Capítulo 274 – Jura de mindinho
Enzo
As palavras de Aline ecoavam dentro de mim.
“A Maria sumiu.”
Levantei da cama em um pulo.
— Como assim, sumiu?
— Depois que ela saiu daqui, correu para a sala e se escondeu debaixo das escadas — Notei que Aline tremia. — Eu tentei, Tom, Rosa, Evie, Amélia… Até o Alex, mas ela se recusava a sair.
Aline colocou o cabelo atrás da orelha, como se estivesse buscando palavras para falar.
— Ouvimos o elevador, Andrew e Chen saíram de lá. E foi nesse instante que ela saiu lá de baixo e correu para o elevador. Os meninos, sem entender nada, se viraram para tirá-la de lá. Mas pelo visto, ela sabia que botão apertar e fechou a porta antes que qualquer um a alcançasse.
— Como uma bambina de cinco anos consegue enganar um bando de marmanjos? — perguntei, irritado. Peguei meu celular e liguei para Giuseppe.
— Giuseppe, onde está?
— Don, estou no hotel.
— Preciso que volte para cá imediatamente.
Ele assentiu e encerrei a ligação. Me virei para Aline.
— Ela saiu do prédio ou está perdida em algum andar?
— Alex pediu para verificar as câmeras, ela passou escondida pelo segurança e conseguiu sair.
— Ela deve ter sido filha da Elena em outra vida, só pode! — Eu disse, frustrado.
Comecei a sair do quarto, e mia donna começou a me acompanhar.
— Fica, amore mio, eu vou.
— Mas… — Dei um beijo rápido nela. — Sei que é difícil para você, mas, per favore, faz isso por mim. Prometo que volto com a nossa bambina nos braços.
Elena suspirou em derrota, mas acatou meu pedido. Quando cheguei na sala, estava um verdadeiro caos.
— Onde está Alexander? — perguntei, me aproximando.
— Ele e os outros desceram atrás dela. Hugo a está procurando pelas câmeras — Evelyn me respondeu. Não esperei mais nada e fui até o elevador.
Assim que cheguei no hall, Giuseppe veio ao meu encontro.
— Foi rápido — Eu disse.
— Estava saindo na hora que ligou, Alexander me contou sobre a bambina.
— Preciso encontrá-la, ela não vai ter ido longe. Coloque nossos homens para varrerem cada canto desse lugar.
— Vou fazer isso agora — Nós dois caminhamos para fora do prédio, e avistei Alexander na esquina. Fui até ele.
— Hugo ainda não conseguiu vê-la pelas câmeras — Ele me disse.
— Mia bambina está descalça, sozinha, com medo. Ela não conseguiu ir muito longe.
Nos separamos, e continuei andando. Eu tinha passado somente uma quadra do prédio de Alexander, quando notei um edifício que lembrava o que o pai de Elena morava.
Parei por um instante, algo dentro de mim me mandava ir até lá.
— Será que ela… — murmurei para mim mesmo.
A bambina entraria ali pensando que é sua casa?
No…
Continuei andando, mas outro pensamento me atingiu.
Mas… estamos falando de uma mini Elena.
Sì!
Voltei e entrei no prédio.
— Permesso… — Eu disse ao porteiro que estava ao telefone. O homem me fez um sinal para que aguardasse, assim que encerrou se voltou para mim.
— Em que posso ajudar, senhor?
— Estou procurando mia bambina. Ela tem cabelos e olhos castanhos, está usando um pijaminha branco, e ela… — mas antes que eu terminasse, escutei uma vozinha me chamando.
— ITALIANO! — Quando olhei, ela vinha ao lado de um homem, que parecia ser o segurança.
Caminhei ao seu encontro, e ela correu até mim. A peguei no colo e a abracei.
— Principessina, por que saiu sozinha?
— Eu vim procurar o papai.
O homem se aproximou.
— Senhor — Ele me cumprimentou. — Ela apareceu aqui perguntando pelo pai. Tentei entender o que havia acontecido, mas ela só dizia que queria o “papai”.
— Grazie, por tê-la deixado aqui.
— Sem problemas, ela não quis conversar, não me respondeu seu nome. Só chamava pelo senhor.
Agradeci ao homem, pedi que Giuseppe me encontrasse, e que viesse com o carro. Dei um agrado ao segurança que cuidou de mia bambina.
Quando saí do prédio, com ela ainda em meu colo.
— Don…
Era Giuseppe. Fui até o carro e entrei com ela.
— Para onde, Don?
— Para o edifício do Dimas.
A dor de achar que foi abandonada. Por um breve momento, queria ressuscitar o maldito do Vito só para matá-lo de novo, por causar todo esse sofrimento a mia principessina.
— Porque eles sabiam que você era especial demais.
Ela olhou para mim, os olhinhos vermelhos de tanto chorar.
— Mas se sou especial, eu tinha que ir morar com eles.
— Ah, não, mia vita. Você é especial de uma outra maneira.
Maria me olhava com expectativa. Passei a mão em seu rostinho e tirei seu cabelinho dali.
— Existem duas maneiras de ser especial. Igual ao seu papai e sua mamãe, e igual a você.
Uma outra lágrima escorreu pelo meu rosto, e dessa vez Maria a secou.
— O papai do céu leva para morar com ele as pessoas que já foram especiais aqui na terra, que já cumpriram com os seus papéis aqui.
— Como assim?
— Sua mamãe foi tão especial aqui, que ela trouxe você ao mundo. E seu papai cuidou de você depois que a mamãe se foi. E agora que eles fizeram suas coisas especiais, eles vão fazer coisas especiais lá no céu.
— Mas eu não sei qual é a minha coisa especial, e se eu não descobrir, nunca vou poder ser especial lá no céu.
Sorri para ela.
— Ah, mia principessina, eu sei qual é a sua coisa especial.
— E o que é?
Peguei sua mãozinha e a coloquei em meu peito, na região do coração.
— É cuidar do meu coração, porque a partir de hoje, você mora bem aqui. E se eu não tiver você, eu vou ser um homem muito triste e não vou conseguir viver.
— Eu não quero te deixar triste…
— Eu sei disso, mia vita. Por isso que preciso de você. Preciso que seja essa bambina especial que vai cuidar do meu coração.
— Eu cuido do seu coração.
— Você promete?
— Sim…
Levantei meu dedo para ela, que ficou me olhando.
— Jura de mindinho.
Ela continuou me encarando, os olhos carregados de dor, mas também de certeza.
Passaram alguns segundos até que ela envolveu seu dedo no meu e disse:
— Juro de mindinho.

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