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Meu noivo Morreu e me deixou para o Inimigo romance Capítulo 216

Capítulo 216 – Ragazza teimosa

Enzo

Eu encarava a porta, quase sem piscar.

Sabia que precisava colocar atenção nos problemas que já tinha, e nos que estavam surgindo.

Mas, naquele momento, tudo o que eu queria era que aquela maldita porta se abrisse e alguém trouxesse notícias da minha ragazza.

Eu não falava com ninguém.

E nem queria.

Giuseppe chegou, sentou ao meu lado, mas me conhecia bem demais e sabia que era melhor se manter calado se quisesse continuar respirando.

Finalmente, a porta se abriu.

E a melhor notícia veio: minha Elena não precisaria de cirurgia.

Logo estaria bem.

E em minutos, eu estaria ao seu lado.

Só que esses maledetti não dão trégua.

Não que eu esperasse isso, mas achei que teríamos ao menos um pouco mais de tempo.

Tempo suficiente para eu vê-la, tocá-la, ouvir sua voz.

Enquanto o cretino falava, eu pensava em quais eram nossas chances…

E foi quando ouvi uma voz que percebi: minhas chances eram as melhores.

— Realmente, matar é muito fácil. Principalmente idiotas como você.

Desculpe pelo atraso, Mancini, mas minha mulher demorou para arrumar as malas.

— Seu timing é sempre impecável, mio amico Sterling — respondi a ele.

— Wyatt — Sterling chamou, e o homem entrou acompanhado. — Não quero confusão aqui no hospital. Leve esses cretinos lá para fora e façam o resto.

— Pode deixar, chefe.

— É melhor vocês saírem calados, do mesmo jeito que entraram.

Porque se suspirarem alto, a morte de vocês não será rápida — Alexander se aproximou do debochado que havia me provocado. — Vai ser lenta, dolorosa… e sem misericórdia.

— Jack, você fica. Os outros vão.

Ele assentiu, e logo aqueles lixos foram levados.

— Como está a Lena? — a pergunta foi para Eloisa, mas fui eu quem respondeu.

— Minha mulher está melhorando. Estamos aguardando para vê-la.

— Sua mulher? O que eu perdi? — Alexander perguntou, arqueando a sobrancelha.

Hugo se aproximou de Eloisa, passou o braço por sua cintura e respondeu:

— Algumas coisinhas, chefe.

Eloisa deu uma cotovelada nele e ficou vermelha.

Por um instante, aquele gesto me lembrou Elena.

Elas são gêmeas, e mesmo assim, são únicas.

Mas ainda assim, seu rosto lembrava o da mia ragazza.

— Senhorita Fontana? — uma enfermeira surgiu na porta.

— Sim?

— Vim buscá-los para a visita.

Eloisa olhou para mim, confirmei com um aceno e segui com ela até a porta.

Antes de sair, me virei:

— Sterling, Giuseppe vai te passar as novas informações. Assim que eu voltar, falamos sobre o nosso próximo passo.

Ele assentiu, e eu segui com a bambina Eloisa.

Passamos por uma porta que dava a um corredor branco, limpo, com cheiro de hospital.

— Já estiveram em uma UTI antes? — a moça perguntou.

Neguei com a cabeça, mas a bambina acenou que sim, com uma tristeza que doeu.

— Vou levá-los para se trocarem.

— Se trocar? — perguntei, confuso.

— Não vamos tirar a roupa, Enzo. Só colocar jaleco, touca, máscara e luvas. Pacientes em UTI são mais vulneráveis a infecções.

— A senhorita Fontana está certa — disse a enfermeira. — E no caso da senhorita Elena, não podemos correr riscos. O estado é estável, mas requer cuidados.

Assenti.

Jamais colocaria a vida da minha ragazza em risco.

A enfermeira nos fez lavar bem as mãos antes de tocarmos nas roupas.

Tudo aquilo era novo para mim.

Não por nunca ter precisado de hospital, já tive meus momentos.

Mas porque temos bons médicos e ótimos recursos, o que facilita as coisas.

Paramos diante de uma porta.

Ela a empurrou, nos dando passagem.

Meu coração batia descompassado.

Não era assim que queria que nossa noite terminasse.

Não era nessa cama que queria vê-la.

"Corre. Eu não vou hesitar. Se insistir, morremos os dois."

— Mas Lena não se importava em morrer. Nossa mãe já estava doente, mas ainda não era grave e ele sabia disso.

"Lena, o que vai ser da sua mãe? Da sua irmã, se você morrer?"

— Ele pegou minha irmã em cheio com suas palavras. Mas ela não desistiu, disparou para assustá-la. Ela recuou. Mais um tiro. Ela se afastou, mas foi até ele novamente. Ele atirou duas vezes, ela recuou.

"Eu te amo, Lena."

— Essas foram as últimas palavras que ela ouviu dele. E então a granada atingiu o carro. Julio morreu naquele dia. — Ela suspirou. — Lena foi ferida, ficou alguns dias no hospital. Quando saiu… ele já tinha sido enterrado.

Eu não costumo chorar. A não ser pela minha família.

Mas aquela história me rasgou por dentro.

— Minha mãe piorou. Lena voltou pra casa. Por ironia do destino… minha mãe também morreu.

— Ela abriu mão do Julio pela nossa mãe. E, no fim… perdeu os dois.

Os olhos da bambina encontraram os meus.

— É por isso que ela odeia hospitais. Ela estava em um, e não pode se despedir dele. E muito menos gosta de ser ajudada. Ela se arrisca pelos que ama… Porque não quer reviver o que aconteceu com Julio.

Ela passou novamente a mão no rosto da irmã com uma ternura.

— Elena não tem medo da morte, Enzo. Por isso ela te salvou hoje. Porque ela prefere morrer… a perder mais alguém que ama.

Eloisa beijou a testa da irmã, olhou para mim:

— Te espero lá fora. Vou te dar uns minutos com ela.

Assenti, e ela saiu. Ainda estava impactado com tudo que ouvi. Coloquei a mão em seu rosto.

— Ciao, amore mio — encostei a testa na dela.

— Depois que você sair daqui, te proíbo de me salvar de novo.

Eu precisava senti-la.

Mesmo que por alguns segundos.

Abaixei a máscara e encostei meus lábios nos dela.

Senti ela se mexer embaixo de mim.

Quando me afastei…

Dois olhos verdes me encaravam, confusos.

Mas mesmo assim, com a voz arranhada, ela sussurrou:

— Amore mio?

Ela me perguntou.

E eu sorri.

Minha ragazza mandona e teimosa estava de volta.

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