Alexander
Em vinte e nove anos de existência, nunca me apaixonei, nem desejei ter alguém ao meu lado. Não sei lidar com esse tipo de relação. Gosto de coisas práticas. Talvez por isso sempre tenha sido bem-sucedido no ramo da segurança. Mas, desde o dia em que meu caminho cruzou com o da Evelyn, tudo isso mudou.
— Já passaram dois minutos, Alex. — Evie disse, ainda com os lábios nos meus.
— Aproveite a viagem. Assim que terminar a reunião... — Dei um beijo rápido nela.
— Volto para você.
Vi algo brilhar em seus olhos, como se minhas palavras tivessem despertado algo em sua mente. Ela assentiu e, dessa vez, me olhou com mais suavidade.
— Estarei aqui.
Sorriu para mim. Deus, como eu queria puxá-la para o quarto e ignorar todo o resto. Mas essa não era uma viagem a passeio, e havia algo grande me esperando em Berlim.
Segui até a sala onde Benjamin e Jackson me aguardavam. Ao entrar, vi que Chen já estava em uma videoconferência com eles.
— Chen, sem enrolação. — Meu tom era firme, autoritário.
— Chefe, tudo certo para seu encontro. E descobrimos de onde vem aquela carga, mas não para onde está indo.
Havia desconforto em sua voz, algo estava errado. Olhei para Jackson, que também percebeu.
— Bom trabalho, Chen. Chegaremos em algumas horas. Espero que esteja tudo conforme o combinado.
Chen assentiu. Antes de encerrar, olhei para Benjamin e, em seguida, novamente para Chen na tela à minha frente.
— E como está o tempo por aí? Aqui está nublado. Não sei se pegaremos chuva no caminho, talvez isso nos atrase.
Ele sustentou meu olhar.
— Primavera, chefe. É a estação menos chuvosa. A natureza começa a despertar lentamente.
Olhei para Jackson, que apenas assentiu.
— Aproveitaremos a primavera juntos, em Berlim. Em breve estaremos aí. E quanto à carga... fique tranquilo. Eu sempre tenho tudo sob controle.
Com um último aceno, Chen encerrou a chamada. Num rompante de frustração, bati o braço engessado contra a mesa de mármore, rachando-o no mesmo instante.
— Cara! — exclamou Jackson, mas eu estava irado.
— Como eles descobriram? — Levantei-me e avancei até Benjamin, agarrando-o pelo colarinho.
— Me diz, Benjamin, como essa informação vazou?
Meu tom era mortal. Cada sílaba gotejava minha ira.
— Alex, eu não sei! Juro por Deus, cara, você me conhece!
O desespero tomou conta dele. Nunca fui de meias palavras, e por isso todos me temiam. Brandon me traiu uma vez, mas, por nossa amizade de anos, o deixei viver... para que me traísse novamente. Prometi a mim mesmo que isso nunca mais aconteceria. Amigo ou não, quem me traísse pagaria o preço. E esse preço seria a vida.
Aproximei meu rosto do dele e falei com a voz baixa:
— Chen estava sendo vigiado. Ele usou o código de traição... olhando para você.
Apertei ainda mais sua camisa. Seu rosto começou a ficar vermelho e ele se debatia sob mim. Mas eu era mais alto, mais forte… e muito mais letal.
— Alex, cara, você vai matá-lo. Não temos provas. Só suposições.
Jackson falou num tom calmo, mas havia medo ali. Ele temia por Benjamin. No fundo, eu sabia que Benjamin não me trairia. Mas ele sabia de algo. Me escondia alguma coisa. Eu sentia. Eu via.
Cada homem meu tem um código, e Chen foi claro no seu.
Ouvi a porta se abrir atrás de mim, e então Emily gritou:
— EU CONTO! — Sua voz era urgente. Seu corpo tremia.
Mas não foi ela quem chamou minha atenção. Foi Evelyn.
Seus olhos estavam cheios de pavor. E o choque me atingiu quando percebi que… aquele medo era de mim.
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