Hugo
Preciso dizer que meu chefe é o cara mais foda que eu conheço. Alexander Sterling nunca vai parar de me surpreender.
Mas além do alívio de estar vivo depois de ser rendido pelos malditos da Blackwater, era o de o que Elena estava bem, e acordada… e logo sairia do hospital. Era isso que importava.
Mi preciosa parecia mais tranquila por saber da irmã, mas eu ainda sentia algo nela. Uma tristeza que não vinha só pela Lena.
Alex também percebeu. E deixou ela de fora da reunião, e, claro permitiu que eu também ficasse. Nosso chefe é letal, e ao extremo… mas tem um coração enorme. Mesmo que tente esconder isso.
Chegamos e fomos direto para o quarto. Acompanhei a Elo. Ela disse que precisava de um banho.
E, sendo sincero, eu também precisava.
Tive uma vontade quase incontrolável de me oferecer para entrar com ela, mas… eu nunca levei jeito pra essa coisa de relacionamento. E, honestamente, quanto tempo é preciso para termos esse tipo de intimidade?
Tive envolvimentos… coisas de uma noite. Mas desde que meus sentimentos pela Jordan nasceram, nunca quis outra mulher. Tinha decidido esperar o tempo que fosse… até que ela enxergasse que eu era o homem da vida dela.
A verdade é que isso nunca aconteceu. E nem vai acontecer.
Minha gatita seguiu. E foi sem mim.
Agora… agora eu vou seguir também. Só que com ela. Mi preciosa, Eloisa.
Que, ao mesmo tempo que me irrita… me encanta.
— Meu Deus, Hugo, que susto! — Elo disse, ao sair do banheiro e me ver sentado na cama, esperando.
— Não era bem essa a reação que eu esperava causar em você ao me ver na sua cama…
Ela passou a toalha pelos cabelos, depois a jogou na poltrona no canto do quarto. Caminhou até mim e foi aí que notei o que ela usava.
Uma camisola rosa. Que deixava suas pernas totalmente à mostra. Seus seios em evidência.
Dios mío, como resisti a essa mulher por tanto tempo?
Elo sentou no meu colo e passou os braços pelo meu pescoço. O cheiro do óleo de banho tomou conta dos meus sentidos. Ela cheirava a morango.
— E qual reação, meu nerd, você esperava me causar? — perguntou com a voz baixa, um pouco arrastada. Puta merda. Meu corpo reagiu na hora.
— Várias. Menos susto — respondi, beijando seu pescoço.
Elo soltou um gemido baixo. Mas eu ouvi.
Só que, quando meus olhos encontraram os dela, vi novamente aquela tristeza que tanto me incomodava.
Coloquei uma mão em seu rosto. Beijei seus lábios.
Não foi daqueles beijos que acendem tudo dentro da gente. Foi doce. Gostoso. Aquele que toca a alma.
Quando nos separamos, continuei com a mão em seu rosto, acariciando com o polegar.
— Quer conversar? Sobre o que está te deixando triste assim?
— Não estou triste. Estava preocupada com a Lena, só isso.
— Mi preciosa… Desde o dia que te conheci, você é a pessoa mais feliz e ativa que conheço.
Ela sorriu. Mas não tinha aquele humor gostoso de sempre. Aquele que eu fingia não gostar… mas amava.
— Tudo isso mexeu comigo. Trouxe memórias que a Lena e eu queríamos deixar onde estavam. Guardadas. Bem fechadas. Pra não ter que sentir tudo de novo.
Continuei a acariciando, tentando mostrar que eu estava ali. Pra ouvir. Pra cuidar.
— Antes de tomar banho, liguei pro meu pai e contei o que aconteceu. Por alguns instantes, ele ficou em silêncio. Achei até que a ligação tinha caído. — Ela suspirou. — Mas aí ele falou: “não sei se aguento isso.”
Depois desligou. E não disse mais nada.
As lágrimas começaram a escorrer. Aquilo me incomodava tanto.
Elo já tinha chorado demais hoje. E tudo que eu queria… era tirar essa dor dela com as minhas mãos.
— Tenta ver o lado dele. Há pouco mais de três meses, você estava ferida. E agora, a Lena. Como pai, pra ele também não é fácil, mi preciosa…
— Eu sei. Mas ele falou sobre minha mãe. Foi o mesmo sentimento que eu tive. Já fazem alguns anos… Mas pra nós ainda é vivo. A verdade, Hugo… A gente não tá preparado. Não estamos prontos pra perder de novo.
Elo chorou mais forte. Sua dor era palpável.
A abracei com força. Ela desabou nos meus braços.
Dios mío, queria poder arrancar aquilo dela, nem que fosse para transferir pra mim.
— Sinto muito, mi preciosa — sussurrei, começando a beijá-la desesperadamente. Sua cabeça, seus lábios, suas lágrimas.
Quando ela se acalmou, segurou meu rosto com as duas mãos e fixou aqueles olhos verdes em mim.
— Me desculpa por desabar assim. E obrigada…
— Não se desculpe. Mesmo que tenha sido através da dor… Hoje é um dos dias mais felizes da minha vida.
— Por quê? — ela perguntou.
A deitei com cuidado na cama. Fiquei por cima dela, os braços apoiados de cada lado de seu rosto.
Minhas mãos acariciavam os cabelos dourados ainda úmidos… exalando aquele cheiro único dela.
— Porque eu ganhei você — sussurrei.
— Hugo… — ela respondeu baixinho, com uma dúvida na voz.
— O que foi, Elo?
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