Capítulo 332– Amigas
Amira
Fiquei parada a encarando, esperando suas palavras, esperando o motivo dessa “conversa”, mesmo que eu já soubesse.
— Parece que Zurique te trouxe um namorado.
— E dos bons, preciso dizer. — respondi com um sorriso.
— Realmente ele é muito bonito, e parece ser um bom homem.
— Devo concordar, mas não foi sobre o “namorado que Zurique” me deu que viemos conversar.
— Não, não foi. Então serei direta. Por que você aceitou o pedido da Jo?
— Por Brandon. — respondi sem hesitar. — Sei que agora ele é seu marido, mas foi por ele, Brandon era uma pessoa muito importante para mim.
— Era? — me perguntou arqueando uma sobrancelha.
— Ainda é.
— Então você ainda o ama? — Ela me perguntou com um olhar afiado.
Recostei na poltrona, encarei a mulher de olhos cinzas na minha frente e disse:
— Se eu disser que sim, isso seria um problema? — Ela imitou o meu gesto, se encostando e mantendo os olhos nos meus.
— Para mim, nenhum. Eu ainda serei a mulher dele, você o amando ou não. — respondeu levantando o canto da boca.
— Não sou um problema, senhora Anderson, não mais.
— Acho que no fundo, nós duas sabemos que nunca foi. — ela me disse com certeza na voz. — Mas ambas estávamos presas no passado, e nos deixamos acreditar que você seria um problema.
— O que quer dizer com isso? — perguntei confusa.
— Estávamos presas no tempo, e preciso dizer: dez anos de relacionamento, mesmo que não seja de forma convencional, é muito tempo. — ela me respondeu.
— O tempo nunca é parâmetro. — retruquei.
— Não? — me perguntou ironicamente.
— Sabe que não. Quanto tempo vocês têm juntos? Porque eu tenho com Jhony horas, e já estou o chamando de amor da minha vida, e fazendo meus agradecimentos a Allah. — Alessa sorriu para minhas palavras.
— É, parece que não é o tempo. — respondeu.
— Sabe, Alessa, eu estou tentando entender esse jogo de palavras que está rolando aqui. Brandon deve ter contado sobre nossa conversa, nós já nos resolvemos e estou te garantindo que não serei problema. — me inclinei levemente para a frente, antes de perguntar. — O que realmente você quer?
Ela imitou meu gesto novamente, a mulher era esperta, entendia de rapport, ela sabia brincar.
— Ser sua amiga. — Essas suas palavras me atingiram mais do que se ela tivesse me xingado ou me agredido.
— Amiga? Desculpa, mas não entendi isso.
— Preciso confessar, Amira, que você conseguiu me deixar insegura, principalmente depois que eu vi a maneira que meu marido ficou ao te ver sendo ferida e levada.
— Difícil acreditar, você não faz esse tipo de mulher.
— Devo concordar, essa insegurança me pegou de surpresa. — ela respondeu.
— Mas pelo visto passou? — perguntei.
— Sim, depois que nós dois conversamos e eu o fiz entender os seus sentimentos.
— Hum… — eu disse e fiz uma pausa. — Então agora, você está aqui como minha amiga, para me fazer entender os meus. — eu afirmei.
Ela sorriu novamente, o que era um bom sinal, pelo menos eu a estava divertindo.
— Acho que me enganei.
— Sobre? — eu rebati.
— Sobre achar que você tinha dúvidas dos seus sentimentos, você tem certeza deles.
— Tenho, sempre tive. Sou grata ao Brandon por tudo, ele salvou a minha vida. E mesmo nas suas formas distorcidas, ele me deu amor. Vou amá-lo para sempre, não como você o ama, ou como sei que amarei o John. Mas ainda vai ser amor.
— E ele a você, porque amor não se apaga, ele nunca acaba. — ela me disse.
— Isso é verdade, mas às vezes ele muda. Assim como um rio, ele não deixa de ser rio quando muda seu curso.
— Acho que os papéis se inverteram por aqui, achei que essa conversa seria para te ajudar a entender melhor as coisas, e no final fui eu quem compreendeu.
— E o que isso quer dizer? — perguntei.
— Quer dizer que agora eu sei por que Brandon te chama de ímã, porque existe essa conexão entre vocês.
— Da forma que está falando, até parece ser uma coisa boa. — eu disse.
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