Capítulo 164 – Borderline
Alexander
Assim que o dia começou, Owen seguiu com Amélia, Lucas e o restante da equipe para o aeroporto. O restante de nós… iria no meu avião.
Com toda a confusão envolvendo Jordan e Jackson, acabamos nos esquecendo de cuidar de alguns detalhes, mas… a minha senhora Sterling tomou as rédeas da situação. E agora… estava tudo resolvido.
Antes de partirmos, Enzo mandou Giuseppe até a minha casa para uma conversa.
Agora que Brandon estava ao meu lado… a parceria dele com Dimitri tinha sido encerrada. Mas… Enzo ainda não tinha esquecido o ataque à sua casa.
Levou um tempo… e algumas manobras minhas… para limpar a barra do meu irmão.
Tenho uma boa relação com os Mancini.
E sou o tipo de homem que ninguém quer como inimigo…
E sim… como aliado.
Mas, claro… meu irmão nunca me dá uma trégua.
E resolveu insistir nessa “relação repentina” entre ele e Alessa.
O ataque… foi perdoado.
Mas isso…
Isso estava tirando Enzo da linha.
Ele foi bem claro comigo: “Ela está prometida ao Vito Santoro.”
E se tem uma coisa que eu sei… é que a família Santoro não está pra brincadeira.
Já prestei serviços para o Salvatore… o chefe da família.
E sempre soube do desejo dele de fazer uma aliança com os Mancini.
Meu irmão…
Vai ter sérios problemas… se decidir levar esse namoro adiante.
Assim que embarcamos, notei a cara fechada de Jackson.
Sabia exatamente o motivo. Hugo conversou comigo e com ele… pediu desculpas.
Jack queria ele fora… mas tanto Jordan quanto Brandon foram contra.
O “nerd bombado”, como Jack costuma chamá-lo, é muito bom no que faz.
Eu entendo meu amigo… também não gostaria de ter alguém que se declarou pra minha mulher… trabalhando do lado dela.
Mas agora… o foco é a missão.
E a missão é manter a mulher dele… e a minha… em segurança.
Então… Hugo fica.
Ouvimos batidas na porta. Assim que ela abriu… era Benjamin.
— Os caras já te esperam na sala de reunião. — Ele disse.
— Em dois minutos estarei lá. — respondi.
Assim que Ben saiu...
— Você sempre diz dois minutos… e fica bem mais… — Evie provocou, com aquele sorrisinho dela.
— É o efeito que você causa em mim, amor… — Me deitei sobre ela na cama, passando o nariz pelo seu rosto… descendo até o pescoço. — E eu nunca… — Disse enquanto descia até os seios dela. — Vou preferir quatro caras barbados… a isso aqui. — Mordi de leve, por cima da blusa… e ela gemeu.
— Amor… — A voz dela veio baixa… carregada de desejo.
— Hum… — Continuei descendo os lábios.
— É melhor você ir… Porque se começar… eu vou exigir que termine.
Levantei os olhos, arqueando a sobrancelha.
— Exigir? — perguntei, com um sorriso provocador.
Ela se apoiou nos cotovelos e me encarou com aqueles olhos lindos.
— Sim. Ou acha que só você pode fazer exigências aqui?
Ri do jeito atrevido dela… puxei sua boca pra minha… e claro… minha senhora Sterling exigiu.
E eu… terminei o serviço.
Deixei Evie no quarto.
Assim que passei pela sala… Alessa, Rosario e Aline conversavam.
Jordan provavelmente já estava com os caras na sala de reunião.
Entrei… e claro… Jackson foi o primeiro a falar:
— Eram dois minutos ou duas horas?
Jordan, que estava ao seu lado, lançou pra ele o mesmo olhar que eu.
— Que foi, marrenta? — Jack provocou.
— Depois você não sabe por que apanha… — Ela rebateu, irritada.
— Mas vamos lá… o que temos? — Perguntei, indo até minha cadeira.
— Brandon nos atualizou sobre algumas coisas dos Blacks… e a pequena conseguiu fazer uns rastreios. — Jordan ligou a tela… mostrando as informações que ela conseguiu.
— Também descobri que o Robert está em Houston… vivendo sua “aposentadoria”… como o senhor Anderson. Como se nada estivesse acontecendo. — Ela completou.
— Eu já desconfiava… Ele não estava em Madri. Jeff disse que quem comandou o ataque foi o Steve. — Comentou Brandon.
— Steve? — Tom perguntou antes de mim.
— Sim… ele é o primeiro no comando. Todo mundo acha que é ele quem manda… mas na verdade… ele é só uma marionete nas mãos do meu pai. — Brandon respondeu.
— E você o conhece? — perguntei.
— Pessoalmente, não. Eles não sabem que eu sou o chefe da Hydra.
— Preciso tirar meu chapéu pra você, Brady… — Benjamin disse. — Se escondeu muito bem.
