Capítulo 193 – Por favor... (parte 1)
Jordan
Parecia que eu tinha sido atropelada por um caminhão.
Meu corpo inteiro doía.
Era uma sensação horrível, além de me sentir perdida, como se tivessem passado dias e eu nem mesmo tivesse notado.
Tentei puxar na memória o que havia acontecido.
Me lembrava dos meninos aparecerem, de Robert conseguir levar a mim e a Eloisa.
O navio, a rampa e… nós três caindo.
Eu odeio o mar.
Nunca aprendi a nadar.
Robert tentou me puxar, mas consegui escapar.
Só que… eu cansei.
Meu medo e meu corpo fraco me venceram e eu cedi.
Depois disso, tudo é só um borrão.
Talvez eu tenha ouvido alguém me chamar.
Andrew? Mas por que ele?
Acho que Alex também estava lá… e o Jack. Meu amor.
Um cheiro foi tomando conta dos meus sentidos.
Era cheiro de coisa limpa. Muito limpa.
Tive medo de abrir os olhos e não gostar do que ia ver, então primeiro tentei mexer os dedos.
Eles se moveram.
Senti algo, lençóis?
Continuei tentando me situar, até que um pensamento me atingiu com força.
Bebê…
Meu bebê!
Nesse instante, abri meus olhos.
Olhei ao redor e notei que era um quarto.
Branco demais pro meu gosto, com as luzes em cima de mim quase me cegando.
— Marrenta… — uma voz me chamou, e não foi qualquer voz.
Foi ele. Meu Jack.
— Amor, fala comigo. Tá sentindo alguma coisa? Quer que eu chame o médico? Por favor, fala comigo… — O desespero estava estampado na voz dele.
A única coisa que consegui fazer foi sorrir.
E quando consegui manter meus olhos bem abertos, foquei na coisa mais linda que já vi… Ele.
— Te amo… — foi a primeira coisa que saiu da minha boca.
Acho que era porque era a mais pura verdade.
Jackson encostou os lábios nos meus, depois colou a testa na minha.
Senti suas lágrimas escorrerem do rosto dele pro meu.
— Também te amo, marrenta… — ele sussurrou com a voz embargada.
E por um tempo, não sei quanto foi, e também não me importei em saber, ficamos ali, testas encostadas, respirando o mesmo ar.
Como se ambos só quisessem ter certeza de que aquilo era real.
Mas, de novo, o bebê veio à minha mente.
E quebrei nosso momento.
— E o bebê? — perguntei com medo da resposta.
Jackson se afastou um pouco, o suficiente pra me olhar.
— Ele está bem, mas… — Jackson fez uma pausa que fez meu coração disparar. — O bebê sofreu muito nos minutos em que você ficou sem oxigênio. — Ele passou o polegar no meu rosto pra secar as lágrimas que começaram a cair. — Mas o médico disse que, aparentemente, não sofreu danos. Só que vai precisar de cuidados, até nascer.
Eu não consegui conter as lágrimas.
Meu bebê sofreu.
Tudo por culpa daquele maldito do Robert.
— O que aconteceu depois… — Não consegui concluir a pergunta.
Jack sentou ao meu lado na cama e me puxou pro peito dele.
Começou a me acariciar, como sempre fazia antes de dormirmos ou no meio das nossas conversas.
— Muita coisa, marrentinha.
— Mas quero saber. — retruquei.
Ele suspirou, deu um beijo no topo da minha cabeça e acabou falando.
— Quando você caiu na água, demorou pra te encontrarmos. E quando achamos… você tinha se afogado.
O silêncio tomou conta do quarto.
Mas não foi um silêncio confortável.
Era denso, quase palpável.
Parecia que ele lutava contra o que ia dizer… ou com as lembranças.
— Jack… — chamei num sussurro.
— Você morreu, amor. Por malditos seis minutos… E eu… — Ele colocou a mão no meu queixo, me obrigando a olhar pra ele. — Eu disse pra Deus que ele podia me levar, se fosse pra não te trazer de volta pra mim.
Droga.
Se eu já tinha me tornado uma chorona antes, agora eu era uma cachoeira.
Coloquei a mão no rosto dele e Jackson levou os lábios aos meus.
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