Elena
Nós discutimos, ele me pediu perdão, e eu estava disposta a perdoar. Porque não quero ficar longe dele. Agora que esse sentimento floresceu, só quero regá-lo e cuidar para que ele fique mais lindo a cada dia.
Mas ignorei o que vinha sentindo nos últimos minutos… e aquilo piorou. Fui parar na escuridão. E pior que isso, foi começar a sentir meu corpo agir por conta própria e não mais sob meu comando.
Enzo falava comigo. Eu sentia o desespero em sua voz, mesmo sem vê-lo.
— Amor… — eu disse a ele. Porque sim. Eu amo ele. Eu amo Enzo Mancini, e preciso dizer isso antes que seja tarde.
— Enzo… — o chamei novamente.
— Sim, meu amor. — senti as mãos dele nas minhas.
— Enzo, eu te… — Tentei, juro que tentei. Mas cedi. Meu corpo cedeu.
E a última coisa que ouvi, antes de ser engolida pela completa escuridão, foi a voz do meu lindo mafioso aquele que me conquistou sem muito esforço:
— Por favor, amore mio… por favor…
Enzo me perguntou se eu acreditava em amor à primeira vista.
"Sim, meu amor… porque eu te amo!"
E foi assim… com a voz dele em súplica. E minha declaração silenciosa…
Que tudo acabou.
…
Meu corpo estava dolorido. Parecia que eu tinha levado uma surra, ou participado de uma daquelas lutas malucas dos fuzileiros. Primeiro, senti meus pés. Meus dedos se mexiam. Uma mão estava presa em algo. A outra, livre. A mexi… e consegui.
Se eu me movimento, não estou morta. Porque morto… não se mexe.
Tentei mexer os olhos, mas tive medo de abri-los e descobrir que ainda estava na escuridão. Só que isso precisava acontecer. Eu tinha que tentar.
Quando os abri, pisquei várias vezes. Era como se houvesse algo nos olhos. Mas, conforme eu piscava, a escuridão ia embora. Era como estar no meio de uma neblina, e aos poucos ela se dissipava.
Abri de vez… e uma lágrima escorreu.
Eu não estava só viva. Eu havia voltado a enxergar.
Minha mente ainda confusa, mas eu precisava me situar. Virei a cabeça para o lado, lentamente. Tinha medo que qualquer movimento causasse uma nova crise.
E então… meus olhos o encontraram.
Enzo estava ali, segurando minha mão, com ela encostada em sua testa. Tinha a cabeça baixa e não viu que eu tinha acordado. Quis apenas observá-lo por um instante.
Levantando meu braço com cuidado, levei a mão até seus cabelos castanhos, hoje desalinhados. Os fios caiam sobre sua testa.
No instante em que me sentiu, seu corpo enrijeceu. Enzo levantou a cabeça, devagar… como se estivesse com medo de me olhar. E quando seus olhos cinzas encontraram os meus, perdi o fôlego com a intensidade de seu olhar.
Ele era tão lindo.
Nenhum de nós disse nada. Apenas nos olhávamos.
Levei minha mão do cabelo dele até seu rosto. Passei os dedos por sua barba sempre bem feita, depois até os lábios contornando-os. E deixei ali minha mão, acariciando sua pele com o polegar.
Enzo fechou os olhos por alguns segundos. Depois, virou o rosto e beijou minha mão. Aquele gesto simples… me arrepiou inteira. E aqueceu meu coração.
— Oi, amor… — minha voz saiu um pouco arranhada.
Ele se inclinou, encostou os lábios nos meus, e depois encostou a testa na minha. Respirou fundo. Senti algo molhado em meu rosto.
Ainda de olhos fechados, ele disse:
— Você voltou, amore mio… — Sua voz não tinha o tom firme de sempre. Nem o charme arrastado que usava para me conquistar. Estava trêmula, quebrada… carregada de dor.
— Parece que não vai ser fácil se livrar de mim. — Tentei brincar, mas a verdade é que ele não abriu os olhos. Nem afastou a testa da minha.
Coloquei minha mão em seu rosto novamente.
— Qual o problema?
Dessa vez, ele levantou a cabeça para me encarar.
— Você morreu… — disse com a voz embargada. — Dessa vez de verdade, seu coração parou de bater.
— Bom… — Passei a mão por sua testa, afastando os fios que estavam ali. — Estou sentindo ele bater agora.
— Não faz isso comigo, Elena… — franzi a testa.
— O que estou fazendo?
— Fingindo que isso não foi nada. Tratando sua vida como se não fosse nada.
— Enzo… — tentei falar, mas ele me interrompeu.
— Eu te amo. E a sua vida é mais importante pra mim do que o ar que eu respiro.
Senti meus olhos marejarem.
— Desculpa… juro que não foi minha intenção. — continuei acariciando seu rosto. — Eu só queria te mostrar que estou bem.
Ele encostou os lábios nos meus novamente. Só que não foi só uma carícia. Foi um beijo, e ele era diferente de todos que trocamos até agora. Não tinha o desejo que ardia entre nós. Era cheio de ternura, de afeto… de amor.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Meu noivo Morreu e me deixou para o Inimigo