Capítulo 317 – Mio Cuore
Enzo
— MARIAAA!! — meu grito pareceu rasgar a minha garganta, ecoando pelo jardim como um trovão. O som foi mais dor do que voz.
— PAPAI, POR FAVOR, PEGA A MARIA! — O pedido de ajuda de mia bambina atravessou minha alma como uma faca, cada sílaba carregada de desespero.
Disparei atrás de Amira, com Elena e Giuseppe ao meu lado. A síria era um raio. Não sabia dizer se ela era rápida demais ou se os inimigos eram lentos demais, mas a mulher atravessava os homens como se fosse feita para aquilo. Os golpes dela eram quase uma dança mortal, primeiro o joelho quebrado, depois um tiro certeiro no tendão, uma torção seca no ombro de outro, e em seguida, um disparo que ricocheteou e arrancou a arma da mão de um quarto homem antes mesmo de ele aparecer por completo. Quando ele surgiu, ela já o estava esperando, e um golpe seco na traqueia o derrubou de imediato. Elegante. Terrível. Letal.
Mesmo em meio ao meu desespero por nossa filha, vi Elena sorrir. Sorrir em plena guerra, admirando a força da síria. Respeito reconhece respeito.
— Eles vão conseguir chegar até o helicóptero — Elena me disse, com os olhos faiscando.
— De jeito nenhum, eles não irão levar mia bambina! — Minha voz saiu como um rugido, quase um juramento.
Passamos pelo corredor de vidro que conectava a casa principal à casa de hóspedes. O som metálico de arrastar ecoou, pesado. Dois vultos surgiram. Um alto, um médio. O alto ergueu a arma primeiro. Giuseppe foi rápido, me puxou pelo casaco e o disparo lambeu minha orelha, o calor do projétil queimando a pele.
— ENZO!! — Elena gritou.
— Tô bem, amore mio! — respondi sem olhar para trás, a fúria correndo nas minhas veias.
Os dois homens avançaram. Em um giro, atirei, mas isso não o derrubou. Peguei a faca que sempre carrego e a enfiei nele, senti o osso ceder sob minha força. Giuseppe disparou contra o outro, desarmando-o, mas o desgraçado ainda teve fôlego para alcançar Elena.
— Aaah! — O grito dela cortou meu coração.
— ELENA!! — parei para ir até ela, mas Peppe me empurrou.
— Vai, Don! Eu fico com ela! — Ele me disse, firme. Queria recuar, mas os malditos estavam levando mia bambina.
Olhei para mia donna. Ela já havia finalizado o homem, o corpo caído aos seus pés. Mas o ferimento no braço dela estava ali, sangue escorrendo.
Dei um passo, mas ela gritou, a voz carregada de ordem e amor.
— Nossa filha, Enzo! Busca a nossa filha!
Nossos olhos se encontraram. Os verdes dela eram uma mistura de dor e força. Assenti, engoli o desespero e corri.
O corredor acabou e logo o campo aberto se revelou diante de mim. Ali estava a aeronave. Amira estava a poucos metros deles, e eu logo atrás. Foi então que vi, mia bambina já estava dentro do helicóptero. Seus olhinhos marejados encontraram os meus.
— PAPAIII! — Ela gritou em choro, estendendo a mãozinha para mim.
— TÔ AQUI, AMORE MIO! PAPÀ ESTÁ INDO! — gritei de volta, o coração em pedaços.
Amira disparava sem hesitar, seus movimentos tão precisos quanto os de um predador. Ela não desistia. Lutava como se aquilo fosse pessoal demais para ela, e talvez fosse. Porque ela nos contou que esses mesmos homens tinham assassinado sua família e a mantiveram como escrava por anos. Amira sabia o que significava cair nas mãos deles. Ela sabia… e por isso estava disposta a tudo para não permitir que levassem mia figlia.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Meu noivo Morreu e me deixou para o Inimigo