você tem certeza disso? De… me querer na sua vida… de novo?
— Você nunca saiu dela, Brady. Você foi meu amigo… meu irmão… meu inimigo… mas sempre esteve ali.
— Eu não sei se consigo… — Ele disse… entre um suspiro cansado.
— A partir de agora, Brady… querendo ou não…
Nós dois… Como foi com o Jimmy.
Vamos lutar contra esse inferno… juntos.
Levantei meu pulso… o nosso velho gesto de guerra…
Ele entendeu o recado na hora.
Brandon bateu o pulso dele no meu…
Forte… como um pacto.
— Juntos. — Ele respondeu.
E foi exatamente nesse instante…
Que o inferno começou.
A porta se abriu…
E por ela passaram…
Jackson… Thomas… e Benjamin.
Olhei pra ele… com aquele sorriso de lado… no meu tom habitual… o que sempre deixa qualquer um com o sinal de alerta ligado.
— Então… — Disse… me levantando. — Vamos começar.
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Uma notinha com carinho para vocês.
Perdoar não é uma fraqueza…
"Perdoar não é esquecer. É ter coragem de seguir em frente sem deixar a dor decidir quem você vai ser."
O Alex… decidiu ser maior do que a dor.
E o Brandon… ainda vai ter muito o que enfrentar.
Um beijo no coração de vocês.

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