Capítulo 246 – Nos rondando
Alexander
Homens previsíveis são os que mais enfrento.
E esses aqui não foram diferentes… até certo ponto.
Eu não esperava uma flashbang, mas ganhamos cinco segundos. Não era o suficiente para se proteger totalmente, mas os danos seriam menores.
O zumbido no ouvido incomodava, mas não me impedia de lutar. E fui o primeiro a levantar, com Brandon e Thomas logo em seguida.
Esses caras não possuem estratégias próprias. São todas copiadas. Planos prontos, executados um dia por alguém.
E isso era a nossa vantagem:
Porque assim como a bomba nos atingiu… os idiotas também foram atingidos.
Será que ao menos sabiam o efeito de uma granada de concussão?
Olhei para o outro lado.
Enzo e seus amigos mafiosos ainda estavam no chão. Já Elena… se levantou atirando.
— Jack? Ben? — chamei, mas nenhum dos dois respondeu.
— Eu vou até eles — disse Pedro, que estava ao meu lado.
Assenti e avancei para frente. Hora de acabar com esses insetos que ousaram entrar na minha casa.
— Chefe, último grupo subindo. Sem sub, e nada escondido nas mãos — avisou Hugo.
— Quantos?
— São sete, chefe.
— Fundos? — perguntou Thomas.
— Cinco. Chen já sabe.
Ouvi dois disparos. Era Elena.
Um dos homens tentava se levantar, mas antes que eu levantasse a arma, Brandon já o tinha finalizado. Thomas também atirou. Dois tiros, dois cretinos no chão.
— ALEXANDER! — gritou Pedro. — Benjamin está ferido, mas acordado. Já Jackson…
Olhei para Brandon.
Seu desespero era visível. Ele correu até Jack.
Um dos homens avançou em mim, mas ouvi o tiro, e ele caiu. Quando olhei para trás, era Pietro quem o tinha finalizado.
— Dois andares — disse Elena.
— Chefe, fundos limpos. E os arredores também. Lorenzo recuou.
— Maledetto! — xingou Pietro.
A porta abriu.
Os caras já entraram atirando. Enzo finalizou um. Elena, outro.
Tommaséo, que havia se levantado, também atirou. Thomas eliminou o da esquerda. Eu, o que estava à minha frente. Giuseppe, que voltava para a sala, chegou atirando e matou mais um.
Por um segundo, parei para contar. Seis homens haviam sido eliminados.
Mas o sétimo, esquecido, conseguiu atirar.
E acertou Leonardo.
Enzo revidou e matou o maldito.
— Tudo limpo! — gritou Elena.
Sem pensar, Thomas e eu corremos até Jackson e Benjamin. Hugo também se aproximou.
— É seguro? — Thomas perguntou.
— Sim, tudo limpo — respondeu Hugo.
— CHAMEM A ALINE! — Tom gritou.
Ethan foi até os fundos, enquanto Andrew corria até nós.
— Jackson, seu filho da puta! Minha irmã te disse pra não deixá-la viúva! — Brandon dizia, com a cabeça de Jack em seu colo. — Então acorda, porra!
— Jack… — Ben sussurrou.
— Ben, a Aline tá chegando, cara. Jack vai ser atendido — Tom dizia, tentando acalmá-lo.
Mas a verdade é que, nos últimos tempos, a morte anda nos rondando.
E o medo da perda é constante. Para qualquer um de nós.
Me ajoelhei ao lado de Jackson.
— Cara… você sobreviveu a tiros, tombos, facadas… — minha voz falhou. — Não vai ser uma bomba de luz que vai te destruir.
— O pulso dele está fraco. E tem sangue saindo do ouvido… e da cabeça — Andrew apontou para a mão de Brandon, suja de sangue. — Provável concussão.
— BENJAMIN!! — Rosario entrou gritando, e se agachou ao lado dele.
— Tô bem, amor. Foi só um corte — disse ele.
Ela o ajudou a sentar e o abraçou.
Aline entrou e veio em nossa direção.
— O que aconteceu? — perguntou, ajoelhando ao lado de Andrew.
— Provável concussão. Ele não deve ter conseguido se proteger da explosão da flashbang.
— E o que é isso? — Aline já avaliava Jackson.
— Uma bomba de atordoamento. Se estiver perto demais, pode causar lesões pulmonares e traumas cerebrais — Andrew explicou.
Com cuidado, os dois deitaram Jackson.
Brandon o soltou com certa resistência. Mas tudo desabou de vez no instante em que Jordan entrou na sala.
— JACKSON?! — ela gritou, correndo até ele.
Brandon e eu nos levantamos ao mesmo tempo.
— Pequena, a Aline... — Mas ela não me deixou terminar.
Correu para o lado dele.
— Jackson Reynolds… lembra do que eu te disse? Eu te ressuscito só pra te matar!
Jordan dizia entre lágrimas, beijando-o.
Mas Jack… não reagia.
Aline me olhou.
— Amor… eu tô bem! Vou ao hospital ver meus amigos.
— Com todo respeito e consideração por ambos, mas… sinto muito. Você não sai deste apartamento, a não ser para ir comigo ao meu hotel.
— Enzo, eu nem vou começar essa discussão com você.
— Bom, vou deixar vocês decidirem. Estou indo ver minha mulher e minha filha — disse, já me afastando.
Peguei o celular e liguei para o Chen.
— Chefe.
— Ele já deu entrada?
— Sim. Levaram lá pra dentro. Estamos aguardando notícias.
Suspirei.
— Estarei aí em breve. Mas qualquer novidade, me avise.
Desliguei. Continuei meu caminho. Quando cheguei, a porta estava aberta.
Ouvi Evelyn conversando com nossa filha.
— Você viu? O barulho parou… e minha princesinha não precisa mais chorar — ela balançava a neném e falava como se a bebê entendesse tudo.
— E você não precisa ter medo, porque o papai… ele é o melhor. Nunca vai deixar nada acontecer com você.
Ela estava de costas. Me encostei no batente da porta, apenas admirando.
— Ele é irritante, na maioria das vezes. Já se acostume com isso — ela disse, e sorri.
— Mas ele é o amor da minha vida. E vai ser o seu também.
Beijou a testa da nossa menina.
— E nós somos o amor da vida dele. E é por isso que eu sei que ele sempre vai nos proteger.
Caminhei até ela. Passei os braços por sua cintura, encostando-a em meu peito. Beijei seu pescoço.
— Isso mesmo. Vocês duas são os amores da minha vida.
Evelyn encostou a cabeça no meu peito. Apoiei meu queixo ali, e curti por alguns minutos aquele momento de paz, pós-caos… ao lado das mulheres da minha vida.
Mas meu pensamento… ainda estava em Jackson e Jordan.
Meu melhor amigo estava ferido. Minha irmã, sofrendo.
Foi então que meu telefone tocou.
E, quando olhei o nome no visor… por um momento eu nem acreditei.
Me afastei da Evie, que me olhou, confusa.
Tentei manter o controle, e atendi.
— A que devo a honra dessa ligação? — perguntei, já mudando o tom.
— Ciao, signor Sterling. È sempre un piacere parlare con te.
— Gostaria de dizer o mesmo. Mas não tenho prazer nenhum em falar com você.
— Che cos’è? Achei que depois de tantos anos de parceria, ao menos sua simpatia eu teria.
— Minha parceria sempre foi com seu neto. Nunca com você. E pedir minha simpatia depois de atacar minha casa… esse nível de escrotice não combina nem mesmo com você.
— Agora me diz logo o que quer, senhor Lorenzo Mancini.

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