Alexander
Quando Scarlett veio até mim, informando que Evelyn tinha desmaiado, um buraco se abriu em meu peito. Era uma mistura de preocupação e medo.
Quando cheguei à sala, ela estava caída no chão, com Emily e Abigail sobre ela. Jackson quis pegá-la do chão, já que eu não conseguiria por causa do gesso. Mas eu jamais permitiria que outro homem carregasse a minha mulher.
Exatamente.
Minha mulher.
Arranquei aquela porcaria num rompante de fúria. Peguei-a no colo e segui para o meu quarto. Não permiti que ninguém entrasse. Apenas a deitei na cama e fiquei ali, velando seu sono. Desde que a conheci, esse tem sido meu passatempo preferido: velar seu sono.
Quando ela acordou, o alívio me atingiu, mas eu precisava ter certeza de que ela estava bem. Informei que pousaríamos para levá-la ao hospital. Mas ela... Nunca concorda comigo de imediato. E, claro, ela faria caso por causa do gesso. O pouco que conheço de Evelyn já me fazia imaginar isso.
Mas foi o toque dela no meu braço, suas unhas deslizando suavemente sobre minha pele e sua voz macia... Eu não resisti. Sei que disse que daria tempo a ela. Brandon ainda é algo recente e muito presente. Mas droga! Eu estava começando a me viciar em seus lábios, em seus toques...
Quando Jackson nos interrompeu, quis matá-lo. E eu faria, sem pensar, se fosse preciso. Mas então veio a risada dela e suas mãos suaves em meu rosto. Foi o suficiente para me fazer desistir de qualquer coisa.
O problema foram as palavras dela a seguir:
— Lembre-se de que essa viagem nunca foi a passeio.
A frase caiu sobre mim como um balde de água fria, trazendo-me brutalmente de volta à realidade. Eu estava indo resolver um problema, e dos grandes. Mas, no percurso, surgiu um ainda maior.
Eles sabem dela.
Sabem da ligação dela com Brandon. E pior... virão atrás dela.
Evelyn já estava começando a me conhecer melhor do que aqueles que convivem comigo há anos. Ela sentiu não só minha mudança repentina, mas também que havia algo maior ali. Tentei manter a seriedade e decidi sair do quarto. Não a olhei. Não confiava em mim mesmo se o fizesse.
— Qual o problema agora? — perguntei, ríspido, para Jackson, que percebeu de imediato meu péssimo humor.
— Arthur não conseguiu autorização para pousar. Talvez tenhamos que esperar até Paris para que alguém avalie Evelyn.
Olhei para trás, para a porta ainda fechada. A lembrança do nosso momento ainda queimava sob minha pele.
O gosto dos lábios dela ainda ardia nos meus, como uma marca difícil de esquecer.
Me lembrei do que ela disse antes: que estava bem.
— Evelyn disse que está bem. Esperamos até podermos pousar.
Jackson assentiu e seguiu para informar Arthur.
Vi Abigail se aproximar, os passos cautelosos e os olhos carregando um certo temor.
— Será que posso vê-la? — sua voz era calma, mas ela evitava me encarar.
— Disse para ela descansar. Provavelmente está dormindo — falei seco, já seguindo em direção à cabine.
— Ela já está há muito tempo sem comer. Talvez fosse bom acordá-la e insistir que coma.
Me virei para Abigail.
— Evelyn não me parece o tipo de pessoa que vai aceitar ser forçada a comer.
— Não, ela não é. Mas, antes de termos certeza sobre a real situação dela, acho que deveríamos insistir.
Havia algo ali. E eu sou bom em ler pessoas.
Tudo em Abigail indicava que havia algo nas entrelinhas, algo que ela estava hesitando em dizer.
— Quer compartilhar algo comigo? — minha voz saiu baixa, dura.
Vi quando ela engoliu seco e desviou o olhar.
— Abigail... — não era um chamado. Era um comando. E ela entendeu.
— Evelyn me disse que a menstruação dela está atrasada. Pode ser emocional, considerando tudo que aconteceu nos últimos dias, mas...
Seus olhos finalmente encontraram os meus.
— Pode ser gravidez.
O ar escapou dos meus pulmões. Tenho certeza de que fiquei alguns segundos sem respirar.
Meus punhos se fecharam involuntariamente, a mandíbula travou, e um calor subiu pelo meu corpo, queimando como raiva.
Grávida?
Daquele cretino?
Não.
Isso não era uma bênção.
Um filho daquele maldito... era uma maldição.
Sem dizer uma palavra, fui direto à cabine. Bati com força, obrigando Vince a abrir a porta.
— Chefe — disse ele.
— Precisamos pousar — minha voz era firme, sem deixar espaço para dúvidas.
Arthur pilotava, atento ao painel de controle.
— Chefe, não consegui autorização.
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