Brandon estufou o peito… como se… ser um cretino manipulador fosse motivo de orgulho.
— Ok… Steve é a linha de frente… Robert não desconfia de você… Mas como diabos ele encontrou a minha casa?
Os Blacks são bons… mas eu sou cuidadoso. O ataque foi muito bem coordenado. — Eu disse, com aquele peso que nunca vai sair da minha consciência.
— A caixa. — Brandon respondeu, sem hesitar.
— Caixa? — perguntei.
— Sim. — Jordan entrou na conversa. — Ela tinha um rastreador.
— Então Robert já desconfiava do Brandon? — Jack perguntou.
— Provavelmente. — Brandon confirmou.
— Ele sabe que você está vivo? — Benjamin perguntou.
— Acredito que não. Foi difícil, mas… fiz um bom trabalho. — Brandon respondeu.
— Mas Robert sabia que Jordan era Sophia… — Eu disse, chamando a atenção de todos.
— Cara… eu acho que não. Ele pediu ao senhor Parker pra investigar… Mas os documentos nunca foram encontrados. — Brandon disse com firmeza… mas… Schmidt tinha dito que Brandon tinha conseguido o que queria.
— Schmidt disse que você tinha conseguido os documentos.
— Ele mentiu. — Brandon me rebateu. — Nem mesmo fui eu quem matou os Parker, eu só soube depois que tinha sido a Emily.
— E os documentos? — Ben perguntou.
— Eu nunca encontrei.
— Robert sabia… — Eu disse, já ligando os pontos. — Eu nunca disse aos Anderson que Sophia estava viva… e muito menos que ela era a Jordan. E antes mesmo de termos certeza de tudo… ela foi perseguida.
— Perseguida? — Brandon perguntou, tenso.
— Snakes… — Jackson respondeu antes de mim. — Foi nesse dia que descobrimos que eles queriam a Evie… e a Jordan.
— Eu joguei com o Viper e descobri que ela era a Sophia… Mas naquele dia… ele disse, com todas as letras: “Todos sabíamos quem ela era. E ele… também.” — Concluí.
O semblante do Brandon mudou na hora.
O impacto era visível.
— Merda, Alex… a gente não pode voltar… — Ele disse, visivelmente alterado.
Todos ficaram parados… atônitos.
Por muito tempo… cada um de nós carregou raiva do Brandon…
Pelo que ele fez com a Rachel… com a Evelyn… com a Jordan…
Mas ali… naquele momento… eles entenderam.
Nem sempre a gente tem escolha.
Às vezes… a vida escolhe por você.
Lancei um olhar pro Jackson…
Ele entendeu o recado.
E tirou todo mundo dali.
Deixando só… eu, Alessa… e Aline.
— Borderline… — Aline disse… me fazendo virar o rosto pra ela, confuso.
Ela sorriu de leve… percebendo minha expressão.
— Seu irmão… tem traços de Borderline. Me desculpe a intromissão… é que a Evelyn me contou algumas coisas.
— Tá tudo bem, doutora.
— Quando se é filha de médicos… e passa as férias escolares em congressos de medicina pelo mundo… a gente aprende algumas coisas.
Voltei meu olhar pra Brandon…
Ainda ali… no chão… com Alessa abraçada nele…
Dizendo coisas que só ele conseguia ouvir.
— O que a gente pode fazer? — perguntei, voltando a encarar Aline.
— O que vocês já estão fazendo… — ela respondeu com um sorriso leve. — Mostrando a ele que ele não tá sozinho… que vocês não vão julgá-lo… e claro… evitando os gatilhos. Meu pai é psiquiatra… vocês podiam levá-lo pra uma avaliação. Ter um diagnóstico de verdade ajuda muito no tratamento.
Assenti… gravando cada palavra dela.
Ela se despediu com um olhar gentil… e foi até os outros.
Me aproximei de novo deles… agachei ao lado dos dois.
— Pode ir… — Alessa disse, me encarando com segurança. — Eu fico com ele… E vocês… deixam seja lá o que estavam fazendo aqui… pra depois.
— Tem certeza?
— Absoluta.
Assenti.
Me levantei… fechei a porta atrás de mim… e dei de cara com os caras me esperando.
— Que porra foi aquela? — Jack foi o primeiro.
— Aquilo… — Respirei fundo… — É a marca que o Robert deixou nele.
— Um transtorno? — Ben perguntou.
— A Aline acredita que sim.
— E aquela crise… foi por causa de um gatilho? — Tom perguntou.
Assenti.
— Caralho… — Jackson passou as mãos pelo rosto. — O senhor Anderson fodeu com o nosso irmão…
— Mas nós vamos ajudá-lo. — Falei com a firmeza de sempre.
— Como? — Thomas perguntou.
Me virei pra eles… olhei um por um…
E com a certeza de quem carrega o mundo nas costas…
Respondi:
— Do jeito que a gente sabe fazer.
Juntos.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Meu noivo Morreu e me deixou para o Inimigo